COVID-19 E A ASCENSÃO DO MULTILATERALISMO

Por Karl Grizman

Desde o início da década sabemos de uma verdade já muito inconveniente: a ordem econômica atual, encabeçada pelos mesmos atores, vencedores da guerra fria, já não pode mais dar conta das relações internacionais. A maturidade atingida por países, há pouco tachados de “terceiro mundo”, como, principalmente, a China e a Rússia, proporcionam-lhes o direito de exigirem uma melhor posição na organização dos foros internacionais. Assim, vemos uma série de mudanças sistêmicas e particulares que fizeram com que a ordem internacional atual caminhasse para uma lógica crescente – e iminente – multipolar.   

Diante a profunda crise atual provocada pelo coronavírus, seria razoável que os países que melhor lidassem com o problema internamente e que gerissem internacionalmente, em alguma medida, a recuperação da economia global, fossem os principais atores do mundo liberal, ou seja: EUA e EU, o alfa-ômega do imperialismo.

Entretanto, quais países vemos lidar melhor com essa nova pandemia?

China, palco do surgimento do novo vírus, praticamente tem a situação controlada e anunciou o fim da quarentena em Wuhan. O país tem se empenhado ativamente para ajudar outras nações a lidar com o novo vírus. Pequim enviou um voo da Air China para a Itália levando 2.300 caixas cheias de máscaras com a mensagem: “Somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore, flores do mesmo jardim”. Além da Itália, China também enviou uma grande ajuda humanitária ao Irã, a bordo de oito vôos da Mahan Air – uma companhia aérea sob sanções ilegais e unilaterais do governo Trump. Nas últimas semanas, a China doou kits de teste de coronavírus para o Camboja, enviou cargas de ventiladores, máscaras e médicos para Itália e França, prometeu ajudar as Filipinas, Espanha e outros países além de implantar medicamentos no Irã e Iraque.

O presidente chinês Xi Jinping ofereceu palavras reconfortantes, dizendo ao primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez que “o sol vem depois da tempestade” e acrescentando que os dois países devem intensificar a cooperação e o intercâmbio após o surto. O presidente sérvio Aleksandar Vucic explicitou bem a realidade da nova ordem multipolar diante da velha união europeia: “O único país que pode nos ajudar é a China. Até agora, todos vocês entenderam que a solidariedade europeia não existe. Isso foi um conto de fadas no papel”.

Rússia, por ter implementado medidas de contenção logo no início da descoberta do novo vírus, como fechamento de aeroportos e imposição de quarentena para população, parece ser um dos países menos afetados pelo covid-19. “As medidas que a Rússia vem tomando, desde o primeiro dia em que a OMS recebeu o aviso da China de que havia um novo vírus, são impressionantes, porque não é uma medida única, mas todo um complexo, e ele está se expandindo”, declarou a representante da OMS em uma coletiva de imprensa em Moscou. Além de lidar muito bem com o problema internamente, a ex-república soviética têm prestado ajuda vital para alguns países. Nesta semana, uma delegação russa composta por 22 unidades militares, 104 especialistas, incluindo médicos e profissionais de saúde, além de uma equipe móvel de análise e diagnóstico, meios de alto desempenho para desinfecção, desinfetantes e equipes especiais para cuidar dos infectados com coronavírus em estado grave, foi enviada para Itália, hoje, o epicentro da doença no mundo. Putin e o novo presidente da Argentina propuseram no G-20 um pacotaço para recuperar a economia global pós-pandemia.

Cuba – a “ditadura cubana” -, não obstante às criminosas sanções americanas, mostrou-se uma potência biotecnológica, capaz de realizar avanços imbatíveis. Antes mesmo de registrar qualquer caso do coronavírus na ilha, revelou ter alcançado significativos avanços na busca por uma vacina. O antiviral cubano Heberon tem sido utilizado com grande sucesso no tratamento do coronavírus. Em parceria com a “ilha de Fidel”, a China está produzindo uma versão inalável e pelo menos 15 nações já estão interessadas em importar o novo medicamento. Além disso, centenas de médicos e enfermeiros cubanos já estão espalhados por pelo menos 12 nações do mundo prestando assistência aos já sobrecarregados sistemas de saúde dessas nações, para combater a pandemia. Hoje – 29 de março – uma brigada partiu para São Cristóvão e Nevis.

Além dos três, a melhor posicionada na luta contra a pandemia global é a República Democrática da Coréia, que não tem, até hoje, nenhum caso do novo vírus confirmado.

