A COBIÇA DA AMAZÔNIA PELO IMPERIALISMO – COLONIALISMO E NEO-COLONIALISMO OCIDENTAL.

Por Álvaro Mattos

Com o estabelecimento do sistema capitalista mundial no século XIX nos países hoje centrais, sob o controle dos estados europeus e posteriormente integrado pelos norte-americanos, controlados por suas burguesias nacionais, deu-se início à sua expansão e consolidação nos continentes asiático, africano e sul americano.

Nesta época, diversas eram as empreitadas de controle, dominação e exploração de territórios nestes continentes, capitaneadas por iniciativas privadas com auxílio e incentivo de seus estados sede.

Tal forma de colonialismo, já experimentado na Ásia e África foi tentado no continente sul americano, por meio da denominada “Concessão Aramayo”, mais precisamente na Bolívia no atual estado do Acre, que ainda não havia sido anexado pelo Brasil.

Por volta de 1860, houve importante valorização da borracha, consequência do aquecimento da indústria automobilística nos USA, o que gerou uma forte imigração para a região do Acre, sobretudo de brasileiros com intuito de explorar o látex das seringueiras. Com sua economia voltada para a exploração da borracha, embora pertencente à Bolívia, o território gerava mais divisas em impostos para o Estado brasileiro do que para o boliviano. 

O governo boliviano, com o objetivo de frear o assédio brasileiro na região e obter mais divisas, acordou com os  USA e Inglaterra, por meio da “Concessão Aramayo” a formação de um consórcio chamado “Bolivian Syndicate off New Jersey” a quem a Bolívia cedia a completa administração do território, o que incluía poder de polícia. Tal consórcio era de fato uma sociedade privada nos moldes das que foram formadas para exploração de territórios asiáticos e africanos no período denominado neo-colonialismo, o que gerou grande preocupação no governo brasileiro e justificou o dispêndio de esforços e recursos para resolver a questão, afastando o consórcio anglo-saxão e por conseguinte, o perigo do neocolonialismo em solo sul americano.

O Barão do Rio Branco, considerado herói nacional, foi alçado a ministro das Relações Exteriores justamente para tratar da questão do Acre, que foi considerada a mais grave questão fronteiriça da história do Brasil. A estratégia possuía duas frentes: por um lado empreendeu negociações diretas com a Bolívia e por outro, enviou um emissário à Washington para negociar com americanos a dissolução do consórcio anglo-americano.

Acertou-se com americanos e ingleses o pagamento de uma indenização pela dissolução do consórcio e uma vez eliminada a presença das duas potências imperialistas, o Brasil pôde então, negociar diretamente com a Bolívia a anexação do Acre (após o envio de 8 mil soldados para a região), face à iminência de um conflito armado que ocorreria entre tropas bolivianas e revoltosos brasileiros. Em posição vantajosa para negociar após a eliminação do “Bolivian Syndicate” e após ter ocupado militarmente a região, Brasil e Bolívia acordaram um pagamento de uma indenização e a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, além da cessão pelo Brasil, de territórios na fronteira do Mato Grosso.

Eliminou-se assim, momentaneamente, a presença de estados estrangeiros através de suas empresas privadas em território sul americano, sem no entanto eliminar a cobiça pela Amazônia e o imperialismo em todo o território sul americano, especialmente na Bolívia e no Brasil, como se verifica atualmente.

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