Os negros americanos martirizados pela polícia branca

Muitos cidadãos estadunidenses têm sido assasinados pela polícia. Em 2019, foram mais de mil martirizados, em sua franca maioria negros e latinos. Assim como no Brasil, onde o alvo do assassinatos da polícia são sempre negros, o fator racial é um componente explícito do conflito que se instaura atualmente nos EUA. De um lado, negros, latinos, mulheres e trabalhadores explorados pedem justiça social e penal para seus mortos. Do outro lado, as instituições, como a polícia e o judiciário, reproduzem o racismo que estrutura toda a sociedade a partir de sua história colonial segregacionista.

Nunca é demais relembrar aqueles que foram mortos e hoje são mártires da causa pela igualdade racial nos EUA e no mundo.

Travyon Martin * 05/02/995 – † 26/02/2012

Trayvon Martin foi alvejado pelo segurança George Zimmerman, na noite de 26 de fevereiro de 2012. Travyon era um Afro-americano de 17 anos de idade, estudante do ensino médio. George Zimmerman, um homem de 28 anos de ascendência hispânica, era segurança de um condomínio em que Travyon estava temporariamente hospedado e onde o assassinato ocorreu. Após o tiro de Zimmerman atingir Travyon, a polícia chegou em pouco mais de dois minutos, mas Travyon já se encontrava morto. Zimmerman foi levado em custódia, e, após depoimento, foi liberado sob a alegação de que o tiro havia sido em legítima defesa, fato que deu sequência a manifestações em várias cidades dos Estados Unidos. Esses protestos dariam início ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

O julgamento de Zimmerman começou em 10 de junho de 2013, em Sanford. Em 13 de julho de 2013, ele foi inocentado das acusações de assassinato em segundo grau e de homicídio culposo.

Michael Brown Jr. * 20/05/1996 – † 09/08/2014

O homicídio de Michael Brown ocorreu em 9 de agosto de 2014 na cidade de Ferguson, na periferia de St. Louis, Missouri, Estados Unidos. Brown, um jovem de dezoito anos de idade morreu após ser alvejado pelo oficial da polícia municipal Darren Wilson. Brown não portava armas e não possuía nenhum antecedente criminal.

O incidente desencadeou uma série de reações nos subúrbios de St. Louis e em nível nacional, incluindo protestos e reações violentas da população, como demanda para uma investigação dos acontecimentos.

Eric Garner * 15/09/1970 – † 17/07/2014

Em 17 de julho de 2014, Eric Garner morreu em Staten Island, Nova Iorque, depois de um oficial da New York City Police Department (NYPD) colocá-lo no que foi descrito como um estrangulamento por cerca de 15 a 19 segundos enquanto prendia-o. O Escritório do Médico Legista da Cidade de Nova York atribui a morte de Garner a uma combinação de um estrangulamento, pressão de seu tórax, e a saúde ruim. As políticas da NYPD proíbem o uso de estrangulamentos.

Oficiais de polícia do NYPD se aproximaram de Garner, por suspeita de venda de “loosies” (cigarros individuais) a partir de pacotes sem selos fiscais. Depois de Garner dizer à polícia que ele estava cansado de ser molestado e que ele não estava vendendo cigarros, os policiais foram prendê-lo. Durante o processo de conter Garner, ele repetiu “eu não consigo respirar” onze vezes enquanto estava deitado de bruços na calçada. Garner permaneceu deitado na calçada durante sete minutos, enquanto os policiais esperaram por uma ambulância. Nem os oficiais de política, nem os médicos-socorristas fizeam reanimação cardiorrespiratória. Ele foi declarado morto no hospital cerca de uma hora mais tarde.

Philando Castile * 16/07/1983 – † 06/07/2016

Em 6 de julho de 2016, Philando Castile foi mortalmente baleado pelo policial Jeronimo Yanez, depois de ser parado numa blitz em Falcon Heights, no estado de Minnesota. Castile estava dirigindo um carro com sua namorada, Diamond Reynolds, e a filha de 4 anos dela, quando foi ordenado a parar o carro, por Yanez e outro oficial. De acordo com Reynolds, depois de ser solicitado o seu licença e registro, Castile disse ao policial que tinha licença para portar arma oculta, e que uma estava no carro. Reynolds afirmou: “O oficial disse ‘não se mova’. Enquanto levantava suas mãos novamente, o policial atirou no braço dele quatro ou cinco vezes.”

Philando Divall Castile tinha 32 anos de idade no momento em que foi morto. Sua morte foi filmada por sua companheira em desespero e seus últimos momentos de vida circularam o mundo, desatando novo ciclo de protestos Black Lives Matter. Philando nasceu em St. Louis, região fortemente marcada por seu passado de segregação racial.

Breonna Taylor * 05/06/1993 – † 13/03/2020

Breonna Taylor, médica socorrista de 26 anos, foi baleada oito vezes quando policiais entraram em seu apartamento em Louisville, Kentucky, no dia 13 de março. Breonna estava acompanhada de seu namorado, Kenneth Walker, e a polícia invadiu sua casa com um mandado de prisão contra ele. A versão da polícia dá conta que Kenneth abriu fogo primeiro, e acabou sendo baleado, junto com Breonna. No entanto, ficou sem explicação o fato de Breonna ter levado 8 tiros em regiões diferentes do corpo.

George Floyd – Morto em 25 de maio de 2020

George Floyd morreu em 25 de maio de 2020, depois que o policial Derek Chauvin e ao menos outros 3 policiais brancos o imobilizavam para prendê-lo. Chauvin foi filmado se ajoelhando no pescoço de Floyd por pelo menos sete minutos, enquanto estava algemado e deitado de bruços no aslfato, gritando “eu não consigo respirar” (“I can’t breathe”).

George Floyd estava recentemente desempregado devido à pandemia de Covid-19. A motivação de sua prisão teria sido uma nota falsa que ele teria usado para comprar comida em um supermercado. Ele deixa duas filhas, de 22 e 6 anos de idade, e muitos revoltados em todo o território estadunidense que gritam por justiça em seu nome.

“No justice, no peace” (“sem justiça, sem paz”), dizem os manifestantes que agora se juntam aos revoltados do mundo inteiro, saindo às ruas em plena pandemia para combater o fascismo e o racismo da direita supremacista mundial encabeçada por Donald Trump.

Em vermelho, cidades com protestos #BLM desde a morte de George Floyd.
Em amarelo, Estados que acionaram a Guarda Nacional para conter a revolta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *