A FANTASMA E O ESPESCTRO: THERESA MAY E JEREMY CORBYN EM UM IMPÉRIO EM CRISE

Luã Reis – Crise na city imperial: nessa semana o parlamento britânico rejeitará o acordo para a saída da União Europeia. A crise política se aprofundará, levando a ruína a liderança de Theresa May. Nas próximas semanas, uma nova eleição estará na pauta. A oposição trabalhista é franca favorita para levar o próximo pleito. Jeremy Corbyn, o líder do Partido Trabalhista, é contra a austeridade, militante histórico pela paz, contra as invasões imperialistas, é pró-Palestina e pró-Hezbollah, promete nacionalizar as ferrovias e estaleiros. Em 1969, Corbyn participou de passeatas contra a ditadura militar em São Paulo. A possibilidade de uma vitória de Corbyn gera pavor na imprensa e no partido conservador, que, em coro, chegam a pedir a prisão do trabalhista.

Theresa May está entre um fantasma e um zumbi, vagando pelo Reino Unido. Os deputados do Partido Conservador não podem a seguir, com risco de serem aniquilados eleitoralmente. Ao mesmo tempo, a Primeira-Ministra não tem margem de manobra para mudanças no acordo ou protelar a aplicação. Quem se aproxima da capenga política, corre o risco de assombrar a população.

Corbyn, por sua vez, assume o papel daquele espectro que ronda a Europa. Cada vez mais forte dentro no partido, se credita para tomar o governo e desafiar o poder. Não se deve destacar uma reação violenta, envolvendo um complexo industrial-militar, as Forças Armadas e a monarquia. Um funeral, um casamento, uma coroação podem ser lançados para reforçar o conservadorismo, tentando salvar o que resta da ordem liberal estabelecida pela União Europeia. Das ilhas britânicas se vê o bloco europeu esfarelar.

Na Europa continental, a Democracia Cristã enfrenta a crise para substituir Merkel, pressionada pelo crescimento da extrema-direita. Pelo outro lado, a burocracia Social-Democracia é desafiada pela ala esquerda do partido. Macron, por sua vez, se encastela no Palácio do Eliseu: para os Coletes Amarelo, é a bastilha a ser derrubada. Aquele que deveria ser a renovação da liderança do bloco europeu está emparedado pelo povo, já ameaça reorientar a política econômica pró-banqueiros.

No outro lado do Atlântico Norte, no centro imperial principal, a crise política se avoluma. A retirada das tropas da Síria demonstra a fissura: Trump é desautorizado pelos subalternos que representam interesses mais orgânicos da elite, funcionários da guerra mais dedicados e experientes, daqueles que não sabem o que é “retirar tropas” ou “encerrar guerras”.

Londres, Berlim, Paris, Washington: as capitais imperiais pegam fogo em crises que fogem ao controle. A Babilônia mundial queima. A velha ordem mundial está morrendo, no entanto o novo ainda não pode nascer. Ânimo mas vigilância, senão tomarmos cuidado será um tempo da monstruosidades. Mais perigoso para as colônias do que para o Império.  

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