PUTIN E KIM JONG-UN FAZEM TREMER O IMPÉRIO AMERICANO

Por Gabriel Barata

Nesta quarta-feira (25), a Coreia do Norte deu mais um importante passo para garantir que sua soberania permaneça intocável. A reunião entre Vladimir Putin e Kim Jong-un em Vladivostok, cidade russa próxima à fronteira norte-coreana, é histórica não apenas pelo encontro entre representantes dos dois países (Medvedev, quando era presidente da Rússia, se encontrou com Kim Jon-il, antigo líder norte-coreano, em 2011 para fortalecer os laços entre os dois países). A cúpula entre os dois líderes é histórica porque, mais uma vez, demonstra a decadência do império americano.

A desnuclearização da Península Coreana, claro, foi o principal tema. Embora essa desnuclearização seja diferente do que conta a mídia ocidental. Mas também foram tratados assuntos para reforçar as relações bilaterais entre Rússia e Coreia do Norte, como a construção de uma linha férrea ligando o território russo à Península Coreana, de dutos de óleo e gás e a criação um programa novas redes elétricas na Coreia Popular.

Para a Pyongyang, o programa nuclear, além de garantir a segurança de seu território das comuns invasões americanas, é fundamental para garantir a produção de energia do país. Para desmantelá-lo seriam necessárias garantias de que o país socialista teria acesso a recursos energéticos estrangeiros. E é exatamente isso que a Rússia oferece.

Putin sempre foi um defensor da não-proliferação dos programas de armas nucleares, assim como os EUA, embora seus métodos para alcançar esse objetivo sejam completamente diferentes. Por isso a Rússia sempre votou a favor das sanções no Conselho de Segurança da ONU quando a Coreia do Norte realizou testes nucleares. Mas Putin sabe que a Coreia do Norte não vai se desfazer de suas armas nucleares. Quando Kim Jong-un fala em desnuclearização quer dizer que deseja o fim dos exercícios militares do exército americano com as forças da Coreia do Sul na Península Coreana. Esses exercícios, que envolvem cerca de 30 mil soldados norte-americanos, são considerados por Pyongyang uma simulação de uma invasão dos EUA e envolve diversos equipamentos nucleares do imperialismo. Desnuclearizar a Península Coreana é afastar das duas Coreias as armas de destruição em massa dos norte-americanos.

Mas Kim Jong-un sabe que isso não basta para garantir a soberania da Coreia Popular. Os braços do imperialismo têm longo alcance e Trump ou qualquer outro presidente americano poderia atacar a Coreia do Norte de diversos outros pontos do planeta. Por isso a Rússia é peça-chave. As frotas aéreas e marinhas russas já ultrapassaram as dos EUA em eficiência e tecnologia e seriam fundamentais para garantir a segurança da Coreia do Norte.

Pelo lado de Putin, atuar diplomaticamente junto a Kim Jong-un, é tão marcante quanto a atuação dos militares russos na guerra da Síria contra o Estado Islâmico. Ele, mais uma vez, pode conseguir o que os EUA não conseguiram. Pacificar uma região em conflito. Assim como a Coreia do Norte, a Rússia também sofre com as sanções dos Estados Unidos. E reforçar as relações bilaterais com a Coreia do Norte pode significar mais um país com o qual a Rússia realiza transações financeiras sem o dólar (ou seja, driblando as sanções impostas pelos imperialistas).

Além disso, a relação com a Rússia pode trazer mais um importante aliado para a negociação da desnuclearização da Península Coreana. A China, desde a época de Mao Tsé-Tung e Stalin, nunca teve uma relação tão boa com a Rússia. A Nova Rota da Seda é o grande exemplo disso (será que China e Rússia poderiam criar uma rota passando pela Coreia do Norte?). Além disso, os chineses também aumentaram sua capacidade militar, principalmente marítima, para se defender das provocações dos EUA no mar do sul da China e contam com o apoio das modernas frotas russas. Por isso, fortalecer as relações com Moscou permite que a Coreia do Norte se mantenha protegida militarmente por grandes aliados e ainda consiga estabelecer relações comerciais com duas das mais importantes economias do mundo.

O encontro entre Putin e Kim Jong-un já está marcado na história. É mais um grande exemplo da derrocada do império norte-americano. Mas é também uma mostra de que, mesmo com o avanço do neofascismo no Ocidente, o mundo contra-hegemônico se fortalece cada vez mais. E se mostra cada vez menos disposto a ficar de joelhos frente aos interesses dos EUA. 

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