“O NAZISMO É DE ESQUERDA”: HITLER REALIZOU UM BANHO DE SANGUE, MAS FALTOU UMA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Por Luã Reis

Quando o bolsonarismo diz o “nazismo é de esquerda”, pode-se ler que o nazismo não foi suficientemente de direita. Mas o que os bolsonaristas teriam contra o nazismo?

A doutrina de Bolsonaro/Olavo combina com a de Adolf Hitler na defesa do nacionalismo, no anticomunismo, na luta contra o “marxismo cultural”, na xenofobia, na repressão aos movimentos populares, na censura, no ódio à diferença, na violência estatal, no militarismo, etc. Afinal, o governo comemorou o golpe de 1964 que pôs em prática boa parte desse plano de ação. Então a crítica ao regime nazista tem outra natureza, que, logo, não passa pelas características políticas que a maioria dos seres humanos abomina.

“É a economia, estúpido!”

Os bolsonaristas/olavetes recusam o ‘totalitarismo” e o “coletivismo” nazistas que seriam manifestados pela interferência do Estado alemão na economia, como é possível ler em texto obscurantista no blog do ministro das relações exteriores, o 4chanceler Ernesto. Esse “coletivismo” seria a organização do trabalho e os investimentos estatais na economia, que seriam “antiliberais”.

Na década de 1930 o mundo vivia a Grande Depressão, responsabilidade direta das inconsequentes políticas liberais. Ainda assim, os nazistas não se afastaram das diretrizes liberais. Privatizaram em larga escala. Entre as empresas entregues à iniciativa privada estava a maior empresa pública do mundo, a Deutsche Reichsbahn, responsável pelas ferrovias. “Reprivatisierung”, palavra inventada pelo regime nazista que significa “reprivatização”: em decorrência da Depressão, o governo alemão tinha adquirido o controle de siderurgias, mineradoras e bancos, aos quais os nazistas devolveram aos empresários. O sonho de Paulo Guedes.

Por outro lado, a organização nazista do trabalho “coletivista” se baseou no esmagamento do movimento sindical. Hitler superou Mussolini nesse quesito: a completa aniquilação dos sindicatos alemãs. O folk sindicalista americano Woody Guthrie cantou: “Hitler told the world around he would tear our union down”. Um sonho empresarial, que Bolso delegou a Sérgio Moro realizar por aqui.

Os liberais da época como, Friderich Hayek e Von Mises, saudaram os regimes fascistas de maneira apaixonada, por conta da oposição que fazia aos movimentos socialistas e comunistas. Mises escreveu que os movimentos como o fascismo “salvaram a civilização europeia”. Esses teóricos são a base do atual movimento liberal no Brasil, como MBL e seus satélites.

Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão. Mesmo assim, não foi o bastante para entrar no atual grupo da direita liberal. De maneira ingrata, renegam o nazismo pois ele não privatizou suficientemente, não fez uma reforma da previdência, manteve um salário mínimo ou férias.

Enfim, não está na pauta do bolsonarismo discutir se as ditaduras militares na América do Sul foram de direita. Elas entregaram o que um liberal espera: a economia nacional para o capital privado. O extermínio de todas as liberdades é um preço a se pagar na luta contra a esquerda, como demonstrou tão bem a carinhosa relação entre o expoente liberal Milton Friedman, funcionário de Ronald Reagan, e Augusto Pinochet.

Aos risos, funcionários do governo Bolsonaro declaravam ter no sanguinário ditador chileno uma referência, pois Pinochet realizou um “banho de sangue” para conseguir aprovar as reformas liberais da economia do Chile. Fosse mais articulado, o olavista em chefe talvez conseguiria concluir o raciocínio da seguinte forma: “O nazismo é de esquerda, por que Hitler não realizou a reforma da previdência que vamos fazer”. 

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