A DITADURA BOLSONARISTA

Não há mais dúvidas, vivemos em uma ditadura no Brasil. Infelizmente, ainda existe certa confusão sobre o que é viver em uma ditadura. Não significa que o eletricista que conserta o poste de luz seja um agente do governo ou que seus vizinhos ouçam suas conversas e estejam prontos para denunciá-lo. Mas que todos os poderes do Estado – o Legislativo, o Judiciário e o Executivo – são controlados exclusivamente por um único grupo e não tem mais independência entre si. Esse grupo é formado pelo clã Bolsonaro, pela Lava Jato e pelos militares. Os três com conexões diretas com o governo dos Estados Unidos.

Para muitos, essa ditadura já era clara. Mas, depois dos acontecimentos desta semana, cada vez mais pessoas terão certeza para afirmar que o Brasil de 2019 viu o início da ditadura neoliberal e entreguista de Jair Messias Bolsonaro. Um presidente alçado ao poder depois de sucessivos golpes, a maioria deles planejados a partir de Washington e da Virgínia, sede da CIA nos EUA. 

A prisão de Lula e a perseguição ao PT desde as farsas do mensalão (com a participação de Sergio Moro como auxiliar de Rosa Weber e que condenou sem uma única prova concreta as maiores lideranças do partido através da Teoria do Domínio do Fato – uma tese jurídica alemã e que o próprio autor disse ser imprópria para a realidade brasileira) e da Lava Jato ajudaram a pavimentar o caminho para a chegada da ditadura. Hoje, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, através de mentiras, trabalham para destruir o Brasil. E à medida que o povo sofre com a falta de emprego e com a violência, eles ficam cada vez mais ricos e poderosos.

Como nas piores épocas da nossa pátria, só são respeitados os grandes empresários e os latifundiários. Os brancos e privilegiados continuam a aproveitar a riqueza que os trabalhadores produzem com tanto suor, enquanto o resto do Brasil continua a sofrer. Até quando?

Semana passada, o líder Emyra Wajãpi foi assassinado a facadas dentro da terra indígena, no estado do Amapá, em que vive a tribo. De acordo com as lideranças locais, até o pênis de Emyra Wajãpi foi cortado a facadas, em um ato de crueldade já comum nos vários cantos do Brasil. Nos últimos dias, garimpeiros invadiram ilegalmente a terra Wajãpi e os índios tiveram que fugir para não serem mortos e violentados. A reação do ditador Bolsonaro e do Ministério Público do Amapá (que age a mando do presidente)? Duvidar do assassinato e questionar a invasão dos garimpeiros. Pior, o ditador disse que quer incentivar o garimpo em terras indígenas, indicando não apenas que não se importa com as mortes no campo, mas incentivando-as.

Bolsonaro age como os portugueses quando chegaram em nossa terra. Que morram os índios! O que importa é explorar as riquezas naturais brasileiras e entregá-las em benefício do primeiro mundo, que tanto saqueou nosso ouro e nosso sangue. Na segunda-feira o presidente ditador afirmou que a demarcação de terras indígenas estava inviabilizando a exportação de commodities (produtos que tornam nossa economia dependente do estrangeiro, porque o preço dos produtos fica à cargo do interesse ou não dos outros países na mercadoria – ou seja, podem quebrar o Brasil quando quiserem) e questionou: “o que temos aqui além de commodities?”. Falou isso sem constrangimento. Ele vê o Brasil como uma grande feira (em promoção!) para os países ricos comprarem. Não pensa em industrializar o país, em grandes construções, em fomentar o setor de serviços ou nada que crie empregos estáveis para os brasileiros. Bolsonaro odeia o Brasil. Por isso nos oprime e nos ameaça.

O ditador Bolsonaro zombou de um filho que perdeu o pai. Porque ele também odeia o nosso povo. E seu ódio não tem limites. Disse para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que se ele “quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele”. O pai de Felipe Santa Cruz se chama Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira e fez parte da Ação Popular (grupo de esquerda cristã que, depois do golpe de 1964, se dividiu e teve parte dos integrantes defendendo a guerra prolongada contra os militares para restabelecer a democracia no Brasil). Qualquer que tenha sido o ato cometido pelo pai do presidente da OAB, nenhum filho deve ser ofendido de forma tão baixa. Além da fala de Bolsonaro soar como uma ameaça,  o presidente da república debochou do assassinato de um brasileiro pela ditadura militar. 

Ele fez isso apenas porque a OAB, agindo dentro da Constituição que – em partes – ainda funciona, entrou com um recurso para impedir que o advogado de Adélio Bispo de Oliveira tivesse seu celular violado pela outra parte do processo. Adélio Bispo, que frequentou um clube de tiro muito utilizado pelos filhos do atual presidente, é o autor do suposto atentado sofrido por Bolsonaro e que impulsionou sua candidatura em 2018. Um suposto ataque que o próprio ditador, que gosta de esbravejar parecendo fingir indignação, não quis investigar. Foi a defesa de Bolsonaro que não quis dar continuidade no processo. Qual o interesse de alguém que diz se preocupar com a segurança nacional não investigar um suposto atentado contra um candidato a presidente da república? Ainda mais se esse alguém for o atual presidente.

