OS ATAQUES TERRORISTAS DOS EUA CONTRA A VENEZUELA DEVEM CESSAR

Por Gabriel Barata 

É preciso dizer com clareza: hoje, os EUA, além de um Estado imperialista, também são um Estado terrorista. Pode-se chamar de retórica ou qualquer outra coisa, mas os constantes discursos de Donald Trump e do alto-escalão do governo norte-americano são a prova de que a nova fase do decrépito império de Washington é terrorista. Qualquer declaração do governo dos Estados Unidos sobre a Venezuela tem um objetivo evidente. Gerar pânico e caos entre os cidadãos venezuelanos e a comunidade internacional. Porque a intervenção militar na Venezuela está longe de ter sido descartada.

      A intenção do governo americano é criar um sentimento nacional entre os venezuelanos de que é só tirar o chavismo que tudo vai melhorar. Exatamente como fizeram aqui no Brasil e com o PT (deu no que deu). Só que os planos de Washington para a mudança de regime na Venezuela são um pouco mais complexos. Desde os atos terroristas contra o sistema elétrico e a formação de milícias de mercenários, até a criação de uma rede de mentiras e de financiamento da oposição venezuelana.

    Na semana passada, Jorge Rodríguez, vice-presidente setorial de Comunicações, Cultura e Turismo, revelou em coletiva de imprensa sobre o grupo terrorista Cocoon 2.0. A organização terrorista foi descoberta depois que Roberto Marrero, braço-direito do cachorrinho de Washington Juán Guaidó, foi preso e teve seu celular apreendido. O grupo, além de desviar dinheiro da petroleira Citgo, subsidiária da PDVSA com sede no Texas (talvez seja só coincidência. Ou não.), planejava uma ação, com apoio dos EUA, para bloquear na Venezuela as transações com cartões de créditos Maestro, Mastercard e Visa. O objetivo era causar o caos na economia bolivariana. Claro, as transações com pagamentos feitos no mercado internacional estariam protegidas. O plano deveria afetar apenas a Venezuela e seus cidadãos, causando uma crise comercial sem precedentes.

       Os ataques contra o sistema elétrico do país também continuam, com a intenção de provocar um desabastecimento do fornecimento de água na Venezuela. Sim, o imperialismo quer matar os venezuelanos de sede. O presidente Nicolás Maduro disse no programa Con El Mazo Dando que o incêndio no pátio de transformadores da hidrelétrica de Guri começou por causa de disparos de um franco-atirador. Também circulam boatos na Venezuela de um grupo formado por 49 mercenários recrutados em El Salvador, Guatemala e Honduras para executar ações terroristas no sistema elétrico, no metrô e no teleférico de Caracas.

Como o próprio presidente Jair Bolsonaro disse em entrevista à Joven Pan, uma possível guerra na Venezuela vai se transformar em uma guerra de guerrilha. E Donald Trump sabe disso. Por isso ele homenageou o terrorista venezuelano Ócar Perez na Universidade da Florida, dizendo que ele “entregou sua vida pela liberdade do seu povo”. Sim, ele disse isso do bandido que sequestrou um helicóptero e atirou contra prédios públicos venezuelanos. É preciso estimular o surgimento uma oposição armada na Venezuela, já que o as Forças Nacionais Bolivarianas e os Coletivos continuam fiéis a Maduro. E os EUA trabalham para que isso aconteça.

        Como afirmou o encarregado norte-americano para a Venezuela, o sanguinário Eliott Abrams, a questão militar só pode ser aplicada se houver apoio do povo dos EUA, da América Latina e da Europa. Por isso, o próprio Abrams viajou para Portugal e Espanha e o secretário de Estado Mike Pompeo visitou Colômbia, Chile, Paraguai e Peru. Eles precisam pintar um quadro de caos total na Venezuela para justificar uma intervenção.

Os ataques contra a Venezuela também acontecem nos organismos internacionais. Os EUA orquestraram uma ação na OEA para reconhecer o indicado por Guaidó como representante venezuelano. A Venezuela imediatamente se retirou da organização acusando as práticas imperialistas.

          O Conselho de Segurança da ONU se reuniu, a pedido dos EUA, para discutir a situação na Venezuela pela terceira vez esse ano. O vice-presidente norte-americano Mike Pence revelou suas garras imperialistas e pediu a expulsão do representante venezuelano. Pence ainda indicou que o governo dos EUA deve declarar o governo Maduro e os Coletivos como organizações terroristas, além de pedir para que as Nações Unidas reconheçam Guaidó como presidente da Venezuela (mesmo que os próprios venezuelanos já tenham se cansado desse novo fantoche do império). Rússia e China, mais uma vez, se posicionaram contra as ações imperialistas.

          Nicolás Maduro também respondeu à altura: “Hoje ele (Pence) foi à ONU para declarar que sou Adolf Hitler e que o mundo deveria unir-se como se uniu contra Adolf Hitler. Acredito que Adolf Hitler está no outro lado. Os supremacistas, os fascistas, os racistas não estão governando na Venezuela, estão governando no Norte. (…) Um discurso cheio de mentiras, falsidade, manipulação, notícias falsas, malcheiroso, o discurso de Mike Pence fede, seu discurso sobre a Venezuela fede”.

      É pouco provável que haja uma guerra aberta entre duas ou três grandes potências na Venezuela. Os Estados Unidos sabem quanto custa uma guerra e Trump foi eleito com um discurso de que não iria repetir esses gastos. A Rússia também fez essas contas e sabe que o meio mais eficaz para derrubar o império norte-americano é através da economia, por isso aboliu o dólar das transações financeiras entre Moscou e Caracas (assim como já faz com países como Irã, China e Cazaquistão).

Como já dissemos aqui, a prisão de Guaidó será o próximo grande acontecimento da crise venezuelana. O golpista perdeu seus direitos políticos e é provável que ele seja preso por atentar contra ordem do Estado Bolivariano. Essa será a bomba midiática para tentar criar uma comoção global sobre a necessidade de mudança de regime na Venezuela. O Brasil já realiza grandes operações de treinamento com boa parte do efetivo da Força Aérea Brasileira (FAB). Aqui, já há relativo apoio para uma invasão a Venezuela, mas isso pode causar uma onda de revoltas sob a bandeira do Lula Livre e desestabilizar o governo Bolsonaro-Mourão.

Assim como foi na Ucrânia, na Líbia e em muitos outros exemplos, é provável que a comunidade internacional apoie uma intervenção militar estrangeira na Venezuela (ainda mais se os EUA forem apoiados pelos países sul-americanos). Mas os EUA nunca encontraram uma sociedade tão organizada para resistir. Na Venezuela há uma revolução. E é bom Washington se preparar para mais um fracasso militar. Porque a revolução não vai parar.

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