A FALÊNCIA DO MOVIMENTO SINDICAL BRASILEIRO E A ESQUERDA ESTÉTICA

Por Matheus Mendes

O governo Bolsonaro já conta quase 8 meses completos e a esquerda continua atônita frente aos ataques contra ela perpetrados. Não é que haja imobilismo por parte da população brasileira. Mas também não se pode dizer que haja movimento popular de contestação na intensidade necessária capaz de combater o mal institucional que assola o país. 

Se você conversar na rua com os trabalhadores, a percepção é quase unânime: mesmo aqueles que votaram  Bolsonaro ou foram sobretudo antipetistas, desde os mais fanáticos lavajatistas aos simplesmente liberais que gostariam de ver o Amoedo vendendo até a própria avó, todos hoje fazem duras críticas ao governo e não toleram os impropérios vomitados hodiernamente na imprensa pelo pária internacional em que o presidente se converteu. Nos jornais internacionais, charges de Bolsonaro não poupam na comparação a Hitler, furiosos com o racismo e a política de devastação da Amazônia; nos jornais nacionais, os editoriais não se cansam de atacar os diversos aspectos do governo, ridicularizando-o ao mesmo tempo que se demonstram estupefatos.

Mas e a esquerda? E o movimento popular, de trabalhadores, que, organizados, é capaz de fazer pressão política, fazendo ressoar suas necessidades? Onde ele está? O que anda fazendo? Cadê a ação política? Algo grave ocorre quando nos fazemos essas perguntas e não sabemos respondê-las, ou, no melhor dos casos, apenas apontamos para uma débil atuação parlamentar e para as frágeis manifestações sem grandes consequências práticas. De certo, a direita organizada (em especial no governo, mas não só) faz de tudo para ignorar os anseios de liberdade dos trabalhadores, mas centrar o diagnóstico na atuação da antípoda da classe trabalhadora não dá conta da compreensão total sobre as tarefas necessárias à organização popular. 

A maior organização partidária de esquerda do país, o Partido dos Trabalhadores, provém da organização sindical e intelectual dos trabalhadores brasileiros. Tendo seus maiores expoentes oriundos dos trabalhadores fabris sindicalizados, entre eles Lula, e dos intelectuais organizados (como os intelectuais universitários paulistas e os trabalhadores do direito), como Antônio Cândido e Sérgio Buarque de Holanda, trabalhadores que transitam entre várias áreas, de ação política contundente, até mesmo de guerrilha, como Genoíno, Dirceu e Apolônio de Carvalho, hoje o PT não parece mais conseguir aglutinar os trabalhadores em sindicatos como antes fazia. As novas organizações de esquerda, como o PSOL, por exemplo, tampouco conseguem reunir os trabalhadores em seus fóruns e entidades. A CUT, maior organização sindical e ligada ao PT, não parece estar muito interessada em realizar uma greve geral para valer. Utilizam a ameaça de paralisação geral apenas como moeda de troca. Quando anunciam greve, logo recuam em sua organização frente a acenos do governo no sentido de dialogar. Basta o governo sinalizar que sentará na mesa para tomar um cafezinho que os sindicalistas da CUT retrocedem na agitação. Outras entidades menores, como a Intersindical e a CSP-Conlutas, ligadas a outras entidades partidárias, embora se digam combativas, tampouco conseguem realizar muito para além da mera convocação. Nada há para se falar das organizações já há muito somente gerentes dos interesses dos patrões, como a Força Sindical, raivosamente apelidada de Farsa Sindical. 

O que há em comum entre todas essas organizações é sua nítida opção pelo diálogo e atuação  institucional, deixando em segundo ou terceiro plano a organização de base. O falso debate no youtube entre a golpista Janaína Paschoal e o assim-proclamado-combativo Marcelo Freixo é exemplar e sintomático. Nas redes sociais os cidadãos de esquerda se mostraram furiosos com o episódio. Não é possível que a esquerda passe pano para uma nítida golpista que, menos de 24h depois, vai ao twitter xingar a esquerda de câncer nacional. 

