Sem piedade, Israel bombardeia capital da Síria após terremoto que matou 6 mil pessoas

Via Al Jazeera

Pelo menos cinco pessoas morreram e 15 ficaram feridas em ataques aéreos israelenses na capital da Síria, que danificaram fortemente edifícios residenciais. Os ataques no início do domingo atingiram um prédio no bairro de Kafr Sousa, no centro de Damasco, perto de um grande complexo de segurança fortemente vigiado perto de instalações iranianas, disseram testemunhas.

O ataque foi em uma área residencial no coração da cidade. Atingiu um distrito densamente povoado perto da Praça Omayyad. As explosões foram ouvidas por volta das 12h30 (21h30 GMT de sábado), e a agência estatal de notícias árabe síria (SANA) informou que as defesas aéreas enfrentaram “alvos hostis no céu ao redor de Damasco”.

Citando uma fonte militar, a SANA informou que cinco pessoas foram mortas, incluindo um soldado, e “vários edifícios residenciais” foram destruídos.

Imagens publicadas na mídia estatal mostraram um prédio de 10 andares bastante danificado, com a estrutura esmagada nos andares inferiores.

Fontes militares sírias não identificadas que não estavam autorizadas a falar publicamente disseram que foguetes antiaéreos perdidos disparados do Monte Qasioun para conter o ataque israelense atingiram vários outros locais, incluindo perto da cidadela histórica da capital.

“O ataque de domingo é o ataque israelense mais mortífero na capital síria”, disse Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo sediado no Reino Unido que possui uma ampla rede de fontes dentro da Síria.

Israel não comentou os ataques aéreos, que foram realizados um mês depois que um ataque de míssil israelense atingiu o Aeroporto Internacional de Damasco, matando quatro pessoas, incluindo dois soldados.

‘Nada aqui’

Mohamad Dulo, morador do bairro, disse: “Todas as janelas caíram para a rua e as pessoas também correram para as ruas”.

Dulo disse que não entendia por que a área foi atacada. “É uma área residencial. Não há nada [militar] aqui.”

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, disse que o ataque deve ser considerado um “crime contra a humanidade”, uma vez que ocorreu menos de duas semanas após o terremoto que matou mais de 5.800 pessoas em todo o país.

O diretor-geral de antiguidades e museus, Mohamad Awad, disse que os prédios danificados ao redor da cidadela de Damasco eram institutos de arte e patrimônio, bem como os escritórios de gerenciamento do local histórico.

“Vai custar muito para reconstruir ou restaurar alguns dos edifícios que foram destruídos no ataque”, disse Awad, acrescentando que equipamentos e máquinas “raros e caros” foram destruídos.

Israel ataca a Síria

Duas fontes de inteligência ocidentais disseram que o alvo era um centro de logística no prédio, administrado pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.

Os aliados próximos da Síria – Rússia e Irã, cujo apoio militar ajudou o presidente Bashar al-Assad a virar a maré da guerra civil a seu favor – condenaram os ataques, alertando que ameaçavam a estabilidade regional.

Por quase uma década, Israel vem realizando ataques aéreos contra suspeitas de transferências de armas patrocinadas pelo Irã e desdobramentos de pessoal na vizinha Síria. As autoridades israelenses raramente reconheceram a responsabilidade por operações específicas.

Os ataques, que nos últimos meses tiveram como alvo aeroportos e bases aéreas sírias, fazem parte de uma escalada do que tem sido um conflito de baixa intensidade com o objetivo de desacelerar o crescente entrincheiramento do Irã na Síria, dizem analistas militares.

O Irã expandiu sua presença militar na Síria nos últimos anos e tem uma posição na maioria das áreas controladas pelo Estado e milhares de membros de milícias e grupos paramilitares locais sob seu comando, dizem fontes de inteligência ocidentais.

Comentando sobre o último ataque, Nasser Kanani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, culpou Israel por “tentar exacerbar a dor e o sofrimento da nação síria em um momento em que enfrenta os efeitos do recente terremoto destrutivo”.

Mais de 46.000 pessoas morreram na Síria e na Turquia após terremotos devastadores em 6 de fevereiro. O número de mortos na Turquia é de quase 41.000, enquanto a vizinha Síria registrou mais de 5.800 mortos.

Kanani pediu ao Conselho de Segurança da ONU que reaja ao último ataque de Israel.

As milícias por procuração do Irã, lideradas pelo Hezbollah do Líbano, agora dominam grandes áreas do leste, sul e noroeste da Síria e em vários subúrbios ao redor da capital.

A agência de notícias iraniana Tasnim disse que “nenhum iraniano foi ferido”, acrescentando que os ataques atingiram “exatamente o local” onde o principal comandante do Hezbollah, Imad Mughniyeh, foi morto em um carro-bomba em 2008 que o grupo atribuiu a Israel.

O governo de Al-Assad nunca reconheceu publicamente que as forças iraniO governo de Al-Assad nunca reconheceu publicamente que as forças iranianas operam em seu nome na guerra síria. Teerã disse que tem apenas conselheiros militares no local.