 O mínimo que se deve saber sobre geopolítica 

Um breve resumo da História das relações internacionais, começa, incontornavelmente, em 1648 com a assinatura da Paz de Vestfália e a criação do Estado-monárquico como o novo ator das RI e do conceito de soberania. Séculos depois, no Congresso de Viena, novos personagens surgem para gerir as relações internacionais e substituir os antigos Estados-monárquicos: as Potências europeias. E assim permaneceu até o final da IIGM, quando os vitoriosos, reunidos na Conferência de Bretton Woods, substituíram os velhos atores por um novo conceito que iria gerir as relações internacionais de todo o mundo: as super-potências. Esta nova divisão do mundo deu início também à chamada guerra fria, vencida, definitivamente, pelos EUA, com um golpe jurídico político militar, em 1993, quando Boris Yeltsin ordenou a invasão e bombardeio do parlamento russo causando a morte de 187 pessoas e a prisão de líderes do povo. Desde então, os EUA vem tentando estabelecer uma ordem imperialista unipolar, no entanto, a partir dos anos 2000, um novo projeto de mundo começa a surgir, exemplificadamente na criação dos BRICS, BASIC, UNASUL e outros. Neste sentido, atualmente, vivemos em uma época determinada por dois projetos de hegemonia global: de um lado, o projeto imperialista já estabelecido e lutando para conservar seus seculares privilégios e, de outro, o novo projeto multipolar. 

Deste modo, ou temos noção da conjuntura geopolítica do mundo em que vivemos, que é o mesmo que reconhecer o materialismo histórico das relações internacionais. Ou, ao contrário, se crê em um mundo onde a Coréia do Sul é mais democrática que a “Coréia do norte”, onde os presidentes dos EUA são os mocinhos  e Maduro da Venezuela é um ditador, em que o SUS e as universidades públicas brasileiras são ruins, que os EUA querem “levar democracia” aos países do oriente médio, que Evo Morales “já estava muito tempo no governo” da Bolívia ou, que a razão para a deposição de Dilma foram as “pedaladas fiscais”. 

Uma nova ordem global no horizonte: o fim do capital financeiro 

Como uma própria exigência do sistema capitalista de produção, a saber, deste movimento que precisa ocupar todos os campos, durante a maior parte do séc. XX, o “medo do comunismo” foi a desculpa perfeita para o imperialismo invadir militarmente todos os lugares que pôde para estabelecer um governo fantoche, quando não invadiu com seus próprios soldados, financiou e apoiou golpes de Estado pelo mundo. Veja abaixo* a cronologia que o jornalista e ex-professor Urias Rocha, de Mato Grosso do Sul, realizou das invasões e ataques dos Estados Unidos ao redor do mundo nos últimos 150 anos. A quantidade de mortes pelas quais são responsáveis é de aproximadamente 110 milhões de pessoas. Nunca foram denunciados formalmente ante tribunais internacionais.

Enquanto a China, Rússia e Cuba agiram rapidamente para conter o novo vírus, os EUA, até ontem, era contra a política de confinamento “para não parar a economia”. Hoje, os EUA atingiram a marca de 125 mil pessoas infectadas com coronavírus e já são mais de 2 mil mortes. Guy Debord escreveu: “Diz-se tudo a propósito desta sociedade, excepto aquilo que ela efectivamente é: mercantil e espectacular”. O sistema de produção capitalista financeiro espetacular é gerido por uma classe de especuladores – especialistas do capital – que controlam o mundo contemporâneo, monopolizam os mercados, controlam todos os processos de todas as cadeias produtivas que estão ligadas ao sistema financeiro internacional, através do qual ele especularmente (não produtivamente) obtém lucros bilionários. Nesta estrutura, é necessário controlar os governos de todos os países que possuem grandes reservas de petróleo. Essa classe é proprietária do mundo institucionalizado, controla as reservas de recursos naturais, as cadeias produtivas, os mercados, a tecnologia, o sistema financeiro, o FMI, o BM etc.

É exatamente porque esta classe vive de especular sobre o trabalho de todo o mundo, que ela precisa manter uma lógica de produção irracional para conservar o sistema econômico rentista, ou seja, a contínua e crescente absorção de riquezas por uma classe que nada produz. Após o golpe de 2016, o Brasil se encontra nas mãos desta classe rentista internacional, que vive da especulação, que precisa resistir a conversão do modelo de hegemonia do capital financeiro a um modelo produtivo.