Contudo, uma vez mais, isso não quer dizer que haja imobilismo por parte da população. A esquerda não profissionalizada, sem cargos (e portanto sem apegos ou compromissos econômicos aos mesmos), se organiza como pode: canais de youtube, páginas de redes sociais, memes, plenárias, propaganda virtual e manifestações de rua são realizadas. As maiores manifestações recentes do país surgiram justamente dessa organização que, embora tivessem tido apoio das entidades formais da esquerda, foram realizadas de baixo para cima, a partir de uma espontânea (no sentido de não dirigida previamente) organização e agitação dos trabalhadores da educação, com pautas claras e muito bem definidas contra o corte de verbas e os desmandos do governo na área educacional. Só no Rio de Janeiro, calculou-se 400 mil manifestantes, com paralisação do trabalho e atividades de greve desde cedo na manhã, com aulas públicas, distribuição de informativos, confecção de materiais de protesto como faixas e cartazes, culminando na enorme passeata pela Presidente Vargas que terminou reprimida pela polícia militar do governador Witzel. 

É bem verdade que a segunda manifestação da educação foi menor, mas mesmo assim conseguiu mobilizar milhares nos principais cantos do país, trazendo às claras as pautas e exigências do movimento popular e se sobrepondo, em muito, às mobilizações da direita. A terceira greve da educação foi no mesmo caminho. Embora menor, talvez devido à mobilização mais tímida para convocá-la, seguiu no mesmo padrão, com atos no país todo cuja tônica foi a latente raiva contra Bolsonaro. Pode-se dizer que o movimento estudantil continua vivo, mas certamente não é pela ação da UNE ou das instituições tradicionais dos estudantes, embora elas componham e possuam relevante papel nas mobilizações. O mesmo pode-se dizer dos demais trabalhadores, antes reunidos nos sindicatos. Os trabalhadores mobilizados existem, muitos continuam organizados e indignados, mas não pela ação de sindicatos de base ou federações sindicais. A que se deve essa miséria organizacional da esquerda?

Não podemos cair na tentação do voluntarismo político se quisermos ser consequentes em nossa análise. Tampouco podemos crer que o mal seja congênito ou separado da própria história que acompanha e dá causa aos fenômenos da sociedade. Com efeito, a organização dos trabalhadores se dá em função da organização do mundo do trabalho, pois é dele que ela provém e a ele que ela responde. Isso não quer dizer que a organização dos trabalhadores não possa influenciar na organização do trabalho e dos meios produtivos. Ao contrário, ela deve influenciar, pois os trabalhadores são a própria força produtiva. Mas isso quer dizer sim que toda vez que a organização do mundo do trabalho e dos meios de produção mudar, também a organização dos trabalhadores mudará. É o nosso caso atual.

Os meios de produção mudaram: há automatização nas linhas de produção, boa parte da produção é feita por demanda, as fábricas foram internacionalizadas e sua produção fracionada, a cadeia produtiva fragmentada e a terceirização de elementos da produção parece ser a tônica a ser seguida. Com a necessidade de aumentar as taxas de lucro, capitalistas fazem metas de otimização do trabalhador, fazendo com que o que antes alguns trabalhadores produziam, um único trabalhador produza com auxílio de um robô. Assim, as fábricas montadoras de automóveis do ABC paulista podem aumentar anualmente sua produção ao mesmo tempo que demitem funcionários. As empresas de soja que mecanizam sua produção não têm necessidade de muitos funcionários e sequer precisam de uma empresa brasileira que produza seus equipamentos, se é mais barato e cômodo importar a tecnologia pronta, desenvolvida na Alemanha, fabricada na China e transportada por um cargueiro japonês operado por trabalhadores filipinos. Com menos trabalhadores empregados, mais trabalhadores desempregados se sujeitam a receber salários menores, em condições de trabalho mais precárias, e em geral sem as devidas garantias legais de proteção trabalhista. Com seu trabalho otimizado pela tecnologia (isto é, com sua super-exploração), novas formas de trabalho surgem, a exemplo do teletrabalho, em que o trabalhador faz o serviço à distância (home office é o nome fantasia), e do trabalho sob demanda, a chamada uberização do trabalho. 

