DEMOCRATAS QUE TOLERAM OS FASCISTAS QUANDO CONVÉM

Luã Reis – Quando se listam os exemplos da ascensão fascista na atualidade dois casos emblemáticos são “esquecidos”, tanto pela mídia global quanto até mesmo por Roger Waters nos shows. Longe de ocorrer em países de pouca importância, mas sim em centros relevantes do acontecimentos da geopolítica contemporânea.

Na Ucrânia, o governo legitimamente eleito pelo voto foi deposto em um golpe de Estado violento em 2014, golpe conhecido como Maidan. A dúvida frequente sobre a validade do termo fascista não existe no caso ucraniano: as milícias armadas que deram o golpe utilizam a suástica, fazem a saudação nazista, carregam imagens dos colaboradores da ocupação nazista no país na década de 40, como o sanguinário Stepan Bandera. Há perseguição contra minorias, os partidos de esquerda foram postos na ilegalidade, com a sede do Partido Comunista sendo incendiada com pessoas dentro e a censura à imprensa, tudo realizado pelas milícias nazistas. No entanto, os democratas e liberais ocidentais, como expressa a mídia internacional, apoiam incondicionalmente o governo ucraniano. Um documentário da Netflix sobre o Maidan escancara essa relação, cujo singelo título é “Freedom Fighters”

Em Israel, o governo de extrema-direita esmaga as minorias, restringe todos os direitos democráticos, promove uma campanha de terror contra uma enorme parte da população civil. Recentemente, se aprovou uma série de leis supremacistas, deixando claro que há cidadãos de primeira e segunda classe no país de Netanyahu. Além disso, a entidade sionista patrocina todos os governos de extrema-direita pelo mundo, pois Israel é um exemplo para os fascistóides do mundo. Dos supremacistas brancos carregando tochas nos EUA ao Bolsonaro no Brasil: todos tem em Israel um exemplo e um apoio. Steve Bannon é amigo pessoal de Netanyahu.

A Ucrânia antagoniza a Rússia, Israel é a maior base ocidental contra os árabes e mulçumanos, logo a crescente fascista nesses países não é criticada pelos democratas ocidentais, pelo contrário. Da mesma forma, convém lembrar que o fascismo português e espanhol duraram muito além dos seus contemporâneos alemão e italiano, pois cotaram com total apoio das democracias liberais ocidentais. Presidentes americanos, britânicos e franceses visitavam os países ibéricos, expressando apoio a Franco e Salazar no combate ao comunismo até o momento que a revolta popular apontou para o fim das duas ditaduras.

Ucrânia e Israel atualmente, assim como Franco e Salazar nos anos 70, provam que a direita democrática só interessa atacar os fascistas que não podem (ainda!) controlar. Afinal, mesmo Mussolini e Hitler foram apoiados decisivamente pela direita democrática nacional e internacional, até quando não foi possível mais os controlarem.

Nada impede, portanto, o oposto: os democratas, a direita liberal, que diz lutar contra o fascismo agora no Brasil, apoiará o fascismo caso lhe seja útil. Convém lembrar a todos os antifascistas, para que nosso caso não seja esquecido de acordo com interesses geopolíticos.

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