A FARSA CONTRA RAFAEL CORREA

Luã Reis – Se o julgamento do ex-presidente Lula repleto de arbitrariedades, manipulações descaradas, já surpreende pelos inúmeros absurdos e abusos, em outro país sul-americano a perseguição política contra um líder popular de esquerda consegue ser ainda mais escandalosa: as acusações e ações do judiciário do Equador contra o ex-presidente Rafael Correa estão entre as maiores farsas da atualidade.

Antes é necessário destacar que o Equador foi vítima de uma espécie de golpe suave. Lenin Moreno, o candidato do partido de Correa, Alianza País, eleito graças a enorme popularidade do ex-presidente junto às classes mais pobres do país, se mostrou um ardiloso traidor. Após a eleição, Moreno depôs o vice-presidente e em seguida o prendeu, junto com outros políticos correístas. As classes dominantes e a mídia hegemônica equatorianas aplaudiram a ação, no embalo da “luta contra a corrupção”, a mais recente histeria midiática latino-americana. Na sequência, Moreno realizou um referendo com nove perguntas de diversas modalidade, desde causas ambientais aos costumes, para serem respondidas pelos eleitores. Uma delas, sordidamente, acabava com os direitos políticos dos ex-presidentes, isto é, Rafael Correa.

O golpe mais traiçoeiro, no entanto, ainda estava por acontecer. Em 2012, o ex-deputado Fernando Balda, quando acusados de crime no Equador, foi sequestrado na Colômbia. Para liberta-lo, os sequestradores exigiram uma quantia em dinheiro. A polícia colombiana em poucas horas descobriu o cativeiro, prendeu os sequestradores e libertou Balda. Houve o julgamento dos sequestradores, foram presos e cumpriram a devida sentença. Caso encerrado. Em nenhum momento foi citado o nome de Rafael Correa.

Isso até o meio do ano passado, quando a juíza Daniella Camacho ouviu a delação premiada de Balda, que acusava Correa de ter participação direta no sequestro. Foi o suficiente para a juíza equatoriana tomar a incrivelmente ilegal decisão de “assumir” o caso já encerrado. Destacam-se quatro fatos básicos que comprovam a enorme farsa do caso:

  1. O crime aconteceu na Colômbia, a justiça do Equador não tem competência nenhuma para se envolver;
  2. Já houve um julgamento e as sentenças já foram/estão sendo cumpridas. Não se pode julgar e condenar por um mesmo crime duas vezes;
  3. O crime prescreveu;
  4. Em nenhum momento do julgamento na Colômbia se falou da participação de Rafael Correa.

A absurda ordem de prisão contra o ex-presidente Correa só encontra paralelo com, talvez, o Processo, do escritor Franz Kafka, ou outra obra ficcional do gênero. Dentre essa obras ficcionais podemos citar também as perseguições contra Lula, Kirchner e Evo Morales, escritas por juízes igualmente medíocres.

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