Não é por outra razão que hoje assistimos a uma certa falência da organização sindical no Brasil (e no mundo). Um mundo do trabalho mais exploratório piora consideravelmente a capacidade de organização dos trabalhadores. Como reunir no “chão da fábrica” o entregador do Rappi e o motorista de Uber, se eles não possuem local de trabalho? Como convencer um trabalhador a fazer greve se todo dia ele vê uma fila de gente pedindo trabalho no seu RH? Como dizer ao trabalhador que sua previdência social está ameaçada e que a solução é combater o patrão, se ele sequer sabe quem é seu patrão, um fundo de investimento britânico sem rosto nem nome que cotidianamente paga uma emissora de TV para mentir que a reforma da previdencia em desfavor do trabalhador é inevitável? 

Não é por acaso que as maiores mobilizações populares sejam estudantis e as maiores e duradouras greves sejam de funcionários públicos. Também não por acaso que estes sejam precisamente os alvos preferenciais da nova direita que promove um novo modelo de sociedade em que a contestação política, tanto quanto possível, possa ser eliminada. Outra consequência desse cenário que devemos levar em conta é a maneira de chegar aos trabalhadores: com os novos meios de comunicação, notadamente a internet e suas redes sociais, e a precarização do local de trabalho, é por óbvio que às mobilizações dessas frações da sociedade sejam politizadas e mobilizadas por esses meios outrora não tradicionais.

Ora, podemos agora nos perguntar, como então organizar os trabalhadores se eles estão assim fragilizados pelo mundo do trabalho a que estão sujeitos? Há um claro hiato entre o novo mundo do trabalho reorganizado pelo neoliberalismo e as clássicas organizações dos trabalhadores que ao antigo modelo de trabalho respondiam. Os sindicatos se tornaram burocratizados não como forma de se revestirem de legalidade, mas como maneira de se fecharem em si. Hoje, a maioria deles serve como plataforma política dos partidos eleitorais, de modo que sua atuação é menos pautada nas necessidades das categorias do que na própria exigência dos partidos, tornando-se simples grupo de pressão e lobby nos parlamentos, quando muito, ou linha auxiliar de grupos políticos com atuação institucional, quando menos. Até mesmo sua função cartorária, de representar seus trabalhadores em questões legais tem sido uma atividade secundarizada pelos sindicatos. A consequência desse cenário é óbvia: afasta os trabalhadores de seus instrumentos de luta, tornando sua mobilização obsoleta, alienando-os de sua consciência de classe e multiplicando a administração por cúpula de seus interesses, tornando a hierarquia da cúpula partidária uma regra deletéria.

Vejamos o exemplo do SEPE-RJ, o sindicato dos profissionais de educação do estado do Rio de Janeiro. Sua estrutura administrativa e decisória coloca a assembleia da categoria acima das decisões da direção, o que é um bom principio da democracia operária. Sua direção, por seu turno, não é majoritária, mas proporcional aos votos obtidos por cada chapa no pleito eleitoral, o que permite que os grupos políticos minoritários não sejam excluídos da participação administrativa do sindicato. Tudo é bonito em teoria, mas na prática o que ocorre é que decisões da assembleia da categoria que não contemplam desejos dos grupos que compõem a direção não são tocadas, e os grupos minoritários, que não dirigem, apenas fazem figuração para a estrutura burocrática poder posar de democrática; quando uma mirada mais detida no funcionamento do SEPE-RJ revela, por exemplo, que se gasta muito mais nas eleições a seus cargos do que na campanha salarial ou na assistência a seus sindicalizados. O montante com eleição é tão grande que empréstimos são feitos para pagar seus custos, e hoje o sindicato, estimado como o terceiro maior sindicato da América Latina em tamanho de afiliados, deve mais do que arrecada. Como se não bastasse, seus dirigentes deixaram de pagar encargos trabalhistas e previdenciários de seus próprios funcionários(!), numa dívida que hoje chega a mais de 6 milhões. Devido a isso, a última assembleia orçamentária sequer aprovou orçamento, pois a discussão girou em torno se se pegaria ou não dinheiro do fundo de greve (isto é, da luta) para pagar as dívidas que as gestões passadas (a das mesmas figuras da gestão atual) contraíram. Este caso é meramente ilustrativo, mas não está muito longe de explicar em grande medida os labirintos que a burocracia sindical legam aos trabalhadores, alijando-os do processo ativo de luta, mobilização e conscientização de classe. O movimento sindical, a par com as atividades institucionais parlamentares, termina por fazer o papel de gerente dos interesses burgueses ao aceitar a função de administrador e amansador dos conflitos de classe, ao invés de brigar pelos interesses de sua classe. 

