EUA lança ofensiva diplomática global contra 5G e China reage

 Imperialismo dos EUA quer freiar China
Imperialismo dos EUA quer freiar China

Por Matheus Mendes

Durante toda a semana os EUA estiveram numa ofensiva diplomática global contra o salto tecnológico chinês do 5G. A intenção é proteger os conglomerados tecnológicos estadunidenses de comunicação que estão prestes a restarem tecnologicamente obsoletos.

A China já anunciou ao mundo sua intenção de fazer cooperações e parcerias tecnológicas entre a Huawei e os países que quiserem fazer uso do 5G, representando uma janela de oportunidades ímpares a todos os países que quiserem obter a inovadora tecnologia.

O 5G representa um salto qualitativo nas comunicações e na internet, e seguramente deixarão os EUA para trás. Temendo isso, Trump orientou seus diplomatas a pressionarem os países que possuem ampla influência para bloquear completamente qualquer negociação com a Huawei ou qualquer passo para adotar o 5G.

Submissão de Bolsonaro

O Brasil correu para ser um dos primeiros lacaios dos EUA a perderem a chance histórica de sair na frente da corrida tecnológica do 5G. Apesar de possuir um setor de comunicações dinâmico e com potencial de expansão, orientado pelo complexo de vira-latas e submissão da política externa olavista de Bolsonaro, o Brasil adiou o leilão e as tratativas sobre o 5G. De fato, Bolsonaro já até redesenhou institucionalmente a administração pública, recriando o Ministério das Comunicações apenas para atender os interesses do patrão Trump e seu representante comercial no país, o embaixador Todd Chapman.

A China criticou duramente a pressão e as ameaças feita pelo embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, que ameaçou o Brasil caso o país escolha a Huawei para desenvolver sua rede 5G. Segundo Pequim, a declaração de Chapman é exemplo de como EUA coage “abertamente outros países a obedecer à vontade dos Estados Unidos”. 

Lula critica subserviência de Bolsonaro

O imperialismo estadunidense também pressionou outros aliados, inclusive potências imperialistas relevantes no cenário geopolítico, a exemplo da Grã-Bretanha. Sob o pretexto de proteger a segurança nacional, a administração Boris Johnson anunciou o fim das tratativas entre o governo e a Huawei.

Contra o banimento da Huawei, o embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, protestou e teceu duras críticas ao país, reforçando que tal medida significaria um retrocesso nas relações bilaterais entre os países, implicando em grandes perdas econômicas para os britânicos.

Leia o pronunciamento do Embaixador Liu Xiaoming na conferência de imprensa aqui

A ofensiva diplomática do governo Trump é global. Japão e Austrália também adotaram medidas para restringir ou bloquear a participação da Huawei em suas redes de 5G. Em reação, a China coordenou esforços diplomáticos para se defender.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, declarou que os EUA se opõem ao uso de produtos da Huawei porque são contrários ao crescimento das empresas chinesas e não por razões de segurança nacional, como alegado, mas como forma de retardar seu declínio econômico como potência hegemônica mundial.

“Quando as empresas de outros países alcançarem uma vantagem principal, os políticos dos EUA inventarão desculpas para usar o poder nacional para conduzir uma opressão inescrupulosa”, afirmou Wang nesta quinta-feira (30). 

Pressão nos cientistas chineses residente nos EUA

Tudo isso ocorre em ato contínuo à ação diplomática repressiva e ilegal da semana passada de perseguir cientistas chineses que trabalham nos EUA. Na última quinta (23), governo de Trump acusou o consulado chinês em São Francisco de esconder um cientista supostamente investigado por fraudes em seu visto para entrar no país. A China afirmou que trata-se de um pretexto para o imperialismo assediar os acadêmicos chineses que estão nos EUA.

O 247 reportou que Trump deu prazo de 72 horas para que o consulado chinês em Houston fosse fechado e que os funcionários deixem o prédio até o final de semana. A medida foi tomada um dia depois que o Departamento de Justiça acusou dois cidadãos chineses de trabalhar para seu governo, roubando propriedade intelectual de empresas ocidentais em 11 países, incluindo dados sobre o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. 

Bolton disse que a ordem é justificada, após suspeitas de espionagem. A China, entretanto, disse que irá reagir. Se a Casa Branca não “reverter essa decisão errônea”, Pequim “reagirá com contramedidas firmes”, alertou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

“O fechamento unilateral do consulado geral da China em Houston dentro de um curto período de tempo é uma escalada sem precedentes de suas ações recentes contra a China”, disse.

“Instamos os EUA a revogar imediatamente essa decisão errônea. Se insistir em seguir esse caminho errado, a China reagirá com contramedidas firmes”, completou Wenbin.

As tensões entre os dois países aumentaram nos últimos meses após a aprovação pela China de uma Lei de Segurança Nacional contra as manifestações, apoiadas pelos EUA, em Hong Kong. Mas agora está claro que o interesse não era apenas pressionar a China por Hong Kong, mas sobretudo por motivos exclusivamente comerciais de proteção de monopólio tecnológico.

A Huawei, empresa em parte controlada e de propriedade dos seus trabalhadores, segue uma linha orientada politicamente de cooperação tecnológica. O gigante de tecnologia é responsável por fomentar toda uma cadeia de produção industrial que será base do capitalismo 4.0 do futuro. O futuro, no entanto, é agora. Mas o imperialismo dos EUA fará de tudo para arrastar seus satélites, como o Brasil, para o passado da dependência colonial.

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