VOCÊ É CÚMPLICE DESSE PROJETO DE DESTRUIÇÃO DA SOBERANIA NACIONAL?

Por Karl Grizman

O governo Bolsonaro, que podemos corretamente definir como um governo de ocupação imperialista, resultado de um golpe político-jurídico-militar, orquestrado desde, pelo menos, 2009, quando o site Wikileaks revelou que a presidência da República, ministros, assim como as principais estatais brasileiras, como a Petrobrás, estavam sendo espionadas pelo governo dos EUA. A partir de então, o Brasil vem sendo violentamente atacado por meio de um novo gênero de guerra – a Guerra Híbrida.

Em uma guerra militar tradicional, como no Iraque, na invasão de 2003, quando os EUA empreenderam um novo “estilo” de guerra chamado “choque e pavor”, que no caso, baseou-se, simplesmente, em bombardear a capital da cidade, suas fontes de água, asilos de alimentos, de leite, seus principais prédios públicos, durante 24h sem parar. Já na guerra da Síria, as forças imperialistas financiaram (e financiam) grupos paramilitares mercenários para treinar e liderar grupos rebeldes “moderados” a fim de desestabilizar o país para cumprirem a agenda dos chamados necons. Esta tática chamada de “Guerra não-convencional” está exposta em um documento oficial do exército dos EUA, encontrado no site oficial da instituição, chamado unconventional war*, de modo que isso é tão óbvio, como é o fato que todo mundo sabe que as “armas de destruição em massa” era apenas um motivo falso para invadir o país árabe. 

O “caso” brasileiro segue esse segundo gênero de guerra, chamado também de “Guerra Híbrida”. O impeachment da Dilma e a eleição do governo Bolsonaro marcam o extraordinário avanço que as forças imperialistas empreenderam no território brasileiro, desde as insurreições coloridas de 2013, no país. Seguindo a estratégia político-jurídico-militar, ela instituiu (e nesse sentido a burguesia brasileira apoiada pelo imperialismo está de parabéns), a maior operação, “sem hora para acabar”, “contra a corrupção no Brasil”. Cujo único resultado prático objetivo foi a destruição das maiores empresas do Brasil, deste modo, acabando com os empregos, diminuindo os investimentos, aumentando a incerteza, abaixando o PIB do país etc. Todavia: – “prendemos o Lula”. E apenas isso mesmo, porque a corrupção no país despencou no ranking internacional, após as ações do tão honrado ex-juiz, hoje, Ministro da Justiça Sérgio Moro. Curiosamente, colocado no cargo por aquele que ajudou a eleger, após cumprida sua sanha de prender o ex-presidente Lula, quem estaria eleito se não estivesse injustamente preso em um julgamento que até a ONU e o Papa reconhecem suas falhas. 

O imperialismo começou a alcançar seus objetivos no Governo Temer, ao dar início às reformas neoliberais que foram sistematicamente aprovadas, como a mais radical reforma trabalhista desde a promulgação da CLT, a PEC do teto dos gastos, a reforma da previdência, a PEC da liberdade econômica e, ao que tudo indica, muito em breve, as reformas tributária e administrativa e a autonomia do Banco Central. Paulo Guedes, há alguns dias atrás afirmou que o dólar bateu o maior preço da história por culpa da mídia e “porque as reformas não andam”. Em suas últimas medidas, Bolsonaro não renovou a maioria das concessões do bolsa família no NE. A família Bolsonaro está até o pescoço envolvida com a milícia no Rio, e, aparentemente, com o assassinato da vereadora Marielle (ao menos fora citado na investigação do crime). Além de todo racismo e misoginia do presidente, o ministro da educação – que escreve errado –  quer acabar com as universidades públicas, assim como acabar com os investimentos em ciência no país. De maneira resumida, essas medidas têm o único objetivo de realizar uma transferência de capital – dos trabalhadores para uma classe de investidores internacionais que financiam golpes de Estado pelo mundo. 

Ao apresentar um “bobo da corte” (com o humorista Carioca), Bolsonaro marcou uma divisão política no país. Seus apoiadores só podem apoiá-lo, se admitem cumplicidade com este projeto imperialista de destruir nossa soberania. Nosso atual Governo é um governo fantoche, que só pode ser verdadeiramente compreendido na conjuntura da Guerra Híbrida na América Latina. A mesma que planeja e executa ataques contra a maior democracia na região – a Venezuela -, a mesma que persegue Rafael Correa no Equador, que tentou, frustradamente, prender Cristina Kirchner na Argentina, ou a mesma que há pouco deu um golpe de Estado na Bolívia, após não aceitar a reeleição democrática de Evo Morales, obrigando-o a exilar-se na Argentina. 

A estratégia utilizada pela burguesia financiada pelo imperialismo é, por meio do governo Bolsonaro, ocupar a atenção da população com polemicas espetaculares para que não nos ocupemos com as medidas econômicas que estão condenando a população do Brasil. Um exemplo do resultado do congelamento dos gastos públicos, é o estrago que a chuva tem causado no país, não coincidentemente à diminuição dos recursos destinados à contenção de barragens, desentupimento de vias etc, devido, exatamente, ao congelamento dos gastos. O destino que estão nos oferecendo é como escravos modernos, da era da uberização, de uma classe que nada produz: especuladores internacionais. A classe que – por precisar – dominar a História e a Guerra, conhece – como ninguém – os mecanismos de funcionamento do capital, e investem em guerras na Líbia, na Síria ou na Venezuela, como quem investe em um fundo de pensão para “cuidar do futuro da “família””. 

A única maneira de vencer, ou ao menos, combater o imperialismo, é unificando a luta contra nosso inimigo em comum. Que passa necessariamente pelo conhecimento da nossa história, porque houve momentos em que fomos dominados pelo imperialismo e momentos em que fomos menos constrangidos por estas forças. A história da luta de classe no Brasil está ligada ao embate de duas classes antagônicas: entreguistas; e pessoas que, conhecendo a História, reconhecem a história da luta de classes, e assim, sabem que apenas aí, podem encontrar sua posição na roda da fortuna. Ou, de outro modo, serão idiotas (de idiossincrasia), quer dizer, alguém que não se preocupa com política, mas com seus próprios interesses. Hoje, o fundamental é unir forças para combater essa classe burguesa entreguista que comprou o plano imperialista de acabar com a soberania nacional, rasgando assim a CF88. 

Você ainda é cúmplice desse governo que só pode existir na medida que projeta a destruição de nossa soberania nacional? De que lado você está?

* https://fas.org/irp/doddir/army/fm3-05-130.pdf

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