A pandemia de coronavírus deixou evidente as prioridades da classe burguesa nacional aliada ao capital financeiro: não interessa o que está acontecendo, tudo para a classe rentista nada para o povo. O esquizofrênico Bolsonaro, envolvido com a milícia do Rio, (provavelmente) envolvido com a morte da vereadora Marielle etc., mostra-se desesperado para conservar os lucros desta classe – o famoso capitão do mato. Nas mãos do imperialismo, sabe que não tem outra razão de continuar existindo se não for para conservar os interesses da metrópole, mesmo que tenha que ir contra tudo e contra todos. 

“Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”, como disse Lenin. Essas semanas de distopia, se não causarem alguma mudança na lógica de produção imperialista capitalista especular e financeira, sem dúvida, mostrará ao mundo a irracionalidade do modo de produção existente e a urgência de reconduzir o mundo novamente à lógica de produção, em detrimento da especulação financeira. 

Não por coincidência, os países que estão lidando e que lidarão melhor com a pandemia são os que possuem SOBERANIA sobre sua economia e território, e que por isso, não estão nas mãos dessa classe de especuladores internacionais, que vêem todo o planeta apenas como um mercado de escravos modernos – na era da uberização. A paralisação deste modelo irracional de produção aterroriza quem depende desta lógica constante de absorção de riquezas da classe trabalhadora: “O país não aguenta, não pode parar dessa maneira. As pessoas têm que produzir e trabalhar. Não podemos [parar] por conta de cinco ou sete mil pessoas que vão morrer. Isso é grave, mas as consequências que vamos ter economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus”, diz Junior Durski, dono do Madero.

*

1846/1848 – México – Invasão e ataque por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas;

1891 – Chile – Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas;

1891 – Haiti – Tropas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA;

1893 – Hawai – Marinha enviada para suprimir o reinado independente e anexar o Hawaí aos EUA;

1894 – Nicarágua – Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês;

1894/1895 – China – Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa;

1894/1896 – Coréia – Tropas permanecem em Seul durante a guerra;

1895 – Panamá – Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana;

1898/1900 – China – Tropas ocupam a China durante a Rebelião Boxer;

1898/1910 – Filipinas – Luta pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, 27/09/1901, e Bud Bagsak, Sulu, 11/15/1913; 600.000 filipinos mortos;

1898/1902 – Cuba – Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana;

1898 – Porto Rico – Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje ‘Estado Livre Associado’ dos Estados Unidos;

1898 – Ilha de Guam – Marinha desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje;

1898 – Espanha – Guerra Hispano-Americana – Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial;

1898 – Nicarágua – Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur;

1899 – Ilha de Samoa – Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa;

1899 – Nicarágua – Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez);

1901/1914 – Panamá – Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção;

1903 – Honduras – Fuzileiros Navais desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho;

1903/1904 – República Dominicana – Tropas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução;

1904/1905 – Coréia – Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa;

1906/1909 – Cuba -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições;

1907 – Nicarágua – Tropas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua;

1907 – Honduras – Fuzileiros Navais desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua;

1908 – Panamá – Fuzileiros invadem o Panamá durante período de eleições;

1910 – Nicarágua – Fuzileiros navais desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua;

1911 – Honduras – Tropas enviadas para proteger interesses americanos durante a guerra civil invadem Honduras;

1911/1941 – China – Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas;

1912 – Cuba – Tropas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana;

1912 – Panamá – Fuzileiros navais invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais;

1912 – Honduras – Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano;

1912/1933 – Nicarágua – Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de combaterem guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos;

1913 – México – Fuzileiros da Marinha invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução;

1913 – México – Durante a revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas;

1914/1918 – Primeira Guerra Mundial – EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens;

1914 – República Dominicana – Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução em Santo Domingo;

1914/1918 – México – Marinha e exército invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas;

1915/1934 – Haiti – Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos;

1916/1924 – República Dominicana – Os EUA invadem e estabelecem governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos;

1917/1933 – Cuba – Tropas desembarcam em Cuba e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos;

1918/1922 – Rússia – Marinha e tropas enviadas para combater a revolução bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles;

1919 – Honduras – Fuzileiros desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço;

1918 – Iugoslávia – Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia;

1920 – Guatemala – Tropas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala;

1922 – Turquia – Tropas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna;

1922/1927 – China – Marinha e Exército mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista;

1924/1925 – Honduras – Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional;

1925 – Panamá – Tropas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos;

1927/1934 – China – Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante sete anos ocupando o território;

1932 – El Salvador – Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional – FMLN – comandadas por Marti;

1939/1945 – II Guerra Mundial – Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroshima e Nagasaki;

1946 – Irã – Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã;

1946 – Iugoslávia – Presença da marinha ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos;

1947/1949 – Grécia – Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas “eleições” do povo grego;

