Irã estreita relações com países da América Latina

Via Hispan TV

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, acompanhado de uma grande delegação política, econômico-empresarial e científica iniciou uma turnê por três países latino-americanos.

Raisi cruzará atravessou o Atlântico pela primeira vez desde que assumiu o cargo em agosto de 2021, dando continuidade a uma política de Estado já consolidada.

Com esta viagem do presidente iraniano e a realizada em fevereiro passado pelo ministro das Relações Exteriores da nação persa, Hosein Amir Abdolahian, consolidam-se os laços com esta parte do mundo que luta para sair da influência hegemônica dos Estados Unidos . O eixo principal desta viagem do presidente persa é estreitar, entre outras coisas, os laços políticos com os três países a visitar: Cuba, Nicarágua e Venezuela, com quem estreitaram pontos de acordo a nível internacional, em questões tão fundamentais como apoio à Palestina, Síria, Iêmen, Iraque e sua recusa em aderir às políticas de sanções contra a Rússia devido ao conflito ocorrido na Ucrânia.

No caso da Venezuela, as relações com o Irã tiveram um desenvolvimento sustentado, tornando-o o país mais próximo da nação persa no concerto latino-americano. Há um ano, o presidente venezuelano Nicolás Maduro Moro esteve em Teerã onde assinou uma série de acordos de cooperação nas áreas de defesa, militar, energia, petróleo e gás, entre outras. Um plano estratégico de cooperação para 20 anos, aplicado em diferentes áreas que incluem energia, alimentos, petroquímica, turismo, entre outras.

Esta viagem do presidente persa corresponde ao corajoso gesto de solidariedade do governo iraniano ao enviar cinco supertanques de petróleo e peças de reposição para a indústria energética venezuelana, após anos de bloqueio e impossibilidade de acesso a suprimentos essenciais.

Com efeito, em maio de 2020, num acontecimento histórico e evitando todo o tipo de dificuldades, incluindo ameaças dos Estados Unidos, o Fortune, o primeiro dos cinco navios entrou em águas venezuelanas a 24 de maio desse ano, gerando assim um marco de enorme importância. importância internacional.

O Irã apoiou um país amigo, um parceiro em tempos difíceis, assim como fez com o Líbano e como fez com o Iraque, o Iêmen e a Palestina. O Irã e alguns países latino-americanos – com as viagens de altas autoridades como o caso do presidente Raisi – concretizam a criação de pontes de diálogo e projetos concretos. Dando continuidade e enriquecimento do que já foi forjado em anos anteriores, tanto no âmbito político, econômico, energético, cultural, industrial, de pesquisa e tecnologia, refletem que se avança por caminhos de reciprocidade, que se baseiam em interesses e objetivos comuns com uma enorme visão estratégica.

Com o envio dos supertanques, a República Islâmica mostrou sua marca de alcance global, dando um passo qualitativo na decisão de defender seus interesses muito além das fronteiras marítimas marcadas pelo Golfo Pérsico, Estreito de Ormuz ou qualquer outro marco geográfico. A viagem do Fortune, Petunia, Forest, Faxon Ship e Crave mostrou fortemente – mesmo em face das ameaças do pirata americano Donald Trump na época – que a visão estratégica do Irã transcende em muito as ideias e abordagens dos EUA ou de qualquer outro país. outro que acha que pode deter as ideias e práticas multilaterais do Irã (2) Washington, no meu entendimento, nunca imaginou que suas agressões, intervenções e seus conflitos em geral na Ásia Ocidental, iriam explorá-lo aqui mesmo em nosso continente, em seu barbas de obstrução.

A decisão do Irã de ampliar seus laços no exterior nos permite observar claramente que há um estudo geopolítico sério e aprofundado da situação por parte dos governos da Revolução Islâmica, que corajosamente e conscientes de suas capacidades deixaram a área do Golfo Pérsico, Estreito de Ormuz e arredores com respostas do mundo político, econômico, diplomático, mas também militar.

Respostas que hoje consolidam sua presença em uma parte importante do mundo. A América Latina é um passo importante. E prova do que foi dito é a viagem de treinamento e a presença da marinha iraniana pelos mares do mundo, a exemplo da viagem transoceânica da 86ª flotilha de navios, formada pelo contratorpedeiro Dena, de fabricação nacional, e o navio base Makran Avançado. Estes partiram da cidade portuária de Bandar Abás, no sul do Irã, em setembro de 2022 e retornaram ao território persa em 23 de maio, após uma viagem pelos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico (3) que recebeu aprovação intersetorial do órgão político iraniano e mundo militar.

