A ARTE DA GUERRA, O AVIÃO UCRANIANO E A GUERRA-HÍBRIDA

Por Kissel Goldblum

“Se as tropas inimigas estão em ordem, tente bagunçá-las; se estão unidas, semeie a discórdia”.

O imperialismo é o movimento que dominou a história histórica. A burguesia pensa ter alcançado o limite do desenvolvimento humano, e por isso já não tem mais o que aprender. Quatrocentos anos de know how sobre dominação. Após a surpreendente precisão dos ataques iranianos contra algumas bases americanas no Iraque, os EUA tomaram consciência do fato de que estavam subestimando a dimensão do poderio militar iraniano. 

“A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater”.

Não há coincidências na história, de alguma maneira, os EUA estão envolvidos com as causas dos erros que levaram o Irã a abater um avião comercial, por engano, em seu território. O jornalista Pepe Escobar revelou que o Irã sofreu um ataque cibernético que desligou os radares iranianos e que coincidiram com o instante em que o avião comercial estava entrando em uma zona militar. O comandante da aeronáutica do IRGC, Hajizadeh, afirmou que uma enorme “anomalia” prejudicou o sistema de defesa aérea de Teerã, levando a impressão de que um avião inimigo estava se aproximando de um centro militar. “Naquele momento, estávamos prontos para uma guerra total com os EUA”.

“Quando estiver concentrado,e ele dividido, ataque um de suas partes, aproveitando a vantagem numérica”.

Após o Irã admitir que derrubou, erroneamente, o avião comercial ucraniano, iniciaram-se algumas manifestações populares no país contra o governo. Curiosamente, o embaixador britânico no Irã, Rob Macaire, foi brevemente detido fora da Universidade Amir Kabir, em Teerã, por “incitar e dirigir” manifestações antigovernamentais, como informou a Tasnim News Agency.  No entanto, apesar das crescentes tensões, os EUA estão “abertos” a conversar com Teerã, como afirmou o secretário de Defesa Mark Esper. “Estamos dispostos a sentar e discutir, sem pré-condição, um novo caminho a seguir, uma série de etapas pelas quais o Irã se torna um país mais normal”, falando no programa “Face the Nation” da CBS. “Um país mais normal”?

“Como regra geral, é melhor conservar um inimigo intacto do que destruí-lo”.

Os objetivos do imperialismo se confundem com do capitalismo, deste movimento que precisa ocupar e aproveitar todos os campos. Após o tumulto causado pelo assassinato do general iraniano, os EUA aproveitaram os acontecimentos para tirar a atenção do ato de guerra e focar na queda do avião, tentando equalizar os ânimos para seguir com sua agenda de guerras híbridas na região. Uma guerra total não seria confortável para o imperialismo, ainda mais após a demonstração de força dos últimos ataques iranianos. A chamada “guerra não convencional” é a regra no séc. XXI, a “intenção dos esforços de GNC dos EUA é explorar vulnerabilidades políticas, econômicas e psicológicas de um país, mediante o desenvolvimento e sustentação de forças de oposição, para alcançar os objetivos estratégicos dos EUA”, como afirmou Pepe Escobar. 

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