Bolsonaro não respeita as famílias. Ele as odeia, como odeia a todos nós brasileiros. Defende apenas a sua. Por isso vai dar como presente de aniversário um emprego de embaixador para o filho despreparado com salário de quase R$ 70 mil mensais (mais que o dobro do que recebe como deputado).

Mas é provável que a ditadura fique ainda mais dura. Os vazamentos feitos pelo The Intercept parecem, como noticiou o Duplo Expresso, uma espécie de cortina de fumaça para endurecer o regime. As informações contidas nas conversas do Telegram do membro do alto escalão da Lava Jato, Deltan Dallagnol, contém escândalos e comportamentos anti-democráticos e anti-éticos. Mas até agora não trouxe nenhum crime concreto que pudesse derrubar o membro da Lava Jato no governo ditatorial, Sergio Moro, ou anular os processos. Até mesmo porque não estamos em um estágio democrático. As instituições foram tomadas pelos golpistas e pelos ladrões do povo.

O resultado até agora foi nenhuma mobilização popular nas ruas e uma operação que prendeu 4 estelionatários, um deles filiado ao Democratas (DEM), e parece ter vindo pronta dos EUA junto com o ministro Sergio Moro, que há anos é visitante assíduo do território americano. E como afirmou o blog de Romulus Maya, provavelmente será usada para reprimir os brasileiros que querem a volta da democracia. Já está em tramitação no Congresso um projeto de lei que permite que as conversas telefônicas em qualquer aplicativo de conversas e redes sociais sejam monitoradas em tempo real pelo Estado brasileiro. E com o vazamento do depoimento dado pelos quatro presos que diziam que todo alto escalão de Brasília – em um número que chegaria a mil de acordo com o “depoimento” – teve o celular invadido (com técnicas que especialistas disseram ser impossíveis de serem executadas sem a invasão das redes de telefonia brasileiras, o que os quatro negam, assim como a Polícia Federal), o projeto terá amplo apoio entre os parlamentares. Mesmo que agora a própria PF tenha reduzido o número de celulares invadidos para uma dezena e supostas vítimas como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Lula – nem smartphone ele usava – tenham afirmado que não utilizavam o Telegram

É impossível negar que houve contato de hackers com Glenn Greenwald, porque o próprio jornalista já afirmou isso para a Revista Veja – onde o hacker negou a invasão do celular de Moro – e Manuela D’Ávila confirmou que intermediou o contato com Greenwald quando estava na Virgínia (coincidentemente, onde fica a sede da CIA). Mas se os quatro presos não forem realmente a fonte do The Intercept, então o contato feito com Greenwald estava sendo monitorado por alguém acima de Sergio Moro e dos presos. Quem seria em uma cidade tão distante? Porque se um dos presos disse isso em “seu” “depoimento” e a ex-deputada confirmou a versão, há muito mais coisas por trás dessa operação. 

Não é possível que esqueçamos de 2013, quando, repentinamente, surgiu nas ruas o grito contra a PEC 37 (que deu poderes de investigação criminal ao Ministério Público e possibilitou o início da Lava Jato). Uma comoção nacional foi criada, principalmente pela internet, com atuações de robôs de fora do país, para que o povo defendesse uma lei que colocaria no poder aqueles que sempre agiram contra ele. 

Por isso o filme sobre ditador Bolsonaro afirma que o início de sua trajetória até a presidência começou em 2013. Bolsonaro e os líderes estrangeiros que o apoiam sabem que criando um sentimento geral na nação, conseguem enganar o povo mais facilmente e fazer com que o brasileiros apoiem medidas contra o Brasil. E é justamente isso que parece estar em curso com a operação de Sergio Moro.

Bolsonaro não quer que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgue dados sobre desmatamento, quer controlar o conteúdo dos filmes aprovados pela ANCINE, as questões da prova do ENEM, ataca jornalistas, suspende contratos que deixam 30 milhões de pessoas sem remédio gratuito, corta orçamento das universidades federais e até de creches, aprova uma lei que permite que bebês andem sem cinto de segurança em um carro, diminui as medidas de segurança oferecidas aos trabalhadores com profissão de risco e quer que os idosos paguem a conta dos bancos com a pior reforma da previdência já apresentada na história do Brasil. Ele chegou ao poder para destruir o Brasil. E está só começando.

É verdade que Jair Bolsonaro chegou ao poder através do voto. Mas Adolph Hitler também fez o mesmo.  O ditador utilizou o incêndio do Reichstag alemão para endurecer seu regime. O ditador brasileiro pode fazer o mesmo com o caso dos supostos hackers presos. Ele que se beneficiou da prisão de Lula, da destruição da reputação dos partidos políticos, da retirada de quase 3 milhões e meio de títulos eleitorais no Nordeste, da má implementação de um sistema biométrico que impediu milhares de pessoas de votar e do roubo de dados do Facebook de milhões de brasileiros que ajudou a criar a maior campanha de mentiras e difamações contra um adversário político na história do planeta, pode violentar o povo novamente. E nós precisamos urgentemente nos organizar para nos defender. Hoje, ser revolucionário no Brasil é defender a democracia. E ela só será colocada em prática pelo povo. Não pelos ricos e privilegiados que nos odeiam. Derrubar Bolsonaro é um dever de todo patriota. E é preciso agir agora.

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