Nova onda de protestos na Indonésia

Via Redfish

Estamos assistindo nesta última semana, os estudantes e trabalhadores indonésios se levantando contra o neoliberalismo e a violência policial, abaixo você tem um resumo da última revolta em massa ocorrida no quarto país mais populoso do mundo: aquela que derrubou o ditador de direita Suharto apoiado pelos EUA em 1998.

Em 1965, o general Suharto, apoiado pela CIA, chegou ao poder e supervisionou o genocídio político de até 2 milhões de comunistas, sindicalistas e outros esquerdistas indonésios, a prisão de mais um milhão, a proibição do marxismo e a destruição do maior movimento comunista fora da União Soviética e da China.

Temendo uma revolução comunista, os EUA, o Reino Unido e a Austrália apoiaram Suharto para afastar o nacionalista de esquerda Sukarno e estabelecer uma ditadura militar repressiva de 33 anos sobre os cadáveres de comunistas executados.

O regime de Suharto liderou uma contra-revolução patrocinada pelo Ocidente, pondo fim efetivamente à “ameaça” da democracia ao demolir os veículos políticos de massa dos pobres, disciplinando os trabalhadores de volta a seus papéis submissos de servir ao capital e abrindo as riquezas do país aos estrangeiros investidores.

A contra-revolução teve tanto sucesso que se tornou um modelo de terror anticomunista que seria exportado para o exterior, com o slogan “Jakarta está chegando” surgindo em países como Brasil e Chile.
Em 1998, após décadas de crescente descontentamento com o aumento da desigualdade, corrupção e outras queixas, uma crise financeira destruiu a economia, desencadeando greves, motins e manifestações em todo o arquipélago de 13.000 ilhas.

Em 12 de maio, foi acesa a faísca que acendeu Jacarta, quando 6 estudantes manifestantes na Universidade de Trisakti foram mortos a tiros pelas forças de segurança, levando a uma escalada. Protestos e motins tomariam conta da capital, à medida que os pobres urbanos e a classe trabalhadora se juntassem à luta. Após 10 dias, Suharto foi derrubado.

Uma situação revolucionária se abriu, mas as forças de moderação e reforma travaram o movimento revolucionário cuja tradição e estrutura organizacional foram decapitadas na década de 1960 e estavam apenas começando a ser reconstruídas.

Embora a revolta de 1998 tenha iniciado um novo capítulo na história do país, Suharto nunca foi levado à justiça e muitos de seus comparsas permaneceram no poder com muitas das estruturas ainda intactas contra as quais os manifestantes de hoje estão se rebelando.

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