Lavrov em entrevista à BBC: Não me importo com os “olhos do Ocidente”

Via RT

“A Rússia não é boa nem amável. Ela é do jeito que é. Não temos vergonha de nos mostrar como somos”, disse o Ministro das Relações Exteriores russo.

O Ministro das Relações Exteriores russo Sergey Lavrov deu uma entrevista à BBC na quinta-feira para discutir a situação na Ucrânia. Ele disse que o objetivo da operação militar de Moscou era “proteger os russos em Donbass, que foram traídos tanto pelos franceses quanto pelos alemães”.

“Os britânicos também estavam na linha de frente. Todos os seus colegas ocidentais disseram que não poderiam forçar Kiev a cumprir os acordos de Minsk”, denunciou, ressaltando que a Rússia, por sua vez, vem tentando desde 2014 fazer Donetsk e Lugansk assinarem tais acordos, que “garantem a integridade territorial e a soberania da Ucrânia”.

Lavrov afirmou que Moscou lançou sua operação quando “não tinha outra alternativa, já que o Ocidente estava se envolvendo em atividades criminosas, arrastando a Ucrânia para a OTAN, codificando, patrocinando e alimentando de todas as maneiras possíveis o regime neonazista, cujo presidente, Vladimir Zelensky, anunciou em setembro de 2021 […] que se alguém se sentisse russo na Ucrânia, deixasse que fosse à Rússia”. “Ele o disse publicamente”, afirmou.

“Quando um correspondente da CNN lhe disse que o regimento Azov estava incluído em alguns países ocidentais, como nos EUA e Japão, na lista de organizações terroristas extremistas, Zelensky encolheu os ombros e disse que eles têm muitos batalhões e regimentos, eles são como são”, lembrou Lavrov em seus comentários à mídia.

O diplomata denunciou os ataques perpetrados pelo regime de Kiev com armas fornecidas pelo Ocidente, “tal como fizeram em 2014, quando os golpistas chegaram ao poder, quando desbarataram o centro de Lugansk dos aviões, quando 50 pessoas foram queimadas em Odessa”. Lavrov enfatizou que as autoridades ucranianas “bombardeiam sua própria população”, enquanto o Ocidente “lhes vende as armas para continuar fazendo isso”.

Lavrov também questionou seu interlocutor sobre o papel da mídia ocidental, particularmente a BBC, na tragédia de Bucha:

“Talvez eles disseram que foi a Rússia, não foi? O jornal Guardian, publicado em Londres, obteve os resultados de uma análise forense preliminar que mostrou que a maioria dos cadáveres, que foram exibidos em todos os canais de TV do mundo, tinham recebido ferimentos de estilhaços”.

Entretanto, o entrevistador evitou a pergunta: “Eu não estive em Bucha, estou na Rússia, é por isso que estou lhe perguntando sobre a posição da Rússia”, comentou ele.

O ministro russo ressaltou que, em sua opinião, a OTAN é “uma ameaça”, pois países como a Sérvia e o Afeganistão explicaram as conseqüências que sofreram como resultado das ações da OTAN. No Afeganistão, por exemplo, o grupo militar até bombardeou as cerimônias de casamento. “Só porque eles pensaram: por que estas pessoas estão se reunindo? Temos que bombardeá-los só por precaução”, disse ele.

“Fale com os cidadãos do Iraque, Líbia, cujos países foram destruídos até o chão”. Depois disso, a OTAN ainda se declara como uma aliança defensiva”, insistiu Lavrov, acrescentando que a Aliança também prometeu a Moscou que a adesão da Ucrânia a suas fileiras não criaria ameaças. “Com todo respeito a nossos colegas da Aliança do Atlântico Norte, a Rússia tem o direito de decidir por si mesma o que é uma ameaça à sua segurança e o que não é”, enfatizou ele.

“Eu não estou nada interessado nos ‘olhos do Ocidente'”

Durante a entrevista, o ministro russo também foi questionado sobre os mercenários britânicos, Aiden Aslin e Shaun Pinner, que foram recentemente condenados à morte pelas autoridades de Donetsk por participarem dos combates em Donbass, do lado ucraniano. O jornalista indicou a Lavrov que a Rússia, “aos ‘olhos do Ocidente’ é responsável pelo destino dessas pessoas”. Em resposta, disse o ministro:

“Não estou nada interessado nos ‘olhos do Ocidente’. Só estou interessado no direito internacional, segundo o qual os mercenários não são combatentes. Portanto, não me importa o que acontece com esses olhos”.

Lavrov disse que o destino de Aslin e Pinner deveria ser decidido por um tribunal, enquanto Moscou procura “proteger os direitos dos russos, que durante oito anos foram grosseiramente ignorados não apenas pelo regime de Kiev, mas também por todo o Ocidente e pela comunidade civilizada, que se recusou a honrar os acordos de Minsk”.

“Se você não quisesse garantir os direitos dos russos em Donbass pelo cumprimento da resolução do Conselho de Segurança da ONU, nós mesmos garantiremos os direitos dos russos”. Nós fazemos isso”, afirmou ele.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *