A Nova Zelândia vence o Coronavírus e planeja a semana de trabalho com 4 dias

Luã Reis – A Primeira Ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, do Partido Trabalhista, anunciou no dia 08/06, que o país não tem mais casos da Covid-19. A vitória sobre a pandemia foi declarada após o país completar 17 dias sem novos casos da doença e com a alta do último paciente com o coronavírus. O inegável sucesso no combate à pandemia só foi possível graças rápida e eficaz estratégia de Arden. A Primeira Ministra também cogita ousados planos econômicos para o pós-pandemia.

O governo relaxa agora todas as medidas de combate ao coronavírus, exceto as restrições em relação a fronteira do país. As ações mais severas foram entre abril e maio, quando 91% da população se manteve em isolamento social. Ao todo, foram sete semanas de ações contra a pandemia, o país registrou 1.154 infectados e 22 mortes entre os 5 milhões de habitantes do arquipélago na Oceania.

Em artigo publicado no dia 08/06, Jacinda celebra a vitória e retorno à normalidade: “Nosso objetivo também era sair do outro lado o mais rápido e seguro possível. Um lugar onde nossas fronteiras continuam sendo nossa primeira linha de defesa, mas onde todas as regras e restrições atuais sobre negócios e serviços são essencialmente levantadas.

Onde todas as regras de hospitalidade, como serviço único, mesas separadas e pessoas sentadas, terminaram. Onde não há exigência de distanciamento físico nos locais de trabalho e em locais públicos. Onde todas as reuniões de qualquer tamanho podem ocorrer. Onde a vida parece o mais normal possível no tempo de uma pandemia global.”

A queda do PIB não foi tão dura quanto o esperado graças a ação rápida do governo trabalhista. O Banco Central da Nova Zelândia previa queda de 8.8 % do PIB, no entanto o tombo ficou apenas em 3.7%. As exportações de grãos não foram muito afetadas, se mantendo em patamares próximos aos do ano passado.

No pós-pandemia, o governo aposta em três eixos para alavancar a economia: a horticultura de frutas típicas do país, no turismo interno e na semana de trabalho de quatro dias, a mais ousada e transformadora das propostas. Falando para a população em uma live, Arden lançou a ideia da semana de trabalho reduzida, com 4 dias de expediente e três de descanso, a ser adotada primeiro pelo setor privado e em seguida, sendo bem sucedida, que poderia ser aplicada de forma ampla no país.

O turismo, setor vital para a economia do país, duramente afetado com o fechamento das fronteiras, seria estimulado com mais tempo livre para os trabalhadores neozelandeses. Além disso, a Primeira-Ministra ressaltou os ganhos com a produtividade diante de maior bem-estar dos trabalhadores. Ano passado, o governo trabalhista estabeleceu um comitê para zelar pela saúde física e mental no ambientes de trabalho: “Precisamos abordar o bem-estar social de nossa nação, não apenas o bem-estar econômico”, declarou a Primeira-Ministra em Davos.

Uma redução da jornada de trabalho, seja no número de horas por dia, seja nos dias durante a semana, também diminuiria o desemprego e a possibilidade de contágio de uma possível segunda onda da pandemia.

Jacinda Arden foi fortemente ligada ao movimento operário da Nova Zelândia, tendo trabalhado em plantações de maças durante a juventude. Na década de 2000, foi presidente da Juventude da União Socialista Internacional, onde defendia, entre outras ideias, que os ricos pagassem a conta pela crise de 2008. Agora, como Primeira-Ministra, a mais popular da história recente do país, ela pode cobrar parte dessa futura.

A Nova Zelândia se tornou um dos exemplos mundiais no combate a pandemia do Coronavírus, pode também se tornar pioneira no enfrentamento da crise econômica que se aproxima. O “novo normal” da Nova Zelândia trazendo maior bem estar e segurança para os trabalhadores pode inspirar muito além do arquipélago de Jacinda.

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