BRASIL X MÉXICO: ENTRE A COPA, A ELEIÇÃO E A VITÓRIA POPULAR

Luã Reis – O confronto entre Brasil e México pelas oitavas da Copa do Mundo da Rússia coloca frente-a-frente as duas maiores nações da América Latina, onde as eleições gerais coincidem com o mundial. Tal relação ainda é mais explícita para os mexicanos, pois a as urnas estarão abertas no domingo, dia 1 de julho, em plena disputa do torneio.

O México tem tudo para eleger Andres Manuel Lopez Obrador (AMLO), candidato de esquerda, que promete varrer a quadrilha que transformou o país em um narcoestado, acabar com o monopólio midiático da Televisa, do bilionário Carlos Slim e confrontar Trump, com sua política racista de ódio contra o povo mexicano e latino-americano. AMLO se destacou como prefeito da Cidade do México, aonde realizou diversas políticas progressistas e inclusivas. Nas pesquisas de intenção de voto, Obrador aparece sempre com mais de quinze pontos de diferença para o segundo colocado, a soma dos seus votos é maior do que a dos outros candidatos somados. Dificilmente, poderá ocorrer a fraude semelhante a de 2006, quando AMLO vencedor foi nas urnas, mas derrotado nos tribunais eleitorais. Tal cenário poderia ameaçar mais o regime mexicano do que a própria vitória de Obrador.

No Brasil, as pesquisas apontam para um quadro próximo ao mexicano: Lula, o candidato da esquerda tem larga vantagem sobre os adversários na preferência do eleitorado. Só que no caso brasileiro, os tribunais eleitorais devem agir antecipadamente na impugnação da eleição, cuja vitória da esquerda seria certa. Sem Lula, a extrema-direita assume a liderança da disputa, embora qualquer que for o resultado, o pleito sem o ex-presidente terá a legitimidade ameaçada.

A vantagem da esquerda nas duas maiores nações latino americanas é o atestado do fracasso dos governos neoliberais. Tanto o jovem Peña Neto quanto o velho Temer fracassaram economicamente, cujo os governos aumentaram o desemprego, a miséria e a desigualdade, aumentando o caos social e a violência em ambos os países. Politicamente, Temer e Peña Neto abrigam reconhecidas quadrilhas no governo, provenientes de antigas oligarquias partidárias que parasitam os respectivos Estados há décadas. No campo externo, os governantes brasileiros e mexicanos disputam para ver quem é mais submisso e subserviente aos EUA. Quase que diariamente, Trump humilha o povo mexicano, ameaçando construir para impedir a entrada dos mexicanos chamados de “vagabundos”, “estupradores” e “bandidos” pelo mandatário americano. Peña Neto responde aos insultos trumpistas pedindo desculpas aos EUA. Da mesma forma, foi com sorrisos e afagos que Temer devolveu à humilhação que o vice-presidente americano Mike Pence lhe submeteu.

As populações dos dois colossos da América Latina percebem que o liberalismo tem a oferecer é a manutenção dos privilégios das piores quadrilhas, é a rejeição de tudo que é popular, é a submissão total aos interesses dos EUA, (até mesmo quando o Império de Trump trata crianças latino-americanas como animais, para serem devidamente enjauladas ou abatidas) é o aumento da desigualdade, violência e miséria.

No entanto, os povos se organizam para resistir. A vitória popular no México pode reverter o cenário de triunfos de direita no continente: uma aliança que contagie o continente entre México, Cuba, Nicarágua, Venezuela e Bolívia contra a ingerência americana e suas políticas racistas.

A organização popular tem tudo para dar a vitória aos mexicanos no domingo com o triunfo de AMLO. No jogo no dia seguinte, os brasileiros são os favoritos. Em outubro, a bola estará no campo popular do Brasil, cabe jogar com inteligência. O México de Obrador certamente estará na torcida.

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