XI E PUTIN: A INEVITÁVEL ASCENSÃO DO MUNDO MULTIPOLAR E A CRISE DA HEGEMONIA

Luã Reis – Qual a liderança mais importante do mundo? Depois dos processos iniciados em 1989, com a queda do muro de Belim e o fim da URSS, essa resposta era simples: o presidente dos EUA. Nos anos 90, essa resposta pareceria destinada a eternidade, o líder do mundo seria para sempre o presidente dos Estados Unidos. Alguns até mesmo anunciaram o próprio fim da história. Apenas duas décadas depois, a história enterra seus coveiros.

Diante das acachapantes reeleições, nesse final de semana, de Xi Jiping e Vladmir Putin a resposta sobre a liderança do mundo poderia estar entre um desses dois. Mais uma vez esse não é fim da história. XI e Putin não são as lideranças do mundo, não porque não podem ou não são líderes incontestes de países centrais, indispensáveis para a resolução dos grandes conflitos e temas mundiais. O líder russo e o líder chinês compartilham a visão do mundo sem uma liderança hegemônica. Um mundo multipolar no qual as relações entre as nações não se baseiem na imposição, mas sim na cooperação. A colaboração mútua entre os países se articulando antes regionalmente e em seguida globalmente. A expressão máxima desse movimento é simples mais poderosa, apenas uma sigla: BRICS.

Claro que o histérico, confuso, belicoso e boicotado presidente americano, Donald Trump, oferece uma oportunidade ainda maior para chineses e russos se afirmarem. Ainda assim, por mais contrariados que estejam, a União Europeia e demais países da OTAN, seguem a liderança americana. No entanto, o resto do mundo já pensa e age diferente a cada dia. Se os líderes europeus não saudaram as expressivas vitórias de Xi e Putin, assim o fizeram os representantes das nações asiática, árabes, africanas e latino-americanas.

Xi e Putin são os maiores líderes de um mundo sem liderança. Essa ideia pode soar assustadora, mas na realidade é libertadora: um mundo no qual não há mais uma imposição militar imperial pela força ou pela guerra econômica. A velha ordem, que durou mais de 500 anos, na qual o controle do mundo esteve ou com uma potência europeia ou com os EUA se aproxima do seu final. Se o ocidente prefere se calar diante da consolidação das forças de XI e Putin, não será sem barulho que aceitarão a própria ruína da supremacia planetária. O silêncio é eloquente da crise do imperialismo. Por ora, esse fim de semana marcou mais um passo do fim da hegemonia, que nem de longe é o fim da história.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *