GUERRA COMERCIAL, CHINA E HUAWEI (OU O IMPÉRIO NORTE-AMERICANO DERROTADO PELO SOCIALISMO)
Por Gabriel Barata
Não há mais dúvidas, a China já derrotou o império dos Estados Unidos. O país socialista de Mao Tsé-Tung, Deng Xiaoping e Xi Jinping ainda não ultrapassou os EUA como a maior economia do mundo (embora isso seja questão de tempo), mas as ações desesperadas do governo Trump em relação a Huawei são a prova de que até mesmo dentro do império sabem que o fim está próximo.
Nos últimos dias os Estados Unidos decidiram elevar as tarifas de importação de 5 mil produtos chineses. Pequim reagiu e aumentou a taxa de 2.500 produtos americanos. Mas o movimento mais ousado de Washington foi colocar a empresa chinesa Huawei em uma lista negra do Departamento de Comércio, o que basicamente proíbe empresas americanas de negociarem com a gigante chinesa. Na última segunda-feira (20) veio a primeira ferida provocada pelo golpe dos EUA, o Google cortou o serviço de suporte para Hardware e Software do Android para a Huawei. Ou seja, nenhum novo smartphone produzido pela empresa chinesa vai contar com alguns dos aplicativos mais utilizados no mundo.
A China tinha duas opções: recuar na guerra comercial ou mostrar ao governo Trump que não seria intimidada. Obviamente, Xi Jinping escolheu a segunda opção. No mesmo dia em que o Google anunciou o corte nos serviços à Huawei, Xi Jinping foi a província de Jiangxi para visitar uma fábrica de minerais de terra rara, elementos fundamentais para produção de carros elétricos, turbinas, mísseis e até refino de petróleo, e que a China domina cerca de 80% da exportação mundial e tem 30% de todas as reservas do planeta.
Para se ter ideia da importância dos minerais de terra rara para os americanos, no decreto que elevou as taxas de importação de produtos chineses, o governo Trump deixou claro que os minerais de terra rara refinados que a China exporta não estavam incluídos. Washington sabe que apesar de países como Myanmar, Vietnã, Austrália e os próprios EUA estarem começando a refinar minerais de terra rara, uma mudança real na indústria levaria anos. Tempo suficiente para a China superar os Estados Unidos e para desmantelar as indústrias de guerra e de petróleo norte-americanas.
Mas os chineses têm outras cartas na manga. A China socialista está à beira de uma revolução científica que vai impactar todo o mundo. A terra de Mao Tsé-Tung graças às zonas econômicas especiais (ZEEs), como o polo industrial e tecnológico de Shenzhen, e ao grande investimento do Partido Comunista Chinês, lidera em larga escala o registro de patentes de alta tecnologia em todo o planeta. O novo ataque a Huawei demonstra apenas que os EUA perceberam que não tem como competir com os 185 mil cientistas e engenheiros da gigante chinesa. É bom lembrar que a filha do presidente da Huawei foi presa no Canadá acusada de fraude e violação das sanções dos EUA ao Irã (sim, um governo estrangeiro prendeu uma cidadã chinesa por, supostamente, desafiar uma política norte-americana) e está em liberdade condicional depois de pagar fiança de U$ 7,5 milhões.
Também não foram poucos os ataques norte-americanos a um suposto uso dos aparelhos da Huawei para espionagem do governo chinês. Anos depois das revelações de Edward Snowden sobre as relações do Google e da Microsoft com a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, isso ainda soa cômico. Mas o grande problema da Huawei para os imperialistas não é nenhum desses. É que desde a decisão do Partido Comunista Chinês na década de 90 de alto investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a China, mais uma vez, cumpre a sua meta revolucionária de se tornar a maior potência mundial e, finalmente, derrubar o império americano. E a Huawei é o grande exemplo da vitória chinesa. A empresa é a líder mundial em produtos com a tecnologia 5G, algo que vai tornar grande parte dos dispositivos usados atualmente obsoletos. É a Huawei que tem a capacidade de exportar essa tecnologia para o mundo e superar de vez as rivais dos países capitalistas como Samsung e Apple (na verdade, a Huawei já é a segunda maior empresa do mundo em produção de smartphones e deve superar a Samsung em poucos anos).
A vitória de Pequim é inevitável. Na China, já começa um movimento entre os cidadãos de boicote aos produtos da Apple e dos EUA e para que, cada vez mais, os chineses usem produtos fabricados no país. A explícita ação imperialista de Washington deixa ainda mais claro que os EUA quer que todos os países, dos mais fracos aos mais poderosos, se curvem aos seus interesses.
Enquanto isso, a China segue firme em seu projeto de desenvolvimento da revolução socialista. Uma revolução que começou com a vitoriosa Guerra Popular sob a bandeira de Mao Tsé-Tung e que permitiu que a China chegasse ao século XXI como a grande potência que, sozinha, é responsável por 78% da redução da pobreza mundial e que planeja tirar 43 milhões de pessoas da pobreza até o ano que vem. Uma China que não muda sua política a cada crise cíclica do capitalismo, mas que planifica sua economia por décadas inteiras. E que, por mais que faça permissões às propriedades privadas, tem um Partido Comunista forte e dirigente e com ampla participação popular. A China socialista venceu. E dá razão a Trump, Bolsonaro, Orban, Salvini e cia. A China é um bom motivo para eles terem tanto medo do socialismo.