1947 – Venezuela – Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder

1948/1949 – China – Fuzileiros invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista

1950 – Porto Rico – Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce;

1951/1953 – Coréia – Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Estados Unidos são um dos principais protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governo pró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul;

1954 – Guatemala – Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a reforma agrária;

1956 – Egito – O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense-britânica, a retirar-se do canal;

1958 – Líbano – Forças da Marinha invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil;

1958 – Panamá – Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos;

1961/1975 – Vietnã. Aliados ao sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exército do Vietnã do Sul e entram num conflito traumático, que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldou a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas;

1962 – Laos – Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao;

1964 – Panamá – Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira de seu país;

1965/1966 – República Dominicana – Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas desembarcaram na capital do país, São Domingo, para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924;

1966/1967 – Guatemala – Boinas Verdes e marines invadem o país para combater movimento revolucionário contrário aos interesses econômicos do capital americano;

1969/1975 – Camboja – Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja;

1971/1975 – Laos – EUA dirigem a invasão sul-vietnamita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana;

1975 – Camboja – 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez;

1980 – Irã – Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois do seqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então;

1982/1984 – Líbano – Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos no país logo após a invasão por Israel – e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para os americanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas;

1983/1984 – Ilha de Granada – Após um bloqueio econômico de quatro anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha;

1983/1989 – Honduras – Tropas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira invadem o Honduras;

1986 – Bolívia – Exército invade o território boliviano na justificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína;

1989 – Ilhas Virgens – Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano;

1989 – Panamá – Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.

1990 – Libéria – Tropas invadem a Libéria justificando a evacuação de estrangeiros durante guerra civil;

1990/1991 – Iraque – Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos, com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes) que ganhou o título de “Operação Tempestade no Deserto”. As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo;

1990/1991 – Arábia Saudita – Tropas americanas destacadas para ocupar a Arábia Saudita que era base militar na guerra contra Iraque;

1992/1994 – Somália – Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropas do general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país;

1993 – Iraque – No início do governo Clinton é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait;

1994/1999 – Haiti – Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropas americanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe, mas o que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos;

1996/1997 – Zaire (ex-República do Congo) – Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus;

1997 – Libéria – Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes;

1997 – Albânia – Tropas invadem a Albânia para evacuar estrangeiros;

2000 – Colômbia – Marines e “assessores especiais” dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o “gás verde”);

2001 – Afeganistão – Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje;

2003 – Iraque – Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de “Operação Liberdade do Iraque” e por Saddam de “A Última Batalha”, a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundo inteiro. As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca.

ENTRE 2014/2016 esteve por trás do golpe que derrubou a nossa PRESIDENTA DILMA.

2020: matou o GENERAL QASEEM SULEIMANI com certeza por conta do Petróleo . Irã anuncia descoberta de imenso campo de petróleo;

Saiba mais:

https://www.telesurtv.net/news/italia-agradece-rusia-ayuda-coronavirus-20200326-0060.html?fbclid=IwAR3OT-oO9OeR2VeCNi_WX7RHW4fmM8TiwXKgcdZuDRQv1MD86pBaBk6PTtg
https://br.sputniknews.com/russia/2020032615377526-oms-elogia-russia-por-medidas-de-combate-do-coronavirus/
http://www.radiorebelde.cu/noticia/eeuu-medicos-cuba-20200325/?fbclid=IwAR3hjryHeQ7p8mMwHKErcsFZVHMGH5e8OC66krWk-sLVg4JgX1YzhgihT5A
https://www.terra.com.br/noticias/o-apoio-da-china-para-a-italia-na-crise-do-coronavirus,dfe2e20b3258e0f756d996d331581f3596aaz10a.html
https://www.theguardian.com/world/2020/mar/19/china-positions-itself-as-a-leader-in-tackling-the-coronavirus
https://www.ft.com/content/b1c5681e-6cf9-11ea-89df-41bea055720b
https://www.msn.com/en-us/news/world/russian-army-to-send-coronavirus-help-to-italy-after-putin-phone-call/ar-BB11wCU3
https://www.dw.com/en/russia-helps-italy-eu-fails-to-communicate-its-efforts/av-52920568
https://www.dailymail.co.uk/news/article-8139411/Russian-military-virologists-medics-sent-Italy-help-battle-coronavirus-death-toll-rises.html
https://www.businessinsider.com/coronavirus-deaths-us-predictions-social-distancing-2020-3
https://exame.abril.com.br/brasil/isolar-so-idosos-eleva-para-529-mil-as-mortes-por-coronavirus-no-brasil/

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