PUTIN, O GRANDE VENCEDOR DA COPA

Luã Reis – Nos últimos anos, o incansável bombardeio midiático construiu a imagem dos russos como violentos, machistas e intolerantes, precavendo o que poderia acontecer com os torcedores na Copa do Mundo na Rússia. De fato, houve cenas de violência, machismo e intolerância na Rússia, protagonizadas por torcedores, mas não eram russos, e sim brasileiros ricos.

O ataque à Rússia vem de longa data, remetendo aos tempos soviéticos. A expressão “RAV” – Russos, Árabes e Vilões – dá conta do papel que Hollywood e similares construíram no imaginário ocidental, acerca da maldade congênita dos povos eslavos e árabes. Há décadas, a Rússia não é mais comunista, no entanto, é mais do que nunca retratada como a vilã, sendo o presidente do país logicamente o maior de todos os vilões. O problema é que Putin não é um ditador, pelo contrário, os russos insistem em eleger alguém que não se submete aos interesses ocidentais, em votações com a esmagadora maioria dos votos.

A Copa do Mundo colocou a Rússia em evidência por um mês e o que se viu foi um quadro oposto ao pintado pelos meios de comunicação. Tudo correu bem, não houve o que se reclamar do país, nada que pudesse se acusar e por extensão condenar Putin. Jornalistas experientes enfatizaram a beleza da cultura e cidades da Rússia, houve relatos de problemas de comunicação nos aeroportos e sobrecarga da internet na final. O que é mínimo diante da tragédia que era anunciada. Muitos reclamaram do calor em Sochi, mas nem a Globo ou BBC tiveram a coragem de colocar a culpa em Putin.

Ao criar um cenário tão pessimista, mídia se colocou uma armadilha, pois acontecendo tudo certo, como de fato ocorreu, sofreria um abalo na já arranhada credibilidade. Também a reversão de expectativa atuou nesse caso: se não fosse uma tragédia já estaria bom, sendo um espetáculo que foi, o cenário ficou ruim foi para os canais que atacam a Rússia e Putin.

No jogo de abertura, Putin recebeu dezenas de chefes de Estado, nenhum ocidental (aqui considera-se “ocidente” como América do Norte e Europa ocidental, Evo Morales, portanto não representa) iniciou uma série de contatos, apresentou aliados uns aos outros, enfim, fez política hard em um evento soft. Na final, Putin não se importou em compartilhar o palanque e os holofotes com Emanuel Macron, o presidente da França que é o ocidente encarnado. Em campo, a seleção de Macron venceu, mas quem venceu o jogo que mais importava foi Putin. Aliás, a boa participação da seleção russa com um envolvimento popular apaixonado foi comovente. A partir da Copa da Rússia, ficará difícil para os meios de comunicação brasileiros retratarem os russos que se emocionaram nas arquibancadas como os “vilões”, enquanto os torcedores ricos brasileiros, que deram show de violência e intolerância, de alguma forma positiva.

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