Hoje na História: o atentado contra o avião cubano apoiado pela CIA

Depois de fracassadas investidas militares direta em Cuba e da Crise dos Mísseis de 1962, sucessivos atos terroristas, praticados por dissidentes cubanos e estrangeiros nos anos 60 e 70, se tornaram uma das principais armas na tentativa de desestabilização do regime cubano. A mais notável destas tentativas ocorreu em 6 de outubro de 1976, quando uma explosão derrubou um avião da estatal Cubana de Aviación, matando todas as 73 pessoas a bordo da aeronave.

O voo CU-455 seguia de Georgetown, Guiana, até Havana, tendo feito uma última escala em Bridgetown, Barbados. Antes da realização de mais uma escala programada no aeroporto de Kingston, Jamaica, e apenas 9 minutos depois da decolagem em Bridgetown, um explosivo automático implantado no banheiro traseiro da aeronave foi detonado. Com o avião em chamas, piloto e copiloto iniciaram manobras de emergência, até que a explosão de uma segunda bomba resultou na destruição completa da aeronave (no vídeo acima é possível escutar a última comunicação entre o piloto e a torre de controle do aeroporto de Bridgetown). Do total de 73 vítimas, 57 eram cubanas, 11 guianenses e 5 norte-coreanos. O fato foi ignorado pela imprensa internacional.

Evidências posteriores revelaram que o atentado fora concebido e executado por contra-revolucionários de origem cubana que mantinham fortes vínculos diretos com a CIA. A agência deu suporte direto à ação junto a membros da antiga polícia secreta venezuelana (autores materiais do atentado). Entre os terroristas estão Orlando Bosch e Luis Posada Carriles, que continuaram vivendo na Flórida apesar dos protestos permanentes do governo cubano pela punição dos envolvidos.

Documentos desclassificados pelo governo dos Estados Unidos demostram que Posada Carriles trabalhou como agente da CIA entre 1960 e 1974, período no qual foi enviado por essa organização como assessor de Segurança dos serviços secretos da Venezuela, Guatemala, El Salvador, Chile e Argentina.

Conheça a sórdida história de vida deste terrorista profissional, que foi treinado, apoiado e financiado durante toda a sua vida pelos EUA

1 – Luis Posada Carriles nasceu na cidade de Cienfuegos, em 1928. Se nacionalizou na Venezuela e foi treinado para formar parte do Exército dos Estados Unidos.

2 – Documentos desclassificados pelo governo dos Estados Unidos demostram que Posada Carriles trabalhou como agente da CIA entre 1960 e 1974, período no qual foi enviado por essa organização como assessor de Segurança dos serviços secretos da Venezuela, Guatemala, El Salvador, Chile e Argentina.

3 – Na Venezuela, ele se incorporou à extinta Direção dos Serviços de Inteligência e Prevenção (DISIP), onde dirigiu várias sessões de tortura.

4 – Recebeu financiamento da FNCA, integrada por seguidores do ditador cubano Fulgencio Batista (derrotado pela Revolução) radicados nos Estados Unidos.

5 – Em 1961, se incorporou aos preparativos de uma invasão mercenária à Cuba, na região de Praia Girón, e formou parte da Operação 40, encarregada de apoiar o desembarque daquela ação militar.

6 – Em 1971, protagonizou um atentado fracassado contra o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, quando este realizava uma visita oficial ao Chile, convidado por Salvador Allende.

7 – Em 1976, esteve envolvido no assassinato de Orlando Letelier, que foi o chanceler chileno durante a gestão de Allende.

8 – Também em 1976, organizou na Venezuela o atentado contra um avião da empresa Cubana de Aviação, que ocorreu no dia 6 de outubro daquele ano, no qual morreram 73 passageiros, entre eles jovens esportistas da equipe juvenil de esgrima de Cuba.
Por este ato, Posada Carriles foi preso na Venezuela, mas conseguiu fugir em agosto de 1985, durante uma troca de guarda noturna dos vigilantes. Depois, se deslocou entre países da América Central, como Honduras, Guatemala e El Salvador, onde seguiu ampliando seu currículo de terror, apoiando atividades de contrarrevolução na Nicarágua.

9 – Posada Carriles organizou numerosos ataques com explosivos a vários hotéis de Havana, no ano de 1997. Ele mesmo reconheceu publicamente essas ações como sendo de sua autoria, em uma entrevista dada ao diário estadunidense The New York Times, um ano depois dos atentados.

10 – No ano 2000, tentou novamente acabar com a vida de Fidel Castro, durante a Cúpula Íbero-Americana que se desenvolveu no Panamá. A ação foi frustrada e Posada Carriles foi preso junto com outros três criminosos: Gaspar Eugenio Jiménez, Pedro Remón e Guillermo Novo. Entretanto, em 2004 foi indultado pela presidenta panamenha Mireya Moscoso.

11 – Em 2005, entrou ilegalmente aos Estados Unidos. Foi preso por essa ação, mas conseguiu a liberdade dois anos depois, ao pagar uma fiança. Em 2011, a juíza Kathleen Cardone decretou sua liberdade definitiva, livrando-o da acusação por delito migratório, por considera-lo “velho e inválido”. Desde então, viveu nesse país, especificamente em Miami, amparado pelo governo norte-americano.

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