A fantasiosa luta da esquerda contra o “Fascismo”

O que significa libertar o país do “Fascismo”? Ou, a “Guerra às Drogas”, a “Guerra contra o Terrorismo” ou a “Luta contra a Corrupção”?

A expressão do fascismo na sociedade é o resultado de um sistema de produção que não reconhece nenhum obstáculo que o impeça de conservar o habitat que a acumulação constante de capital necessita. Nada aos homens, tudo ao capital. O fascismo não é a causa dos problemas de uma nação, ele é um sintoma, um resultado da maneira como temos nos organizado. Dado que nos organizamos como produzimos. “Quem não quer falar de colonialismo deve-se calar também sobre fascismo e capitalismo”, como afirmou Losurdo em sua Contra-História do Liberalismo

Por séculos, a burguesia tem se esforçado para controlar o nível do amadurecimento da consciência da classe trabalhadora, apropriando-se das narrativas da esquerda por meio do monopólio dos meios de comunicação. A classe burguesa busca assim monopolizar as ferramentas políticas e as palavras de ordem da classe trabalhadora, fornecendo falsas ideias, armadilhas, que servem apenas para dividir o proletariado, as quais Marx denunciou ao longo de suas obras.

Não aprendemos nada com a Lava Jato?

O “Fascismo” em 2022 será o fator “Corrupção” das eleições de 2018. Liderado pelo marreco de Curitiba, a direita conduziu a esquerda, como um bando de patos, através da fantasiosa luta “contra a corrupção”, até seu objetivo principal: a prisão do ex-presidente Lula, o que, por sua vez, garantiu, com o mínimo de aparência democrática, a efetivação do Golpe de Estado de 2016 e a eleição do Governo Bolsonaro, em 2018.

O “Fascismo” denunciado por todos é a ideia do momento. No meio acadêmico, todo dia tem uma live organizada por algum programa de pós graduação do país sobre “a necessidade de se lutar contra o ‘fascismo'”, no entanto, ninguém comenta a necessidade de se acabar com o Liberalismo. E assim, quanto mais tratamos as questões sociais de forma abstrata, mais nos distanciamos das verdadeiras causas dos problemas.

O que fazer?

Aqui, o “Fascismo” não caiu do céu. Ele é um sintoma aparente na classe trabalhadora, da violência latente sofrida pelo Golpe de Estado de 2016, pensado, planificado e orquestrado pela burguesia nacional, apoiada pelo imperialismo internacional, que assistiu por mais de uma década seus privilégios diminuírem durante o governo do PT.

Do mesmo modo, como não podemos nos curar de uma doença mascarando seus sintomas, não podemos acabar com o fascismo sem modificar o sistema de produção que o gera. Portanto, enquanto setores da esquerda tratarem o fascismo de maneira abstrata e fantasiosa seremos, naturalmente, conduzidos pela narrativa burguesa. Por quê? Porque se não quisermos modificar o sistema, seremos, obviamente, conduzidos por aqueles que o detém.

A palavra de ordem “Todos Contra o Fascismo” que, em um primeiro momento, soa bastante razoável, não trata da raiz da questão, na verdade, funciona como um véu que nos impede de modificar realmente a situação. Está no mesmo gênero do “Anti-Comunismo” do séc. XX, da “Guerra às Drogas”, da “Luta contra a Corrupção” etc. Ou seja, ao tratar a questão de maneira abstrata, pretende mascarar objetivos finais por meio de objetivos parciais. Enquanto achávamos que a Lava-Jato queria indefinidamente “acabar com a corrupção”, agora, com as mensagens apreendidas pela Operação Spooting, liberadas pelo juiz do Lewandowski, fica claro que o objetivo final da operação era simplesmente prender o Lula.

O fascismo não é um acidente no sistema capitalista, ele é uma exigência. A violência contemporânea resultante da especialização da criminalização da classe trabalhadora, em diversos níveis na sociedade, seja nas questões de gênero ou de raça, resultam das estratégias da burguesia para garantir a estabilização das melhores condições de vida do capital. Estes métodos são resultados da, digamos, “secularização” da economia colonialista. Quer dizer:

O capitalismo por natureza exige a submissão de uma parte da sociedade à outra. Portanto, apenas as palavras de ordem que passem pelo “Fim do Capitalismo e Liberalismo” podem propor realmente a resolução das raízes das contradições sociais e, consequentemente, do fascismo.

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