Hoje na história: comemoramos o aniversário de Angela Davis

Via Aventuras da História

Considerada uma das figuras centrais na luta pelos direitos civis nos EUA, a militante foi membro do Partido Comunista e dos Panteras Negras.

“Nós representamos as poderosas forças de mudança que estão determinadas a impedir que as moribundas culturas do racismo e do patriarcado heterossexual se ergam novamente”. Essa foi a fala de uma das mais famosas filósofas marxistas dos EUA, a militante do movimento feminista negro Angela Davis, durante a Woman’s March de 2017. Participante do Partido Comunista e dos Panteras Negras, essa é uma das mais centrais figuras dos movimentos dos direitos civis nos anos 1970.

Ela, que é atualmente o maior símbolo da luta pela igualdade racial e de gênero, nasceu em Birmingham, Alabama, em 1944. Na época, os EUA ainda eram regidos pelo sistema de segregação racial. O bairro onde ela cresceu era marcado por atentados contra casas de famílias negras e igrejas, realizados com explosivos por parte de fundamentalistas brancos, como os membros da Ku Klux Klan.

Diante dessa experiência rotineira, Angela iniciou, ainda adolescente, um grupo de estudos inter-raciais, que logo foi implodido pela polícia local. Apenas quando passou a estudar filosofia, mudando-se para o estado de Massachussetts, ela pôde iniciar a militância intelectual — pela qual é conhecida. Na Universidade de Brandeis, estudou com Herbert Marcuse, com quem aprimorou seus ideais de esquerda numa época de macarthismo e Guerra Fria.

Porém, o grande momento de conversão de Davis à militância foi a explosão criminosa de uma igreja no bairro onde nasceu, onde quatro amigas de sua infância foram mortas. Esse caso deflagrou completamente para ela as raízes escravistas, coloniais e violentas do país onde nascera, levando-a a radicalizar suas posições. E como uma das principais divulgadoras desses traços horrendos da sociedade estadunidense, Angela Davis passou a ser perseguida por forças políticas reacionárias e defensoras do segregacionismo.

Um dos principais casos de perseguição foi a perda do título de professora da Universidade da Califórnia em 1969, por sua relação com os comunistas. Angela, mesmo que adepta à não-violência, era integrada fortemente à luta pela normalização do estatuto da cidadania das pessoas negras, o que a levou para dentro dos Panteras Negras, grupo radical do marxismo-negro dos EUA, altamente perseguido pela KKK.

Angela se encontrou com Erich Honecker (presidente da Alemanha Oriental) em 1972, ano em que saiu da prisão.

Angela é, ainda hoje, um dos maiores nomes do abolicionismo penal, corrente que defende a reforma do sistema prisional, acabando com as cadeias e o aprisionamento injusto da juventude negra.

Por essas relações, foi ainda incluída, em 1970, na lista de Mais Procurados do FBI, sendo presa por um processo sem provas e altamente calunioso, em que a acusavam de participar de um atentado ocorrido num tribunal na Califórnia. Ela passou a ser tratada como terrorista pelo governo.

Enquanto ela estava na prisão, muitos núcleos da sociedade civil se mobilizaram nas ruas pela sua liberdade, o que se uniu a uma série de artistas que passaram a se manifestar em seu favor. A ativista só seria inocentada em 1972, fortalecendo ainda mais suas posições abolicionistas e anticapitalistas.

Depois que saiu da prisão, Angela se dedicou ao ensino e à pesquisa de história, gênero e estudos étnicos, participando de grupos em universidades pelo mundo inteiro. Nunca deixando de militar e se posicionar politicamente, ela foi porta-voz de importantes pautas que transcendiam o programa dos Panteras, como a oposição à Guerra do Vietnã, a denúncia da Guerra ao Terror de Bush e a causa LGBT, além das clássicas questões do fim da pena de morte, combate ao racismo e oposição ao sistema carcerário.

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