O BUSINESS BRITÂNICO: COMO THERESA MAY LUCRA DIRETAMENTE COM A GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Luã Reis – Philip May, marido da primeira-ministra britânica, Theresa May, trabalha para o Capital Group, conglomerado que controla a empresa BAE System, a responsável pela fabricação das aeronaves e bombas que atacaram a Síria. As ações da empresa tiveram uma disparada nas bolsas após o bombardeio, resultando em lucros diretos para os CEO’s, como Philip May. O Reino Unido atacou a Síria com oito mísseis “sombra-tempestade”, cada um no valor de 1.13 milhões de dólares, totalizado 9 milhões de dólares. Essas bombas são fabricadas pela empresa que emprega Phillip. O mesmo Capital Group também tem grande parte da Lockheed Martin, empresa militar americana, especializada em logística de ataques, que também atuou e se valorizou após o bombardeio a Damasco.

Foi a segunda vez que a família May e o Capital a que servem tiveram enorme lucro recentemente. Poucas semanas atrás, o príncipe coroado saudita, Mohammed Bin Salman, visitou Londres e saiu com 48 jatos produzidos pela BAE System. O negócio bilionário rendeu enormes quantias a empresa e aos Mays a custas do povo iemenita, que será ainda mais massacrado na guerra sanguinário que Bin Salman leva a cabo contra o mais pobre entre os países árabes. 

Em 2007, investigações do The Guardian apontaram que a BAE System pagou, secreta e ilegalmente, mais de 1 bilhão de libras aos embaixadores sauditas para ter privilégios na venda de armas ao Reino Saudita, em um esquema que se iniciou em 1986, durante o governo de Margaret Thatcher. Em meio a guerra do Iraque, Tony Blair preferiu abafar o caso, já que envolvia uma empresa que atuava com vigor na destruição de Bagdá. Assim o suborno e lavagem de dinheiros que envolvia os sauditas com a administração conservadora de Thatcher foi devidamente contornada pelo trabalhista Blair. 

Ano passado, o Capital Group e Philp May apareceram em outro escândalo, também já esquecido, o Panama Papers. Philp utilizava uma empresa nas Ilhas Cayman para lavar o dinheiro do lucro, secreto e ilegal, com a venda de armas aos piores assassinos do planeta. Em meio ao Brexit, mais esse caso foi abafado.

As informações sobre as empresas estão disponíveis nas páginas delas; sobre a participação nos ataques estão nos jornais entusiastas do ataque; e, sobre a corrupção nesses negócios, discreta na mídia corporativa, com maior destaque em mídias alternativas. No entanto, não deve ser novidade para ninguém, afinal lucrar com guerras, especialmente em países pobres, é uma tradição imperial britânica de longa data. Remete ao tempo da supremacia do Império da qual os conservadores são tão saudosos. A diferença é que agora o próprio marido da primeira-ministra é beneficiário direto das armas da guerra, trabalhando para uma empresa que leva no nome a quem servem de maneira geral, o grupo capital. Uma indiscrição nada britânica.

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