A LIDERANÇA DE LULA NO DATAFOLHA: MEDO E ESPERANÇA NO BRASIL PÓS-GOLPE

Luã Reis – O instituto Datafolha realizou pesquisa sobre as intenções de votos para presidente entre os dias 29/01 e 30/01. A pesquisa, portanto, avaliava a influência de acontecimentos recentes envolvendo os dois líderes consolidados nas últimas pesquisas: Lula, primeiro colocado, foi condenado em segunda instância, em uma sentença polêmica, com elevado grau de politização por parte dos juízes; Bolsonaro, segundo nas intenções de voto, teve revelado o aumento exponencial do patrimônio, incompatível com o que ganha, nas décadas que perambula pelo congresso. Nem a condenação de Lula, nem o patrimônio de Bolsonaro influenciaram contundentemente a intenção dos eleitores.

Ambos estacionaram, oscilando dentro da margem de erro, o que diante das pressões que sofreram é uma vitória. Ainda maior para o ex-presidente, pois é atacado com muito mais frequência e virulência que o deputado. Perde ainda o ex militar carioca, pois acreditava que herdaria os votos do ex operário do ABC, caso se confirme o impedimento da candidatura do petista.

Os votos de Lula, nos cenários que seu nome é retirado, vão para Marina, Ciro e, em escala menor, para o global Huck. Cerca de 30% dos eleitores votam em quem Lula indicar com certeza, outros 20% avaliariam positivamente a indicação dele. Lula conduzirá para o segundo quem escolher.

No entanto, mais de 30% dos eleitores não votam em ninguém, caso não possam votar em Lula. Assim, legitima-se o discurso que “a eleição sem Lula é fraude”. Nas pesquisas realizadas pelo instituto, desde a redemocratização em 1989, nunca houve uma porcentagem tão grande de votos brancos e nulos. A possibilidade, nesse cenário, é que seja eleito um presidente com menos de 65% de aprovação, rejeitado pela ampla maioria do povo. Uma grave crise política anunciada decorrendo da ausência do nome preferido do eleitorado.

A credibilidade dos líderes das pesquisas não foi arranhada pelas ações do judiciário e da mídia. Pelo contrário, quem está frontalmente contra a vontade popular são juízes e jornalistas. As instituições estão postas em cheque pelo ataque ao petista. Mais ainda serão questionados caso ele não possa participar da eleição. Prender Lula pode ser mais arriscado do que parecia…

Quando Lula se elegeu em 2002, disse: “A esperança venceu o medo”. Tal fórmula deve se repetir de outra maneira: o povo, ainda que calado, perde o medo, a mídia e o judiciário, em ofensiva, perdem a esperança.

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