Campos de concentração nos EUA retiram úteros das imigrantes, denunciam enfermeiras

Por Luã Reis

Nos EUA, os campos de concentração para imigrantes, conhecidos como ICE, estão realizando esterilização em massa das mulheres latino-americanas presas através de histerectomias, isto é, da retirada dos úteros.

As denúncias partiram das enfermeiras que trabalharam em alguns das centenas de campos de concentração que existem por todo sul e oeste dos EUA.

Os relatos são aterrorizantes. As mulheres eram levadas para a fazer a operação sem terem ideia do que estava acontecendo, segundo denunciam as enfermeira. Uma mulher mutilada disse que não foi devidamente anestesiada durante um procedimento e ouviu o médico dizer que ele havia removido o ovário errado. Outra foi retirar um cisto no ovário e teve todo o útero removido.

Segundo uma detida: “quando conheci todas essas mulheres que fizeram cirurgias, achei que fosse um campo de concentração experimental. Era como se eles estivessem fazendo experiências com nossos corpos.”

Essa denúncia se soma à série de violências relatadas nos campos de concentração dos EUA, entre elas a utilização de métodos de tortura, como privação de sono, ou a separação das crianças dos pais.

Atualmente, os presos nos campos de concentração do ICE sofrem com a pandemia, totalmente abandonados pelas autoridades dos EUA: sem poder realizar qualquer distanciamento ou ter itens de proteção. Recentemente imigrantes detidas gravaram um vídeo implorando para “não as deixarem morrer”.

A entrada ilegal nos EUA é crime punido com a deportação. A permanência ilegal no país também é passível de deportação, no entanto, é um caso cível, não criminal. Em ambos os casos não está previsto uma detenção por tempo indeterminado em um campo de concentração, menos ainda castigos físicos e mutilações.

Além de um atentado aos Direitos Humanos, a Organização das Nações Unidas define “impor medidas destinadas a prevenir nascimentos dentro do grupo” como um ato de genocídio, um crime sob o direito internacional.

As denúncias foram publicadas no The Guardian, na versão americana do The Intercept e até na CNN. Até o momento a mídia brasileira não repercutiu as denúncias. A pergunta é recorrente, mas inevitável: se fosse na China, Irã, Rússia ou Venezuela haveria tamanha passividade diante de mais uma atrocidade nos campos de concentração dos EUA?

Por fim, cabe lembrar, os brasileiros, por mais que muitos na elite e na mídia não gostem, são latino-americanos, portanto, estão sujeitos a essa violência pelo simples fato de terem como marca de nascença nascidos ao sul da fronteira dos EUA. Muitas dessa mulheres mutiladas no ICE são de Honduras, da Colômbia, Peru, Equador e mesmo do Brasil, países onde o os EUA impôs regimes que destruíram as economias nacionais, provocando miséria generalizada, violência e opressão, obrigando parte da população a fugir em desespero.

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