Rússia e Coreia do Norte concordam em pacto de ajuda mútua contra agressões externas
Via RT
Pyongyang tem o direito de defender a sua soberania dos EUA, disse o líder russo.
Moscou e Pyongyang comprometeram-se a ajudar-se mutuamente contra a agressão estrangeira, anunciou o presidente russo, Vladimir Putin, na quarta-feira, durante uma visita à República Popular Democrática da Coreia.
Ele e o seu homólogo norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram um acordo de parceria estratégica durante a reunião. Servirá como um roteiro para a cooperação futura em todas as esferas, desde os laços culturais e turísticos, até ao comércio, às relações económicas e à segurança, disse o líder russo, chamando-o de “verdadeiramente um avanço”.
“O documento sobre parceria integral que hoje assinamos prevê, entre outras coisas, a ajuda mútua em caso de agressão contra um dos participantes”, acrescentou o presidente.
Moscou apoia a intenção de Pyongyang de proteger a sua segurança e soberania de uma possível agressão ocidental, o que é um direito seu, disse Putin. O país considera os EUA e os seus aliados responsáveis pelas crescentes tensões na região, acrescentou.
“Os tropos de propaganda ocidentais excessivamente utilizados já não conseguem esconder as suas intenções geopolíticas agressivas, incluindo no Noroeste da Ásia”, disse Putin.
Putin observou que as nações ocidentais estavam fornecendo armas avançadas à Ucrânia e deram a Kiev luz verde para atacar a Rússia. Nestas circunstâncias, “a Rússia não exclui o desenvolvimento da cooperação militar com a RPDC ao abrigo do documento hoje assinado”.
Denunciou o “regime de restrições indefinidas” imposto à Coreia do Norte pelo Conselho de Segurança da ONU, que inclui um embargo de armas, como “orquestrado pelos EUA” e apelou à sua revisão.
O presidente russo já tinha alertado o Ocidente sobre o desejo de Kiev de usar armas doadas para conduzir ataques nas profundezas da Rússia. Se isso acontecer, Moscovo poderá enviar tipos semelhantes de armas aos inimigos do Ocidente, que poderão utilizá-las para atacar os activos militares dos EUA e dos seus aliados, disse ele no início deste mês.
Pyongyang tem uma posição “objetiva e equilibrada” sobre o conflito na Ucrânia e vê as suas causas principais, o que prova a independência e soberania da Coreia do Norte, disse Putin. As duas nações também estão na mesma página no apoio a “um mundo multipolar mais justo e democrático” que deverá substituir o anterior sistema centrado no Ocidente.
“Continuaremos a opor-nos à imposição de sanções estranguladoras, que o Ocidente transformou numa ferramenta para manter a sua hegemonia na política, na economia e noutras áreas”, prometeu o presidente.
Recordando o longo historial de cooperação russa com a Coreia do Norte, Putin destacou o papel que a União Soviética desempenhou na luta contra o Japão Imperial durante a Segunda Guerra Mundial e os esforços de reconstrução após a guerra civil coreana, que dividiu a Península Coreana entre dois rivais. Moscoufoi o partido com o qual Pyongyang assinou o seu primeiro acordo internacional há 75 anos, acrescentou.