Embaixador da Ucrânia na CNN: a imprensa continua dando voz para a extrema-direita

Luã Reis – A CNN ouviu o embaixador do regime de extrema-direita da Ucrânia, na qual ele “confirmou” que os símbolos nazistas não são nazistas. A bandeira preta e vermelha seria um “símbolo nacional ucraniano” e não um emblema do partido e organização paramilitar neonazista Sector Right. O embaixador explica que a “bandeira rubro-negra é uma bandeira histórica que significa a terra fértil da Ucrânia, com a faixa negra, e [a vermelha] o sangue que ucranianos durante séculos derramaram na luta pela nossa soberania, liberdade e independência”. Em seguida explicou que o tridente “é símbolo do príncipe Vladimir, do século X, que trouxe o cristianismo à Ucrânia e esse tridente significa a santíssima trindade”

Só não explicou por que os bolsonarista louvam o príncipe Vladmir do século X. 

A explicação apresentada equivale ao  “Sangue e Solo”, “Blut und Boden”, da Alemanha Nazista. Não faltará muito para a suástica ser apresentado como um símbolo ancestral germânico. 

O El país destacou que recentemente uma “figura da diplomacia ucraniana também teve o papel de disseminar a experiência de seu país por aqui. A embaixatriz da Ucrânia no Brasil, Fabiana Tronenko, assumiu um papel de destaque em protestos contra a corrupção e a favor do Governo de Bolsonaro, disparando críticas contra a esquerda. Circula nas redes um vídeo dela de 2019 discursando em cima de um carro de som com camiseta em homenagem a Sergio Moro, então ministro da Justiça: “É muito fácil apoiar o comunismo sem ter vivido nele”, grita Fabiana para a multidão. Ela também já se reuniu com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.”

A razão de recorrer ao embaixador de um regime supremacista governado, literalmente, por um palhaço sem graça, foi que a Ucrânia apareceu no debate político.

Ora, então por que nunca se ouviu o embaixador cubano sobre as agressões quase que diárias contra o país? Como o país latino-americano vê o “vai para Cuba”?

Por que nunca se viu o embaixador venezuelano sobre os ataques recorrentes contra o país? Quando o capacho dos EUA no Itamaraty tentou expulsá-lo do país, alguém viu a cara do embaixador da Venezuela?

Alguma vez já vimos o embaixador do Haiti falar sobre os ataques racistas que os imigrantes sofreram no Brasil?

Toda semana tem uma mentira nova sobre a Coréia do Norte – fakenews? – por que nunca se questionou sobre isso ao embaixador do país?

Mais uma vez, a imprensa dá amplo espaço para a extrema-direita, permitindo a naturalização do supremacismo, sem o mínimo questionando. 

Convém lembrar o EuroMaidan, que destituiu o presidente eleito através de um golpe, foi apoiado, organizado e financiado pelos democratas dos EUA, Alemanha, França e Reino Unido. Em nome da russofobia, Obama, Merkel, Hollande/Macron e Cameron/May saudaram a subida dos neonazistas ao poder. John McCain, senador republicano, se encontrou pessoalmente com os manifestantes .

A Netflix produziu um documentário retratando como heróis as gangues supremacistas, na primeira cena da película um jovem aparece com um adereço de Stepan Bandera, colaborador nazista na Ucrânia, responsável pela perseguição e extermínio da oposição política, de ciganos, judeus e outras minorias do país. 

A CNN, óbvio, apoiou a tomada do poder pelos nazistas na Ucrânia, tudo em nome do ódio contra a Ríssia. 

Poderia até se entrevistar o representante do regime supremacista de Kiev, mas questionar criticamente alguns pontos, como por exemplo: por que a Ucrânia tem uma lista de “judeus com contatos internacionais”? A Ucrânia persegue minorias? Por que Kiev proibiu o partido comunista, organizações de esquerda e movimentos populares? Será que os bolsonaristas se inspiram na “Revolução (sic) do Maidan” que queimaram vivas dezenas de pessoas em um sindicato em Odessa?

A matriz da CNN apoiou com entusiasmo a subida ao poder dos nazistas na Ucrânia, a filial brasileira foi pelo mesmo caminho, fazendo uma propaganda de um regime inspirador para o bolsonarismo. 

A CNN não foi poupada pelos manifestantes que protestam pelo assassinato racista de George Floyd, eles conhecem bem a emissora. 

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