As indagações iniciais permanecem. Como superar o hiato entre as velhas estruturas dos trabalhadores e a nova organização do trabalho? Como superar os desinteresses de classe daqueles que se dizem seus representantes? Como organizar uma luta numa escala de intensidade suficiente para que os trabalhadores tomem de volta o poder que sempre lhe foi de direito?

Por certo, devemos começar pelo começo, que é o reconhecimento de onde nós encontramos. Compreender as mudanças nas condições materiais do mundo do trabalho e dos trabalhadores nos informa para onde estamos indo e até onde podemos chegar. Sabendo disso, podemos então superar a esquerda estética, essa esquerda que, vivendo de aparências, apenas se ocupa em aparecer, posar para uma foto ou mídia, de forma que crê cegamente que o problema não é estrutural, mas apenas circunstancial, uma aparente ilusão que se desfará se mantivermos a aparência de estarmos do lado do bem. 

Assim, a esquerda estética se comporta como se Bolsonaro fosse apenas um mal momento do país, e jamais um projeto da burguesia para transferência de renda estatal para o bolso do capital privado, o que de fato ele é. Dessa forma, a esquerda denuncia a imparcialidade de Moro em aspectos processuais da lava jato, mas não consegue nunca demonstrar para o povo a real operação de guerra híbrida montada pelo imperialismo americano. Em suma, acha que a democracia está preservada se as instituições ainda aparentarem funcionar, jamais compreendendo que as instituições funcionarem é precisamente o corolário do estado de exceção instalado.

Nada pode ser mais fantasioso do que pretender alguma normalidade ou tratar a anormalidade como algo passageiro, porém natural. Primeiro, porque o fato de desejarmos que uma ilusão ou anomalia desapareça não contribui em nada para que ela simplesmente desapareça. O mundo não se dobra aos caprichos de nossas vontades. Segundo, porque há algo maior de fundo, um problema real, estrutural, que determina a existência da ilusão das aparências. E não será por meio da aparente superfície que atingiremos o que é essencial. Não é suficiente a esquerda denunciar o mal que assola o país sob o bolsonarismo se não agirmos no sentido de arrancar o mal pela raíz, atacando a própria causa que o deu termo. A burguesia e aqueles que se apossaram do pode por meio de um golpe não deixarão a esquerda passar só porque pedimos licença. Lula não será libertado sem pressão popular, por simples ato de consciência voluntária de um juiz. Não haverá eleições livres se os militares não saírem da estrutura política eleitoral, e eles não o farão porque dissemos que devem fazê-lo, só o farão se forem forçados a isso mediante pressão real.