O Irã está na América Latina com todo o direito e liberdade de um país soberano que pode aproximar posições, estabelecer convenções, acordos e tratados com quem quiser chegar a essa relação. Isso, doa ou não, machuca quem acredita ser o dono do mundo ou continua acreditando que a América Latina representa a extensão que trará de casa. Um pátio que há muito deixou de fazer parte da Casa Branca e que busca através de governos soberanos, com políticos de visão ampla como Hugo Chávez da Venezuela e hoje Nicolás Maduro. O ex-presidente Rafael Correa do Equador, o Brasil de Lula no passado e hoje. A Bolívia de Evo Morales. Nicarágua, Cuba e esperemos que se estenda para bem dos nossos povos, para alargar o arco de relações, para nos abrirmos a um mundo que saia da unipolaridade que tanto estrago nos tem feito, que prejudica as nossas economias e a nossa independência como países.

A visita de Raisi, assim como a de cada um desses altos funcionários do Itamaraty e ex-dirigentes persas, é um bálsamo e um encorajamento, uma lufada de ar fresco, diante da contaminação de uma sufocante Washington. E, nesse contexto, os três países latino-americanos que fazem parte da trajetória do presidente Raisi compartilham, juntamente com a República Islâmica do Irã, uma experiência comum de resistência constante à hegemonia estadunidense, desde o momento do nascimento de suas respectivas revoluções.

Sujeitos a uma política de máxima pressão e que aderiram, juntamente com a República Popular da China e a Federação Russa, à formação de uma nova ordem mundial baseada em normas de respeito pela autodeterminação dos povos, numa visão multilateral e, sobretudo, enfim, pondo fim às hegemonias belicistas e totalitárias que se apresentam sob os prismas das democracias modelo, sociedades supostamente referenciais. Ideias falaciosas, porque ao longo da história, essas sociedades e seus governos ocidentais foram responsáveis ​​por intervenções, agressões, golpes, desestabilização e com ela a morte de milhões de seres humanos, a fragmentação de países e um desequilíbrio de poder global.

Em trabalhos anteriores, onde tratei do conceito de multilateralismo – ligado ao Irã, mas também à Rússia e à China – como eixo da nova política mundial de soberania e dignidade, a viagem do presidente Raisi à América Latina representa uma linha bem visível. O trabalho em nosso continente e especialmente nos países visitados como Cuba, Nicarágua e Venezuela, em sua relação com o Irã é romper com os laços de supremacia estadunidense, que do ponto de vista histórico “tem suas raízes desde o momento de nossa formal independência sob a Doutrina Monroe” e que precisamos e devemos enfraquecer e até eliminar essa influência prejudicial aos nossos povos, tanto em sua política externa quanto em sua política interna: ingerência nos assuntos internos dos países, dependência econômica, tecnológica e militar e Acima de tudo, uma política de pressão, que em resposta a comportamentos de independência tem sanções, bloqueios, embargos, ações de desestabilização e até golpes de estado se não bastasse o anterior (4).

A República Islâmica do Irã, após 44 anos de revolução, vem consolidando uma presença que transcende a esfera regional, que estende seus laços por toda a Ásia e hoje esse objetivo é também a América Latina. O Irã tem o direito legítimo de ampliar esse leque de relações e contesta o direito de sair da reclusão que as potências hegemônicas quiseram lhe impor. Sua presença na América Latina é ar fresco, necessário, apoio a projetos para alcançar nossa independência definitiva “aquela pela qual já morremos mais de uma vez” como apontou premonitoriamente o falecido líder cubano Fidel Castro Ruz na Segunda Declaração de Havana (5 ).

A viagem do presidente iraniano já despertou a maquinaria manipuladora e de desinformação nesta parte do mundo, encabeçada por canais como a CNN, que critica a visita, os objetivos que persegue e registra as opiniões dos clássicos ultrarreacionários, que pedem para prevenir qualquer “interferência” em áreas consideradas de interesse nacional dos EUA. Isso no contexto das vergonhosas e criminosas declarações do ex-presidente Donald Trump, que em um comício na Carolina do Norte explicou que sua estratégia de apoiar um fantoche como Juan Guaidó na Venezuela, levando a cabo uma guerra híbrida, roubando seus ativos financeiros entre outras medidas estava destinada a usurpar seus recursos naturais “Quando saí – afirmou o acusado ex-presidente dos Estados Unidos – a Venezuela estava prestes a entrar em colapso. Teríamos apreendido e teríamos obtido todo aquele petróleo. Mas agora estamos comprando da Venezuela…” (6) Os advogados mantêm a confissão por meio de prova.

O caminho de Raisi e de todos os que se opõem a estas políticas intervencionistas, que procuram o diálogo, a cooperação, os acordos, as alianças estratégicas, é o nosso caminho e antes disso, todos os que vêm por este caminho são bem-vindos, como é o que vislumbramos de países como o Islâmico República do Irã, Rússia e China e que além de agregar Cuba, Nicarágua, Venezuela, tem o Brasil e seu governo liderado por Lula da Silva como eixo fundamental, para promover essa aproximação que está dando lugar a esse novo eixo geoestratégico de soberania e caráter multilateral. Com esta perspectiva, seja bem-vindo ao presidente do Irã e que este país atravesse a Grande Poça quantas vezes forem necessárias.

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