A VIOLÊNCIA DA MONARQUIA SAUDITA, A AGENDA DO PRÍNCIPE E A DOS DIREITOS HUMANOS

Luã Reis – A conturbada transição saudita foi resolvida através de um violento golpe de estado palaciano. Como em outros movimentos políticos semelhantes do nosso tempo, o golpe foi chamado de “campanha anticorrupção”. O príncipe Mohammed Bin Salman foi coroado prometendo modernizar o país. Agora revelações desse processo vem à tona nos principais jornais do mundo: houve uso indiscriminado de tortura, com um general de uma linhagem rival sendo estuprado até a morte. Se esse é o tratamento dado a príncipes e generais considerados inimigos, o que não acontece com os presos políticos e os grupos perseguidos, como os xiitas e as mulheres, pela monarquia absolutista?

Os organismo internacionais e autoridades ocidentais sempre prontas a apontar violações dos direitos humanos em Cuba e na Venezuela, falarão algo? Haverá um conjunto de sanções como contra a Coréia do Norte? Uma das alegações do ocidente para a guerra contra a Síria é o uso de tortura contra o povo, esses países farão algo? Se olharmos para agenda do príncipe podemos ter uma resposta.

Essa semana, em um encontro real, Bin Salman foi recebido pela Rainha da Inglaterra. Depois, menos cerimonial, encontrou a cúpula do poder britânico incluindo os maiores fabricantes de armas do Reino e a própria primeira-ministra, Theresa May. No encontro, foi acordado a venda de 48 jatos britânicos, do tipo Thypoon, em um negócio milionário que deve ser acompanhado da venda de mais armas. A expectativa dos sauditas é poderem usar as armas na guerra contra o povo do Iêmen, o mais pobre entre os países árabes. De Londres, o príncipe seguirá para Washigton, onde será recebido com igual entusiasmo pelos líderes dos Estados Unidos, com os quais tem estreita aliança.

Não se trata de um “fechar de olhos”: os crimes cometidos pela monarquia absolutista são recompensados pelo ocidente pois são para garantir um aliado na região. Outras nações sofreram, e sofrem, ataques atrozes por falta de democracia, violações de direitos humanos ou incremento bélico, dificilmente tão evidentes quanto os praticados pelos sauditas. A agenda internacional de Mohammed Bin Salman mostra que certa agenda de Direitos Humanos é mais do que uma tremenda hipocrisia, é mais uma arma para a violência imperialista, seja a de um torturador ou uma bomba no Iêmen.

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