A esquerda que posa para foto, faz live em rede social e aproveita as pautas da mídia para meramente se posicionar é uma esquerda estética, preocupada com “passar a mensagem” ao invés de transformar a realidade. Aproveitar as pautas impostas pela mídia (que por sua vez se sujeita às pautas do governo) é ficar a reboque da ideologia, ou seja, da aparência de realidade que mascara os problemas reais. Concentrar os esforços para ser responsivo aos temas impostos, sob as condições impostas, é, no máximo, enxugar gelo, posto que estará apenas reagindo a um efeito, e não combatendo a causa. Se a esquerda se concentrar em somente se posicionar contra as queimadas de Bolsonaro na Amazônia, sem organizar uma reação real, de pressão popular, ela terá força apenas para isso – firmar uma posição aparente, estética –, sem no entanto conseguir dizer o que deve: a Amazônia é dos brasileiros, tem que ser preservada, sua biodiversidade protegida e, por isso mesmo, não deve, sob nenhum aspecto, ser tutelada por potências imperiais com interesses econômicos por ela. 

Portanto, como superar a esquerda estética? Compreendendo que estamos diante de um sofisticado projeto arquitetado pela burguesia internacional organizada na direita mundial, cabe a nós fazermos o cálculo da luta de classes e propor também um projeto. Esse projeto deve incluir o poder, mas também os meios de alcançá-lo e preservá-lo. Assim, não pode consistir num projeto de curto prazo, de meros propósitos eleitorais, mas deve ser pensado a médio e longo prazo, uma vez que não visamos likes, nomes de ruas ou leis, mas a libertação total da humanidade da injusta exploração. Não devemos esquecer Lula na cadeia, mas precisamos um projeto de propaganda que explique ao povo porque manter Lula preso é uma ameaça aos direitos fundamentais de todo brasileiro, já que as injustiças contra um, podem ser usadas contra todos. Não basta almejar a conquista do governo, mas é preciso criar formas de participação popular efetivas que impeça golpes por meio da infiltração popular em todos os meios decisórios. Se o poder for do povo, dele ele não abdicará. 

Tendo isso em mente, a articulação deve ser a maior possível, com uma comunicação clara e coerente, mas, sobretudo, massiva. Outdoors, publicidade em rádio e tv, anúncio de internet, manifestações de rua, etc. Organizar e mostrar que algo vem sendo feito é já a forma mais eficaz de fazer a rejeição latente do povo às injustiças transformar-se em revolta patente. Por fim, a mobilização deve ser intensiva. Só a intensidade da luta é capaz de fazer a direita e o neofascismo recuarem. Tal intensidade não surge do nada, mas da organização, não só no espaço, mas também no tempo. É fundamental que os movimentos sociais prevejam momentos do governo propícios a mobilizações, de forma que um ato já seja preparatório dos demais – todo ato, manifestação, evento deve ser já uma organização para a próxima etapa da mobilização, alertando sobre o que virá, e prevendo os movimentos repressivos da direita. Não se pode mentir! Dizer aos trabalhadores que um ato grande foi vitorioso é enganá-los, se desse ato nada concreto além de belas fotos se seguir, cantar vitória é arrefecer a revolta, é desmobilizar quem tem se articulado. Aquele que é enganado pela ilusão de que tudo ficará bem, que os direitos estão conquistados, por eles não se mexerá, e logo se decepcionará. 

Prever, mobilizar e organizar são tarefas trabalhosas, mas capaz de nos legar um mundo novo e melhor. Nestes momentos, é oportuno lembrar a velha máxima de Marx: “até hoje [os filósofos] se contentaram em interpretar o mundo, resta-nos transformá-lo”. Transformar o mundo aqui não significa o contrário de mudá-lo, pois a transformação é do mundo, e, antes, é preciso pensá-lo, compreendê-lo, para sabermos o que e no que transformaremos este mundo. Crer que transformaremos o mundo sem pensarmos nele e mudar nosso pensamento é, no máximo, voluntarismo, se não mero efeito estético. Na dialética desta frase de Marx se atinge também a dialética necessária da sociedade: é a mudança do mundo que fará mudar o pensamento, e transformar o pensamento é já lograr sua transformação real, pois os homens se pensam em sua própria história, nunca lutando contra ela e contra si, posto que são uma e a mesma coisa.

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