Ferramentas de transformação global: 5 temas para discussões ecofeministas

O ecofeminismo é uma corrente diversa de pensamento e que se lança em especial às mulheres, más não somente à elas, neste breve texto, apresento ao menos cinco  discussões que são essenciais para uma mudança radical em nossas percepções e valores.

O ecofeminismo faz insurgir movimentos sociais que denunciam a economia, cultura e a política hegemônicas e afirmam que se desenvolveram contra as bases materiais que sustentam a vida,  entendendo que são preciso formas alternativas de reorganização econômica e política para recompor os danos feitos à natureza e consequentemente às pessoas. É no estudo e prática do ecofeminismo que se dá a conscientização não só da importância do tão aclamado equilíbrio ecológico e da parcela de culpa do homem na contribuição predatória para o desequilíbrio.

“Os ecofeminismos” – tendo em vista que a diversidade se manifesta em cada composição que se forma a partir de uma realidade subjetiva – tem como escopo observar o trabalho, a natureza e as pessoas, invisibilizadas e subordinadas e defende a necessidade da humanidade construir valores e prioridades para a garantia de nossa espécie, dentro da composição da Terra, em busca de um caminho que nos leve à ecologia profunda.

1. O ser humano frágil e finito
O primeiro ponto de reflexão é entender que a vida humana é frágil e temporária, que nossos corpos são vulneráveis e têm fim. Corpos que devemos cuidar ao longo das nossas vidas, ensinando ao presente e às próximas gerações que devemos respeitar o nosso corpo, o corpo do outro e a natureza. Em sociedades patriarcais, como no Brasil, as mulheres são as que mais realizam as tarefas diárias. Não porque são as únicas capazes, mas sim porque a divisão do trabalho esbarra no gênero. O patriarcado constrói e sedimenta uma educação onde a socialização impõe noções de dever e sacrifício vinculado ao amor ou ao medo.

2. A Natureza enquanto sujeito de Direitos
O segundo ponto de discussão diz sobre dar conta urgentemente de que a vida humana se insere na Natureza e com ela interage para obter o necessário para sobreviver, a degradação ambiental mostra-se latente, derrubando a ideia de que os recursos naturais renovar-se-iam de forma a não preocupar o homem. O meio natural também tem limites físicos e nos impõe mudanças de comportamento que chocam frontalmente com a dinâmica expansiva do capitalismo.

3. Interação com a natureza para a busca de uma ética ambiental
A terceira discussão é sobre ensinar às nossas comunidades que nenhum ser humano deve viver sem interação com a natureza ou sem cuidado. Afinal, a sociedade ocidental, em especial nós, brasileiros, usurpados pela colonização e pelo imperialismo, somos criados a partir de uma ideia fantasiosa de que a racionalidade nos daria o direito de viver alheios à organização e aos limites da natureza, isso vai nos ajudar a lançar luz sobre a individualidade egoísta propondo assim sua substituição pela responsabilidade social e compromisso ético.

4. Economia dos comuns: receber  e  retribuir
O quarto é repensar a economia e para isso é preciso uma “aterrissagem abrupta” na Terra. A economia atual é controlada por monopólios internacionais e pelo chamado “capital financeiro”. A violência neoliberal em acordo com os meios de comunicação fixaram a ideia de que o crescimento econômico pode resolver a pobreza e que o crescimento econômico somente pode ser levado adiante pelo setor privado e pelo investimento estrangeiro direto. O ecofeminismo, assim como outras correntes, compreende que o início para entender uma nova economia pressupõe a demarcação de posição em relação ao Banco Mundial, rejeitando a utilização do conceito do dólar diário. Além disso é preciso recusar a ideia de que somente o crescimento econômico, de mãos dadas com o setor privado e os mercados autorregulados, pode solucionar os problemas de regulamentação social, da alocação de recursos e da distribuição de riqueza.

5. Equilíbrio entre feminino e masculino
O quinto e último passo para a discussão aqui proposta é ensinar a importância de restabelecermos a harmonia entre feminino e masculino, há muitos séculos a sociedade formada pelo patriarcado resguardou à nos mulheres, um local de submissão, onde as sombras do machismo travaram uma luta de poder, dominação, submissão e violência.

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