O ATAQUE ÀS UNIVERSIDADES PÚBLICAS E O FIM DA CIVILIZAÇÃO
Por Karl Grizman
Nesta semana, o governo Bolsonaro anunciou cortes de 30% em todas as instituições de ensino federais. À UFRJ foi anunciado um corte de, inacreditáveis, 46% de seu orçamento. Com o bloqueio do orçamento para as universidades se adequarem ao teto de gastos, várias instituições preveem faltar verba para água e luz e se queixam de movimento anticiência. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se manifestou: “Não há eficiência administrativa que supere um corte de tamanho monte, principalmente diante das sucessivas restrições orçamentárias dos últimos anos”. O renomado neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, considerado um dos vinte maiores cientistas em sua área, membro das Academias de Ciência brasileira, francesa e do Vaticano, afirmou: “Esse golpe é muito pior que o de 1964, pois carrega a semente da destruição”.
Com 13% da população desempregada, o trabalho informal só tende a crescer, como cresce também os casos de feminicídio, que aumentaram 76% no primeiro trimestre do ano, assim como as mortes pela polícia que bateram recorde. Sem um único projeto econômico, de saúde, social, ou qualquer outro projeto propositivo; Bolsonaro, e seus acéfalos, apresentam apenas propostas que envolvem vender alguma estatal, acabar com algum projeto social, proibir políticas de fomento à diversidade e de educação sexual ou retirar verba da saúde. A única exceção propositiva envolve liberar o porte de arma, apenas para “pagar” o lobby das multinacionais do mercado de armas.
Vemos agora que o Golpe de 2016 é muito mais perigoso do que o Golpe Militar de 1964, porque seus objetivos envolvem a destruição da civilização brasileira, arremessando-a aos costumes da Idade Média e ao liberalismo “ortodoxo” pré crise de 1929. Pretendem apenas acelerar a desconstrução dos avanços econômicos e sociais do governo PT, atrasando ao máximo seu desenvolvimento econômico, bem como sua futura recuperação (quando houver um amadurecimento da consciência de classe). Não por coincidência, a “PEC da Morte”, aprovada com tanta pressa nos primeiros meses do governo golpista de Michel Temer, tem como objetivo parar o desenvolvimento do Brasil. O imperialismo não podia mais aceitar a taxa de crescimento e o nível de soberania nacional que o país alcançava, fortalecendo políticas do sul global e impulsionando o BRICS, que acelerava a inevitável crise do capitalismo, que o crescimento do fascismo revela.
O mundo desperta para a ameaça real que representa apoiar este governo. O prefeito de Nova York comemorou a desistência da visita de Bolsonaro após sua ferrenha campanha contra ele no twitter, com a hashtag #BoycottBolsonaro. Após a desistência, comemorou: “Ele fugiu. Já vai tarde”, escreveu Bill de Blasio. Vivemos o auge de uma luta de classes e o seu fim não será numa reconciliação. Apenas a organização popular pode barrar o avanço do imperialismo e pôr fim nesse governo, impedindo assim a destruição da previdência social, do SUS, da assistência social e do ensino público, o que, certamente, acarretaria no fim do processo civilizatório no Brasil.