MAIS UM FRACASSO NEOLIBERAL: MACRI RECOLOCA A ARGENTINA DE JOELHOS AO FMI

Luã Reis – A política neoliberal de máxima desregulamentação de todos os tipos de capital, especialmente o financeiro, conduziu o mundo a pior crise desde 1929. As respostas oferecidas pelos organismos internacionais fracassaram, pois priorizavam apenas políticas de austeridade. Medidas de altíssimo custo social e de consequências nefastas para a economia. Remover aposentadorias na Grécia ou expulsar famílias de suas casas na Espanha, como forma de conter a crise, evidente, não funcionou. Gerou uma crise social sem resolver em nada a economia. Portugal e Islândia são contraexemplos: voltaram a crescer justamente fazendo o oposto que pregavam os arautos da austeridade. 

Governados na época da crise de 2008 por governos de centro-esquerda e nacionalistas, a América Latina passou relativamente ilesa pela crise naquela altura. O baque seria sentido posteriormente com a baixa do preço das commodities, gêneros agrícolas e minérios, no entanto, esses governos tentavam de alguma forma evitar que o custo pesado da crise fosse pago pelas populações mais vulneráveis do continente. Os golpes e outras vitórias da direita submissa aos organismos internacionais e aos banqueiros americanos e europeus recolocam a carcaça popular latino-americana como oferenda principal no altar do deus-mercado. 

Por ter o respaldo eleitoral que falta a Temer, o argentino Mauricio Macri se tornou espécie de embaixador da política dos EUA e União Europeia para o continente: os juros mais altos do mundo, condenação à existência da Venezuela; tarifaço de luz, energia, água, transporte; reforma contra os trabalhadores, privatizações, ataque a previdência social. As análise ideologizadas de “analistas” do tipo dos jornais noturno brasileiros, ou a pregação ideologizada da Gnews, apontavam que essas medidas conduziriam a Argentina ao primeiro mundo. 
Evidente que tal ladainha entrou em choque com a realidade. 

Agora de maneira explícita: Macri pede um empréstimo para o Fundo Monetário Internacional, recolocando o país platino de joelhos aos banqueiros internacionais, depois de quinze anos de governo Kichner. O FMI, considerado “o bombeiro do capitalismo”, tentava apagar os incêndios com gasolina na América Latina. A exigência da retirada dos direitos mais básicos da população em nome “dos mercados” marcou os anos 90 na Argentina. O caos social só foi contido quando um governo, atento ao mínimo anseio cidadão, mandou embora o fundo e recuperou a soberania sobre a própria economia. 

Durantes os anos de governo minimamente nacionalistas, o Brasil conseguiu uma reserva de 400 bilhões de dólares, tornou-se o terceiro maior credor individual dos EUA e quarta maior reserva de ouro. Tais reservas acumuladas anulam a necessidade de se submeter aos órgãos de crédito internacional e suas medidas draconianos. Pois se dependessem da corja entreguista que assaltou o poder em Brasília, o país já estaria com o pires na mão batendo a porta do FMI. 

Apenas uma análise distante da realidade, altamente ideologizado, como o neoliberalismo defende aplicação das medidas que conduziram as maiores crises da história do capitalismo sejam novamente postas em prática. O exemplo argentino, para não falar dos outros tantos como a Grécia, Espanha, Itália, do fracasso de políticas de austeridade deveria bastar para esse tipo de ideia ir para a lata de lixo da história. No entanto, ele está mais presente do que nunca em folhetins jornalísticos e discursos eleitorais, tentando atrair justamente quem planejam massacrar.

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