LULA É A MAIOR EXPRESSÃO DA LUTA DE CLASSES NO BRASIL E A ESQUERDA PRECISA ENTENDER ISSO

Por Gabriel Barata

“A história de toda a sociedade até nossos dias moveu-se em antagonismos de classes, antagonismos que se têm revestido de formas diferentes nas diferentes épocas”. 
Karl Marx e Friederich Engels

Hoje existe certa confusão sobre o conceito da luta de classes. Ela é resumida a um conflito entre o proletariado e a burguesia. A luta de classes entre proletários e burgueses é apenas uma de suas formas. Ela não se restringe a sociedade burguesa e industrial, como afirma o filósofo Domenico Losurdo. A luta de classes é a luta antirracista, a luta feminista, a luta pela libertação nacional, a luta dos explorados e muitos outros exemplos. No Brasil de 2019, a luta de classes se dá na luta pela liberdade do ex-presidente Lula. E já passou da hora da esquerda entender isso.

Lula hoje representa grande parte das principais lutas populares da sociedade brasileira. Ele é a expressão a injustiça do sistema judiciário burguês, que é formado para manter o povo sob as rédeas dos poderosos. Lula é o símbolo da perseguição que a esquerda brasileira e seus líderes históricos estão sofrendo. Ele representa a intervenção do governo dos Estados Unidos no Brasil.

Lula foi preso por uma operação orquestrada pela agência USAID, que também atuou em outros países da América Latina para transformar seus sistemas jurídicos. A Lava-Jato usou recursos do Departamento do Tesouro dos EUA para rastrear dinheiro transferido para contas americanas ou que passou pelo sistema bancário do país. Foi o Departamento de Justiça americano, em um acordo de leniência para que a Odebrecht e a Braskem pagassem U$ 3,5 bilhões para Washington, que chamou a investigação da Lava-Jato de “maior caso de suborno internacional da história”. Enquanto quebravam as maiores empresas brasileiras, estima-se que a operação retirou cerca de R$ 142 bilhões da economia do Brasil.

A Lava-Jato quebrou o país e prendeu Lula, a maior liderança política do Brasil. O único capaz de fazer frente à articulação internacional de direita liderada pelos EUA, através da NSA e da USAID, e vencer as eleições presidenciais devido a sua força entre as camadas populares. Os Estados Unidos e a Lava-Jato destruíram a indústria petrolífera brasileira, a construção civil, a indústria naval, o nosso programa nuclear. Eles quebraram uma economia forte construída por Lula e Dilma Rousseff. De 2002 a 2013, os dois governos aumentaram as reservas internacionais de U$ 37 bilhões para U$ 375,8 bilhões; geraram em média 1,79 milhão de empregos por ano; a taxa de desemprego chegou a 5,4% a menos da história do país; o valor de mercado da Petrobras chegou a R$ 104, 9 bilhões, com um lucro médio de R$ 25,6 bilhões ao ano.

Como disse Gleisi Hoffman, presidente do PT e deputada federal, essa semana: “Quem teria que estar preso não era Lula. Quem teria que estar preso é Deltan  Dallagnol e Sérgio Moro, porque incidiram em crime. Primeiro, de corrupção passiva, artigo 317 do Código Penal, ao entregar informações relevantes aos Estados Unidos e Suíça, para prejudicar as empresas e o Brasil”. Ainda chamou de lavagem de dinheiro o acordo para a criação de um fundo e a tentativa de formação de uma fundação da Lava-Jato, que poderia agir politicamente em favor dos interesses da operação (que são os mesmos dos EUA).

Lula é vítima de uma perseguição. Um power point mal feito e uma sentença por um crime indeterminado por uma ação indeterminada que lhe teria gerado um benefício indeterminado (complicado, não?). Mas que lhe tiraram o direito de concorrer à presidência e permitiram que Bolsonaro ganhasse as eleições, apesar de todas as teorias do direitista Ciro Gomes. E foi o governo Bolsonaro que premiou o rosto da Lava-Jato, Sergio Moro, com o Ministério da Justiça e que fica de joelhos frente aos interesses dos EUA em se beneficiar com as nossas riquezas.

A intervenção dos EUA é feita como todas as outras. De forma avassaladora. Para garantir que tenham acesso aos nossos recursos, os americanos ajudaram a sustentar, através de espionagem e de acordos judiciais, um ataque contra a esquerda brasileira, que tem seus principais líderes perseguidos. Ataque que prejudica até mesmo aqueles que negam essa perseguição, como Ciro Gomes, que hoje tem rejeição de 58,9% dos brasileiros, alguns décimos a menos que Lula.

Por isso ir às ruas no dia 7 de abril é fundamental. Porque lutar pela liberdade de Lula é lutar contra a intervenção imperialista dos EUA no Brasil, contra os que rasgam a Constituição Nacional e desmontam o Estado brasileiro. É começar a derrubar o governo Bolsonaro e a resgatar o país que já sonhou em ser mais justo e soberano. Muitas vezes as lutas não são como as que lemos nos livros de história. Mas é preciso vivê-las para vencê-las. Vá para a rua neste domingo. Lutar por Lula é lutar por nós. A Liberdade de Lula é o começo da libertação do Brasil. 

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