DARIO MESSER: O BRASIL TODO É UM PALCO

Por Kissel Goldblum

O Brasil sempre foi considerado um país complicado de se entender em vários aspectos, no entanto, desde o golpe de 2016, os últimos acontecimentos parecem ter saídos de roteiros criados por Francis Coppola, Glauber Rocha, e quem não pensa em Quentin Tarantino quando assiste a banalização dos massacres em presídios, como o que ocorreu semana passada, quando 57 pessoas foram assassinadas, decapitadas, e suas cabeças utilizadas para uma partida de futebol. Ou também, por que não lembrar do roteirista mexicano Salvador Carrasco, que representou o extermínio dos povos nativos americanos pelos espanhóis, quando temos assistido na TV aos constantes assassinatos de lideranças indígenas no Brasil com o acobertamento do Governo Bolsonaro.

No dia 25 de julho, assistimos ao roubo de 720 quilos de ouro, o que equivale a mais ou menos R$ 120 milhões de reais, do aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Numa ação cinematográfica, que utilizou carros clonados da PF, e que foi estimada em R$ 1 milhão de reais. Este assalto, certamente nos faz lembrar do assalto ao Banco Central de Fortaleza em 2005, quando foram roubados mais de R$ 164 milhões de reais, e que até hoje a PF recuperou apenas R$ 20 milhões (deixados pelos próprios assaltantes). Ou ainda o roubo a 171 cofres particulares de uma agência do Itaú em 2011, quando foram roubados o equivalente a R$ 500 milhões de reais. Coisas que acontecem só no Brasil. No entanto, se quisermos falar sério sobre histórias de roubo que rondam o nosso país, estes eventos são só crónicas do dia-a-dia. No Brasil temos histórias de roubo e de ganância que Orson Welles não escreveria. 

Esta semana, a Lava Jato revelou ter “encontrado”, finalmente, Dario Messer, o chamado “doleiro dos doleiros” por Alberto Youssef, que por sua vez era considerado pelos investigadores a engrenagem da corrupção sistêmica no Brasil. Messer, que estava “foragido”, em São Paulo, morando em um apartamento de luxo desde o ano passado, curiosamente, durante todo o período das eleições. Como o doleiro dos doleiros do maior esquema de corrupção (segundo a Lava Jato) estava solto até hoje? Ele comandava um sistema bancário com ramificações em 52 países [!], que movimentou mais de R$ 6 bilhões [!]. Há mais de 30 anos [!?] ele é investigado por lavar dinheiro para empresários, políticos e criminosos em geral. Agora, a parte importante: este cidadão trabalhou para o PC Farias [!], foi investigado no escândalo dos precatórios, propinoduto no Rio e participou de um dos maiores, ou quem sabe o maior esquema de corrupção da história do planeta, que faz toda a corrupção investigada pela Lava Jato ser considerada fichinha.

Por volta de 1996 e 1997 aconteceu o que ficou conhecido como o escândalo do Banestado no… Paraná [!], onde foram desviados, segundo o relatório da CPI do Banestado R$ 150 bilhões [!]. E, no qual, a participação do juiz Sérgio Moro foi fundamental para a legalização de todo o esquema no fim das contas. Parece que já tem um tempo que Sergio Moro não vê nenhum problema nas ações de Dario Messer, como certamente não viu e não vê nas ações do ex presidente Michel Temer ou do não ex presidente Aécio Neves. Quem sabe, temos que enxergar Dario Messer e o juiz Sergio Moro como partes do mesmo esquema, comandado por aquelas “forças ocultas” que muitos políticos denunciaram exercer influências na política do país. 

O historiador Jessé Souza gravou um vídeo onde pergunta: – por que Sergio Moro ainda não está preso, mesmo depois da confirmação da veracidade das mensagens, e assim, do conluio ilegal entre juiz e  promotor? “A lei parece não se aplicar aos desmandos de Moro e sua quadrilha, muito menos para as fontes de renda misteriosas da família Bolsonaro. Será que é porque esse pessoal assegura, por outro lado, o saque do Estado e das riquezas nacionais pela elite endinheirada? Quem ainda possuir dois neurônios intactos saberá responder”.   

O Brasil é um palco para experiências econômicas, sociais e políticas da elite internacional, do mesmo modo como a Palestina é um palco para as experiências militares israelenses, assim como o Afeganistão se tornou para os EUA, como afirmou o jornalista Pepe Escobar. O governo Bolsonaro se tornou um laboratório de experiências para os governos fascistas de todo mundo. Não há limites para o que ele pode propor ou falar. O Brasil todo é um palco.

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