24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás

17 de Abril – Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores do Campo
Há 24 anos, dezenove sem-terra foram executados pela Polícia Militar do Estado do Pará no município de Eldorado dos Carajás. O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira. A mando do entrão governador, Almir Gabriel (PSDB). A Polícia Militar recebeu ordens para retirá-los a força porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado.
“No local onde o massacre ocorreu, hoje está estabelecido o Assentamento 17 de Abril. A maioria dos moradores são sobreviventes da chacina e familiares das vítimas. A data do massacre acabou sendo escolhida pela Via Campesina, organização internacional de camponeses, como o Dia Internacional de Luta pela Terra. Desde então, abril também é marcado como o mês em que são intensificadas as lutas por terras pelo Movimento Sem Terra. É, ainda, uma forma de camponeses e camponesas se unirem para lembrar a data e homenagear as vítimas do massacre.
Em 1996, foram executados à facadas, tiros ou crânios esmagados: Abílio Alves Rabelo, Altamiro Ricardo da Silva, Amâncio Rodrigues dos Santos, Antônio Alves da Cruz, Antônio Costa Dias, Antônio “Irmão”, Graciano Olímpio de Souza, João Carneiro da Silva, João Rodrigues de Araújo, Joaquim Pereira Veras, José Alves da Silva, José Ribamar Alves de Souza, Leonardo Batista de Almeida, Lourival da Costa Santana, Manoel Gomes de Souza, Oziel Alves Pereira (ele estava algemado), Raimundo Lopes Pereira, Robson Vitor Sobrinho, Valdecir Pereira da Silva. O MST contabiliza mais dois mortos – em decorrência de ferimentos ocorridos naquele dia. ” ( Stefany Rocha – 17 de abril: as marcas de um massacre, Abril de 2019 )
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“A pedagogia dos aços”
Por Pedro Tierra
“Candelária, Carandiru, Corumbiara, Eldorado dos Carajás… A pedagogia dos aços golpeia no corpo essa atroz geografia…
Há cem anos Canudos, Contestado, Caldeirão…
A pedagogia dos aços golpeia no corpo essa atroz geografia…
Há uma nação de homens excluídos da nação Há uma nação de homens excluídos da vida
Há uma nação de homens calados, excluídos de toda palavra.
Há uma nação de homens combatendo depois das cercas.
Há uma nação de homens sem rosto, soterrados na lama, sem nome soterrados no silêncio
Eles rondam o arame das cercas alumiados pela fogueira dos acampamentos.
Eles rondam o muro das leis e ataram no peito uma bomba que pulsa: sonho da terra livre.
sonho vale uma vida?
Não sei. Mas aprendi da escassa vida que gastei: a morte não sonha.
A vida vale um sonho?
A vida vale tão pouco do lado de fora da cerca…
A terra vale um sonho?
A terra vale infinitas reservas de crueldade, do lado de dentro da cerca. Hoje, o silêncio pesa como os olhos de uma criança depois da fuzilaria. Candelária, Carandiru, Corumbiara,
Eldorado dos Carajás não cabem na frágil vasilha das palavras… Se calarmos, as pedras gritarão... “