A TENTATIVA DE PAULO GUEDES DE PROVAR QUE A “TERRA É PLANA”

Por Kissel Goldblum

Hoje, em uma audiência na CCJ, o ministro da economia, Paulo Guedes, tentou explicar o inexplicável: como um projeto de capitalização da previdência baseado na maximização dos lucros dos bancos será positivo para o povo brasileiro.

Questionado sobre a constitucionalidade da proposta, já que ela exige a retirada do sistema de solidariedade da previdência previsto na CF88, assim como da série de fontes destinadas a sua manutenção no art.95, pelo deputado Paulo Pimenta (PT), apenas respondeu que esse é um “abacaxi que só existe na constituição brasileira”. A deputada, Joênia Wapichana (REDE), líder dos direitos indígenas, disse que, curiosamente, após a fala do deputados Rodrigo Maia, ela e outras deputadas tiveram a sua vez de falar pulada, quando pôde falar denunciou que nessa proposta os indígenas foram equiparados aos trabalhadores rurais o que os prejudica imensamente, já que formam uma das classes mais prejudicadas, principalmente a mulher indígena que trabalha no campo. A deputada Clarissa Garotinho (PR) teve sua pergunta modificada e respondida de acordo com o que os assessores de Paulo Guedes gostariam que a pergunta tivesse sido. O deputado Diego Garcia (PTN) perguntou sobre a razão lógica para o parcelamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada) ser melhor para os beneficiados, o que simplesmente não tem resposta possível. Sobre a negligência da proposta em relação aos privilégios da classe militar, respondeu com outra pergunta – “por que vocês (deputados) não cortam as pensões dos militares!?” -, o ministro chegou a dizer que o problema é que “o idoso consome e o jovem contribui”. Guedes também foi questionado sobre o fato de 18 dos 30 países que mudaram a previdência para o sistema de capitalização terem voltado para o sistema anterior, para tal, colocou a culpa na crise de 2009, à qual o Brasil foi um dos únicos países que não foram seriamente prejudicados (graças às políticas econômicas do PT). 

Paulo Guedes é um assassino econômico, para justificar seus objetivos utiliza, constantemente, termos abstratos: “se não aprovarmos a reforma da previdência estaremos sacrificando as gerações futuras”,  “o governo passado quase ‘quebrou’ …”, entre outras. O próprio STF apontou a inconstitucionalidade da tabela progressiva utilizada na transição para o novo modelo de previdência, ao retirar a previdência do tripé da seguridade social, instituída na CF88, o ministro condenará centenas de milhares de pessoas à miséria e à morte. Quando já não tinha mais argumentos para defender seu projeto, atacou o “governo anterior” pela dificuldade em resolver os problemas levantados pelas questões dos deputados. E sobre o fundamental – como alcançar a tal economia de R$ 1 tri em 10 anos, o ministro sempre dizia que os “assessores podem explicar melhor”. O show de horrores de Paulo Guedes terminou quando o deputado Zeca Dirceu (PT) após questionar Paulo Guedes sobre a prioridade da reforma da previdência em relação à reforma tributária, afirmou: “Paulo Guedes é tigrão pra tirar direitos dos pobres e tchuchuca pra tirar privilégios dos trabalhadores”. Neste momento, Paulo Guedes arrumou um ótimo motivo para perder o controle e o decoro, e assim, a sessão foi encerrada.

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