Protestos, quatro mortes e novas eleições: como avançam os protestos no Peru após a destituição de Castillo

Via Actudalidad

A incerteza prevalece depois que o ex-presidente Pedro Castillo tentou dissolver o Congresso, que finalmente aprovou sua destituição.

A crise política que o Peru atravessa já deixou um saldo provisório de quatro mortos, uma convocação de novas eleições presidenciais e um clima de violência devido à repressão policial sofrida pelos protestos massivos de cidadãos a favor do ex-presidente Pedro Castillo e contra a nova presidente, Dina Boluarte.

Também há incerteza sobre o futuro de Castillo, já que o México insiste em conceder-lhe asilo, mas a Justiça peruana quer julgá-lo por várias causas de suposta corrupção e pelos crimes que teria cometido na última quarta-feira, quando anunciou a dissolução do Congresso e um “governo de emergência excepcional” que não contou com o apoio de nenhum dos poderes – executivo, legislativo e judiciário – nem das Forças Armadas.

Nesse dia, terminou a tensão que prevalecia no Peru desde que Castillo assumiu o cargo em 28 de julho do ano passado. E o clima de tensão só vem aumentando.

Isso se refletiu, por exemplo, na denúncia constitucional contra Castillo que a Procuradora Nacional, Patricia Benavidez, apresentou ao Congresso nesta segunda-feira, que o acusa dos crimes de rebelião e conspiração.

Isso também se refletiu nos debates parlamentares, que tiveram um de seus pontos culminantes no domingo, quando o deputado Pasión Dávila, do Peru Libre, deu um soco nas costas de Juan Burgos, do Avanza País, em sessão que precisou ser suspensa para evitar uma briga geral.

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Por outro lado, o estado de emergência continua nos departamentos de Apurimac, Arequipa e Ica, onde alguns dos maiores protestos foram realizados por cidadãos que desconhecem Boluarte e exigem a libertação de Castillo, a dissolução do Congresso e o avanço das eleições.

Becan Quispe Garfias, de 18 anos, e um adolescente de 15 morreram nas manifestações. Ambos foram baleados. Entretanto, esta segunda-feira o Ministério da Saúde confirmou mais dois óbitos, num total de quatro vítimas mortais. Além disso, a pasta detalhou que há oito pessoas internadas, enquanto são relatadas 30 altas médicas.

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Os protestos não diminuem. Eles se refletem na tomada de aeroportos locais, bloqueios de estradas, incêndios em delegacias e marchas de membros da comunidade que já anunciaram que chegarão a Lima esta semana para defender o ex-presidente.

Em resposta às mobilizações, o ministro da Defesa, Alberto Otárola, revelou a exoneração dos prefeitos nomeados por Castillo, a quem acusou de fomentar os protestos dos últimos dias.

Eleições antecipadas


Com o número de vítimas crescendo, Boluarte anunciou que apresentará uma iniciativa ao Congresso para que as eleições sejam realizadas em abril de 2024.

“Nos próximos dias vou apresentar um projeto de lei para antecipar eleições a ser acordado com as forças políticas representadas no Parlamento”, disse o novo presidente na madrugada desta segunda-feira.

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Na passada quarta-feira, ao assumir a Presidência, Boluarte assegurou que cumpriria o mandato para o qual fora eleito este Governo, ou seja, até julho de 2026.

Mas a pressão de um Peru em ebulição foi mais forte e não há condições para que ele permaneça no cargo, por isso o Congresso vai debater na próxima quarta-feira o avanço das eleições que permitirão ao país ter um novo presidente, o sétimo em apenas seis anos. .

O problema para Boluarte é que, tanto no Congresso quanto nas ruas, o clamor é para que as eleições sejam realizadas nos primeiros meses de 2023. Não parece haver margem política para esperar até 2024.

Enquanto isso, Castillo aguarda seu destino na prisão.

Alternativas
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, insistiu em oferecer asilo a Castillo, a quem considerava vítima de perseguição. Chegou a denunciar que o ocorrido no Peru foi um “golpe brando” da oposição de direita

“Desde que ganhou, legal e legitimamente, Pedro Castillo foi vítima de assédio, de confronto. Seus adversários, especialmente as elites econômicas e políticas daquele país, não aceitaram o fato de que ele governasse, entre outras coisas, e é isso mais sinto muito”, disse López Obrador na quinta-feira passada, quando anunciou que o ex-presidente peruano lhe disse que iria à Embaixada do México em Lima para pedir asilo. No entanto, ele foi detido antes de chegar à sede diplomática.

Por seu lado, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, mostrou a carta na qual o advogado de Castillo pediu formalmente asilo argumentando que o ex-presidente não cometeu nenhum crime e, pelo contrário, sofreu um clima de “extrema indefesa” e “perseguição”.

A intervenção do governo mexicano, que pretende emular com Castillo o refúgio que concedeu a Evo Morales em 2019 quando sofreu um golpe de Estado na Bolívia, é rejeitada pelos setores oposicionistas no Peru, com críticas pelo que é considerado intervencionismo indevido por parte de Lopez Obrador.

Por isso, o Itamaraty convocou o embaixador do México naquele país, Pablo Monroy, para manifestar seu “espanto” com as declarações do presidente mexicano.

Para Castillo, ir para o México é até agora a única chance de evitar um processo que pode terminar em duras penas.

Cumprirá na quarta-feira os sete dias de prisão preventiva que lhe foram decretados a 7 de dezembro, altura em que foi detido e acusado dos crimes de “rebelião” e “conspiração”, mas prevê-se que a detenção seja prorrogada desde No fim de semana, o Congresso retirou a jurisdição especial de que ele desfrutava, o que abre as portas para o avanço de um processo criminal.

Em sua defesa, foram disparadas versões polêmicas, como a de outro de seus advogados, Guillermo Olivera Díaz, que garantiu que o ex-presidente estava drogado com alguma substância e por isso leu involuntariamente a mensagem na qual declarava a dissolução do Congresso e o início de um governo de exceção.

“Deram-lhe de beber, uma alegada água e depois de beber a água sentiu-se tonto, todos viram que ele estava a ler trêmulo, estava um pouco tonto, enganam os instigadores”, disse o homem de túnica.

O deputado Guido Bellido, que foi um dos presidentes do Conselho de Ministros de Castillo, apoiou essa teoria e afirmou que quem “manipulou” o ex-presidente o fez sabendo que isso lhe custaria sua destituição.

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