Hoje na história: o assassinato de Fred Hampton

Fred Hampton foi um dos mais importantes ativistas revolucionários afro-americanos, assassinado quando tinha apenas 21 anos, deixou um imenso legado de luta para as futuras gerações. Nasceu em 30 de agosto de 1948, formou-se com honra na Proviso East High School em 1966. Após a primeira graduação, Hampton se matriculou no Triton Junior College, em Illinois, onde se formou em direito. Tornou-se presidente da filial de Illinois do Partido dos Panteras Negras e vice-presidente nacional do partido.

Na década 1960, Hampton estava organizando com sucesso jovens afro-americanos para a NAACP (National Association for the Advancement of Colored People), quando foi rapidamente atraído pelo direcionamento teórico dos Panteras Negras, baseado na plataforma política escrita por Huey P. Newton e Bobby Seale, em 1966, chamado Ten-Point Program que integrava a autodeterminação negra com a crítica de classe e econômica marxista e maoísta. Em novembro de 1968, Hampton se filiou ao Partido na filial de Chicago, fundada no final de 1967 por Bob Brown, um organizador do Comitê de Coordenação Estudantil Não-Violenta (SNCC).

Hampton empenhou seus esforços para amadurecer a consciência de classe multirracial entre o partido dos Panteras Negras, a Organização de Jovens Patriotas neo-confederados (Young Patriots Organization (YPO)) e os Jovens Senhores (Young Lords) sob a liderança de José Cha Cha Jimenez, o que resultou na Coligação Arco-Íris (The Rainbow Coalition).

Em maio de 1969, Hampton convocou uma coletiva de imprensa para anunciar que a “coalizão arco-íris” havia sido formada. Desde então, as ações entre estes grupos seriam coordenadas. Algumas reinvindicações em comuns incluíam acabar com a pobreza, corrupção, violência policial e habitações precárias. Se houvesse protestos, greves ou manifestações, os grupos estariam juntos e se apoiariam uns aos outros. Se alguém fosse preso, todos os grupos contribuiriam para angariar dinheiro para a fiança. E se alguém fosse morto ou ferido pela polícia, os grupos reagiriam todos juntos de forma não violenta.

O ataque que matou Hampton foi um desvelamento importante do Programa de Contra Inteligência do FBI – o COINTELPRO. Inaugurado pela CIA por James Angleton, que lançou um programa secreto e ilegal para abrir as cartas dos norte-americanos em 1957, e forneceu informações importantes a Hoover. O COINTELPRO foi a implementação doméstica dos procedimentos operacionais padrão da CIA em outros países. William Sullivan, vice de Hoover, afirmou ao Senado que as táticas de contra-espionagem estrangeira foi “trazido para casa contra qualquer organização contra a qual fôssemos direcionados.”

Fred Hampton, Malcolm X, Mártir Luther King foram assassinados no espaço de quatro anos.

Um dos primeiros alvos do COINTELPRO foi Martin Luther King, um defensor religioso da não-violência e da integração. Em 1964, agentes do FBI enviaram a King uma carta dizendo que “seu fim está se aproximando…. Acabou para você…. Existe apenas uma saída para você.” Os colegas de King entenderam a carta como um convite não muito sutil para cometer suicídio.

No auge dos movimentos pelos direitos civis na década de 1960, Hoover enviou um memorando – disponível no site do FBI – em que dizia que o objetivo do COINTELPRO devia ser “expor, interromper, desviar ou neutralizar as atividades de nacionalistas negros, organizações e grupos de ódio, suas liderança, porta-vozes, associações e apoiadores”. Em outro, de janeiro de 1969, Hoover enfatizou que o Partido dos Panteras Negras deviam ser agora o alvo principal do COINTELPRO. “Não por acaso, Hampton estava nas manchetes, com seus esforços para forjar uma trégua entre as gangues de rua e ativistas revolucionários de Chicago“.

Na manhã de 4 de dezembro de 1969, o advogado Jeffrey Haas recebeu uma ligação de seu sócio no People’s Law Office, informando-o de que, naquela manhã, a polícia de Chicago havia invadido o apartamento do presidente do Partido Pantera Negra de Illinois, Fred Hampton, na 2337 West Monroe Street, em Chicago. Tragicamente, Hampton e seu companheiro Mark Clark haviam sido mortos a tiros, e quatro outros panteras no apartamento tinham ferimentos críticos de bala. A policia disparou de 99 vezes.

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