O TEMPO QUE PASSOU: A CRISE DO PODER E OS GOLPES DE SALMAN E AÉCIO

Luã Reis – Em 2015, o rei saudita e o líder tucano tinham futuros promissores: coroado com 30 anos, Mohammed Bin Salman apresentava uma visão de modernização para o país árabe, diversificando a economia e conectando a sociedade saudita plenamente aos valores do mundo globalizado; tendo perdido a eleição por uma margem estreita de votos, Aécio Neves coordenava uma oposição robusta, com apoio dos mais poderosos da sociedade brasileira, parecia nome certo e com grandes chances no pleito seguinte. Dois anos depois, as expectativas sobre eles mudaram dramaticamente. 
Foi no mesmo ano que, superestimando as próprias forças e com uma leitura equivocada da situação, iniciaram a irreversível derrocada, apostando em guerras. Salman contra o Iêmen, Aécio contra o governo Dilma. Eram apostas válidas: a população civil e parte do exército do Iêmen depuseram o presidente próximo dos sauditas, a intervenção traria de volta o aliado; com o governo Dilma acossado por todos os lados, o grande vencedor da deposição seria naturalmente o líder da oposição. 
No fim de 2017, é possível atentar ao desastre dessas ações para o rei saudita e o tucanos: o Iêmen se tornou um atoleiro; o golpe contra Dilma, embalado pela policialesca Lava-Jato, cobrou seu preço contra os políticos, o qual Aécio é provavelmente o mais desgastado. Agora, na defensiva tomam medidas agressivas e centralizadoras visando salvar a própria pele com, se possível, alguma credibilidade. Salman prende membros do governo, que poderiam, eventualmente, contesta-lo. Aécio retoma o controle do PSDB, impondo sua vontade, a permanência no internacionalmente reconhecido governo corrupto, “organização criminosa” segundo o MPF, de Michel Temer.
Obscuras figuras conservadoras que acreditaram em demasia na própria força, sem observar as fraquezas evidentes dos projetos que planejavam conduzir, tentam demonstrar poder, o que apenas revelam fraquezas. Permanecem sim por ora poderosos, mas parece questão de tempo para uma derrocada ainda maior. Considerando como o par de anos afetou as figuras, Salman e Aécio percebam não ter muito mais tempo.

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