A BÉLGICA VENCE A INGLATERRA: O BREXIT CONTRA BRUXELAS
Luã Reis – A melancólica vitória belga contra os ingleses na disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo teve um duplo sentido: por um lado, fez justiça a boa campanha do time de Lukaku, Hazard e De Bruyne; pelo outro, simboliza uma das grandes disputas políticas do momento, o Reino Unido contra a União Europeia, no dramático divórcio do Brexit que se arrasta, em uma espécie de crise permanente.
Toda campanha vitoriosa pela saída do Reino Unido da UE girou em torno da ideia de “derrotar Bruxelas”, capital da Bélgica e da União Europeia, com uma burocracia autoritária e não-eleita. O Brexit referendado nas urnas aniquilou o governo conservador de Cameroon, que foi substituído pela ainda mais conservadora Theresa May. A Primeira-Ministra tem alta aprovação entre os fabricantes e comerciantes de armas, entre a população nem tanto, como mostraram as últimas eleições. O Brexit não é popular entre essas e outras grandes empresas, mas é popular com os eleitores. O governo tenta levar aos trancos e barrancos.
May se equilibra entre os dois lados e em casa passo dessa corda bamba se enfraquece. Recebe broncas e advertências de Merkel e Macron, e até aliados como Trump zombam da Primeira-Ministra. Encurralada, May percebe que, nesse ritmo, será derrotada pelo trabalhista da ala esquerda do Labour, Jeremy Corbyn. Só faltando saber de quanto será o placar.
A boa campanha da Inglaterra na Copa surpreendeu. Poucos esperavam que o English Team fosse tão longe, embora também avançou aos trancos como o Brexit, por vezes se arrastando como governo May. No entanto, sem se esforçar muito, o time de Bruxelas venceu o time inglês, pela segunda vez no mesmo torneio.
Nos últimos anos com a política à reboque do Estados Unidos, a importância da Inglaterra no cenário mundial esfarelou. Da mesma forma, os sucessivos fracassos britânicos em torneios internacionais reduziram o peso da seleção inglesa no cenário mundial. A campanha na Copa de 2018 tal qual o Brexit colocaram em evidência o país. Mas também, nem tanto assim. A Inglaterra serviu para testar a força de Bruxelas, nos jogos perdeu, resta saber qual será o resultado do confronto político.
