O AMADURECIMENTO DA CONSCIENTIZAÇÃO DA LUTA DE CLASSES E O DESENVOLVIMENTO DE UMA NAÇÃO

Karl Grizman e zVaporetto – O fetichismo do voto é um construto que se desfaz perante nós. O pequeno objeto mágico, o depósito na urna da confiança em uma possível escolha e mudança se distância como possibilidade de melhora. Como a boa chama, queima forte antes de sumir. A ilusão por algum tempo sustentada, de que votos elegem  governantes e esses lideram o país com o interesse de sua população em vista, começa a se tornar questionável.

O controle dos mediums articula uma virada estética polarizando seus usuários. As arquiteturas herdadas da ancestralidade ressurgem como mitologias de combate.

Tudo isso se dá como ilusório e cômico. Espetacularizada, a ação política é retórica e semiótica. O conteúdo do discurso e seus efeitos de convencimento e de tédio apontam a uma direção de uso mais do que de um intelectualismo e um certo debate iluminador.

A classe no poder nos aprisionou por tantos anos, recontou tantas vezes a nossa história, que retomar o raciocínio do desenvolvimento da nação brasileira, do ponto que foi interrompido com o golpe militar e 21 anos de ditadura, é uma tarefa hercúlea. Sem mencionar, que contar seus pontos é mais que se pode apreender. Uma conversa privada, que ocorre às claras. Escondida bem em frente a nós. E tantas outras conversas sobre as conversas.

A possibilidade de agência no plano político, desconectada da história, revela seu caráter de miragem cada vez mais. 

A direita compreende que a ação agora é num plano psicológico e estético. O embate pela subjetividade, a lasciva vontade de assujeitar tomam a frente. O governo Bolsonaro representa um ataque às estruturas do desenvolvimento da ideia de nação brasileira. Odeia o carnaval, odeia os cantores da Bossa Nova, odeia a população silvícola do Brasil etc. O ministro da educação interpelado por um indígena em praça pública, não exitou e gritou: – você está roubando o país! 

A classe no poder, compreende EXATAMENTE a luta de classe, sabe contra o que e contra quem devem lutar, por ser a classe que tem dominado a história. Conhecem bem os privilégios que têm perdido ao longo de 400 anos de história. Então vão direto ao ponto, já sabem do que se trata a contradição dialética no desenvolvimento histórico. 

Precisam destruir a estrutura da ideia de nação brasileira. Neste sentido, obviamente, precisam aprisionar a liderança máxima do desenvolvimento desta ideia – “Eu não sou o Lula, eu sou uma ideia” – agem sem ponderar moralmente, ao invés de uma ação moralmente correta, procuram agir – otimamente – na busca por seus objetivos. E por isso, precisam sempre transmitir a ideia de que são os maiores representantes da moral e dos bons modos. Não modos de agir e sim de florir o jardim dos negócios. Encarceraram o Lula, do mesmo modo como os soldados do conquistador espanhol, Francisco Pizarro, aprisionaram e encarceraram, no dia 16 de novembro de 1532,  Atahualpa, o último rei Inca. 

A esquerda, ainda, não compreendeu a luta de classes, não compreende a importância da história e do trabalho humano na produção do mundo. Não entendem contra quem estão lutando, porque nem se quer sabem da existência desta luta. Consequentemente, não enxergam a urgência da compreensão do líder histórico de nossa classe e de nosso tempo. E sem compreender a importância do tempo, acreditam possuí-lo  por inteiro. E, agora, com a ideia de que possuem todo o tempo, podem pensar em encontrar um quadro mais bonito desta liderança, porque não compreendem a estrutura orgânica do próprio desenvolvimento da luta de classes, destarte, não possuem capacidade de compreender a realidade, julgam compreender a capacidade de reconhecer a melhor pintura desta realidade: “Ciro, o melhor quadro para o Brasil” 

Paulo Freire, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Álvaro Vieira Pinto, entre outros pensadores da  nação brasileira, obrigados a fugir após o início da ditadura militar de 1964. O Instituto Superior de Estudos Brasileiros, órgão criado em 1955, vinculado ao Ministério de Educação, sem dúvidas, alcançava resultados, do contrário não seria atacado e destruído pelos carrascos do imperialismo. 

Nada mudou muito apesar de tudo estar diferente. O local se expande pelo hiper espaço, pelas linhas elétricas e luminosas que enredam o planeta. Política mesmo, só em meme. Porque a direita não pode revelar contra quem está lutando, para não conscientizar o povo – a multidão – da verdade de suas próprias vidas: de que vivem uma luta de classes e, deste modo, é a própria luta que revela as lideranças máximas das duas forças em disputa. 

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